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Arte e espiritualidade

O Batismo de Jesus nos mosaicos de Ravena

O Natal celebrou Jesus como “Filho de David” e Messias, ou seja, ungido de Deus Pai. Na Epifania (Dia de Reis), os magos adoram o “Rei dos Judeus”. A festa do Batismo do Senhor, assinalada no domingo, celebra Cristo como “Filho bem amado” de Deus, ponto de partida daquela que será a sua missão de servo, segundo a longa tradição herdada das profecias atribuídas a Isaías.

O batismo de Jesus é uma epifania, uma manifestação de Deus. No rito bizantino é mesmo este episódio unicamente celebrado na festa da Epifania, ao passo que nesse dia o rito romano centra a atenção nos magos.

Após o Concílio Vaticano II (1962-1965) a liturgia romana fez desta festa a conclusão do Tempo de Natal, um pouco como o Pentecostes encerra o Tempo Pascal.

«Estando o povo na expectativa e pensando intimamente se ele não seria o Messias, João disse a todos: «Eu batizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo.

FotoEsta imagem (e seguintes): Batistério Ortodoxo, Ravena, Itália

Todo o povo tinha sido batizado; tendo Jesus sido batizado também, e estando em oração, o Céu rasgou-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus todo o meu agrado.» (Lucas 3, 15-16.21-22)

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Para concluir o ciclo de Natal, propomos a expressão artística dos primeiros séculos da Igreja com as magníficas representações dos dois batistérios de Ravena, no centro da Itália.

Nos mosaicos do século V do batistério Neoniano, ou Ortodoxo, o grande registo que envolve o medalhão central apresenta, sobre um fundo azul índigo, os doze apóstolos separados por candelabros florais. Avançam lentamente, segurando uma coroa entre as suas mãos cobertas.

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O segundo registo divide-se em oito grupos arquitetónicos que se arredondam ao centro numa abside. Em cada abside alternam-se um trono e um altar que simbolizam a soberania e a divindade de Cristo.

Os tronos são flanqueados por dois jardins fechados, símbolos do jardim celeste, enquanto que os altares são ladeados por dois assentos vazios, representando aqueles que Cristo preparou para os seus eleitos.

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Vemos Jesus imergir até meio corpo nas águas do rio. O grande talento dos artistas reproduz a corrente e a transparência da água do Jordão que deixa entrever a nudez de Cristo, manifestando assim a sua humanidade. Os criadores estão ainda impregnados dos cânones antigos dado que o Jordão é personificado pela personagem situada à direita que estende ao Redentor um tecido para se secar.

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João Batista, sobre um promontório rochoso, revestido de uma pele de animal, deita a água da mão direita. Na outra mão tem uma cruz ricamente decorada. Ela lembra que a solidariedade de Jesus com os pecadores e os seres humanos em geral faz-lhe aceitar esse outro batismo que é o da morte. Jesus desce nas águas para nelas afogar o pecado dos homens que toma sobre si, mas a sua subida marca, para a humanidade, o renascimento para a vida nova e para o Espírito de Deus.

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A pomba do Espírito Santo está situada sobre Cristo, salientando-se do fundo dourado, segundo a tradição bizantina que indica que a fonte da cena representada é sagrada. O Espírito acompanha a voz que se faz ouvir: «Tu és o meu Filho; eu hoje te gerei». Esta denominação de Jesus convida todo o leitor do evangelho, toda a pessoa, a reconhecer em Jesus, desde o momento primeiro da sua atividade pública, o servo bem amado de Deus anunciado por Isaías.

FotoEsta imagem (e seguintes): Batistério Ariano, Ravena, Itália

No Batistério dos Arianos distinguem-se duas fases estilísticas na execução do mosaico, igualmente do século V. A primeira manifesta-se no vigor do medalhão central, do trono e das figuras de Pedro e Paulo. A segunda, um pouco posterior, é caracterizada por composições cromáticas mais amplas e mais desmaiadas nas figuras dos apóstolos.

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Cristo está ao centro e, à sua direita, João Batista pousa a mão direita sobre a sua cabeça. O Jordão é personificado por um velho personagem austero, sentado perto de um vaso de onde sai a água do rio. O ancião é caracterizado por dois atributos das divindades aquáticas pagãs: um ramo de rosa verde e duas pinças de lagostim sobre a cabeça.

Debaixo do medalhão central, envolvido pelos apóstolos que testemunham a soberania de Cristo entregando-lhe a coroa, vemos o trono de glória sobre o qual repousa a cruz.

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Texto: Narthex
© SNPC (trad.) | 15.01.13

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