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Biotecnologia - curar, alimentar e abastecer o mundo?

A Biotecnologia é a tecnologia baseada na biologia, mais precisamente é qualquer aplicação tecnológica que utilize organismos vivos ou parte deles para fabricar ou modificar produtos ou processos que ajudem a melhorar a nossa vida e a saúde do nosso planeta.

A origem desta tecnologia está provavelmente ligada à agricultura; com efeito, o cultivo de plantas pode ser visto como a primeira manifestação da biotecnologia. Há milhares de anos que a humanidade usa a biotecnologia na agricultura e na produção de alimentos e medicamentos. A preparação de pão, cerveja, vinho e queijo e o curtimento de peles são exemplos de aplicações da biotecnologia, registados nos mais diversos tipos de documentos.

A Biotecnologia atual tem origem na microbiologia e no seu importante desenvolvimento no final do século XIX, em particular com as descobertas de Louis Pasteur.

Na primeira metade do século XX, as primeira e segunda guerras mundiais colocaram provavelmente um dos maiores desafios aos microbiólogos, químicos e engenheiros, no sentido de produzirem solventes orgânicos e antibióticos, e estabelecerem assim as bases da biotecnologia industrial moderna.

Esta tecnologia chave do século XXI baseia-se atualmente numa atividade multidisciplinar e ambiciosa, que envolve áreas como a biologia, a microbiologia, a bioquímica, a genética, a engenharia e a informática. A sua importância na nossa sociedade é enorme, pois ela pode contribuir, entre outros, para a produtividade local, melhorar os nossos alimentos tradicionais ou desenvolver diagnósticos para doenças endémicas do nosso país, como por exemplo a doença dos pezinhos.

Os recentes avanços em biotecnologia podem ajudar-nos a enfrentar desafios prementes dos nossos dias - como curar, alimentar e abastecer o mundo?

Através da mobilização das ferramentas da natureza e usando a nossa própria composição genética, a Biotecnologia pode promover a saúde da população, contribuindo para a redução das taxas de incidência de doenças infeciosas e outras que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, desenvolvendo metodologias mais precisas de diagnóstico e implementando tratamentos personalizados que minimizem os riscos e os efeitos secundários.

A Biotecnologia pode ajudar a alimentar as populações através do desenvolvimento de culturas com maior produtividade, do uso de práticas agrícolas ambientalmente mais sustentáveis e da produção de alimentos mais seguros, nutritivos e saborosos.

Usando micróbios e enzimas como fábricas microscópicas, a Biotecnologia pode ajudar a produzir variados bens de forma mais rentável e menos poluente, contribuindo para reduzir o uso e a dependência de derivados da petroquímica, reduzir o consumo de água e a geração de resíduos, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, valorizar e reciclar subprodutos e resíduos biológicos tradicionais e racionalizar os processos de produção.

Nestes contextos, há todavia um grande potencial de confronto entre os avanços da biotecnologia e os valores éticos. Tal como outras tecnologias, ela pode ser canalizada para fins que atentem contra a vida e a dignidade humanas. As nossas competências para alterar o tecido base da vida e da matéria têm evoluído muito depressa; a nossa capacidade para antecipar eventuais consequências não tem acompanhado esta evolução. Como proteger a informação genética de uma pessoa? Como lidar com as terapias génicas, a clonagem e a utilização de células estaminais? Como ultrapassar a experimentação animal? Como evitar o desenvolvimento de armas biológicas? Com tecnologias tão poderosas em jogo, é crucial pesar riscos e benefícios e reconhecer a necessidade de tomar medidas de prevenção dos desequilíbrios que possam surgir. Tal não se pode fazer sem o envolvimento da sociedade civil, com a qual as partes interessadas devem saber dialogar.

A evolução da nossa sociedade pode seguir diferentes percursos. Cabe a cada um de nós ter um papel ativo e colaborar na escolha do melhor deles.

 

 

 

Este artigo integra a edição n.º 21 do “Observatório da Cultura”.

 

Isabel Vasconcelos
Diretora da Escola Superior de Biotecnologia
Universidade Católica Portuguesa
© SNPC | 12.05.14

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Biotecnologia
Foto: D.R.

 

 

 

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