Vemos, ouvimos e lemos
Paisagens
Pedras angulares A teologia visual da belezaQuem somosIgreja e CulturaPastoral da Cultura em movimentoImpressão digitalVemos, ouvimos e lemosPerspetivasConcílio Vaticano II - 50 anosPapa FranciscoBrevesAgenda VídeosLigaçõesArquivo

"Celebração do Tempo 2014": Calendário interreligioso para uma «viagem espiritual»

«Somos feitos de tempo, amassados dessa argila, feitos de idades, de estações, horas e dias»: é com estas palavras que o padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, apresenta o calendário interreligioso "Celebração do Tempo 2014" (ed. Paulinas)

A cada mês são indicadas as principais datas do hinduísmo (que assinala os anos 2070-2071), tradições chinesas (4711-4712), judaísmo (5774-5775), budismo (2140-2141), cristianismo, islão (1435-1436) e fé bahá'i (170-171), a par de efemérides portuguesas e internacionais.

A 15 e 16 de janeiro, por exemplo, o calendário hebraico marca o "Tu B'Shevat", antiga tradição que reservada a data para a oferta do dízimo de todos os produtos. «Atualmente, pretende-se homenagear a terra de Israel. As crianças das escolas dedicam este dia à plantação de árvores, especialmente de fruto». E no calendário "Kalachakra" (tibetano), do Budismo, 15 de janeiro é dia do "Amitabha": «No dia de Lua Cheia, celebra-se o Buda preexistente, da misericórdia infinita».

A obra, realizada com a colaboração de membros do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, contou com o financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Cada mês é acompanhado por um texto sobre a Europa, proporcionando «uma viagem sobre o terreno físico e mítico do velho continente, esperando estimular uma pluralidade de leituras sobre as origens e destinos de uma herança comum sob o ponto de vista de Portugal», ilustrando a forma como o país «viu a Europa desde a sua formação até aos dias de hoje», explica José Eduardo Franco, diretor do CLEPUL, na nota de apresentação.

Os textos que apresentam os calendários, e de que apresentamos excertos, foram revistos por responsáveis das várias comunidades: Champakal Deuchande (Comunidade Hindu de Lisboa), rabino Eliezer Shai de Martido (Comunidade Israelita de Lisboa), António Teixeira (União Budista Portuguesa), sheik David Munir (Comunidade Islâmica de Lisboa), diácono Sérgio Alves (Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica), padre Francisco Rebelo (Igreja Católica), padre Alexandre Bonito (Igreja Ortodoxa Grega), padre Arsénio Sokolov (Igreja Ortodoxa Russa), Samuel Pinheiro (Aliança Evangélica), Marco Oliveira (Fé Bahá'i) e Y Ping Chow (Liga dos Chineses em Portugal).

Imagem

 

Calendário hindu Vikram

O calendário luni-solar da Era de Vikram (Gujarat), foi instituido em 58 a.E.C. (antes da Era Cristã), por Chandragupta II, cognominado Vikramaditya (Sol da Coragem). Tem 365 dias, agrupados em 12 meses, com 2 quinzenas (Paksha: Fase Crescente [Sudi]; Fase Minguante [Vadi]), que correspondem aos nomes do deus Vlshnu, a que este rei era muito devotado. Aproximadamente de 30 em 30 meses, faz-se o acerto com a posição do Sol, acrescentando um mês suplementar (Adhik-Maas). O mês suplementar é sempre tido como um período de grande santidade, durante o qual os Vratas (votos, jejuns, penitências e visitas aos templos) se multiplicam, bem como a leitura e recitação dos textos sagrados. O ano de 2070 começou em 1 de Karttika 14 de novembro de 2013 e termina no dia 30 de Ashvina 1 23 de outubro de 2014.

 

Calendário judaico

O ano judaico tem 354 dias, nos anos comuns (de 12 meses), ou 385 dias, nos anos embolísmicos (de 13 meses). O ano de 5774 começou em 1 de Tishrei/5 de setembro de 2013, terminando no dia 29 de Elul/24 de setembro de 2014. Em 1 de Tishrei/25 de setembro começa o ano de 5775 (da criação do Homem e do cômputo dos anos temporais, dos anos da remissão e dos anos de jubileu). Embora Tishrei seja considerado como primeiro mês do ano, na tradição hebraica existem ainda outros meses tidos como início de calendário, consoante a finalidade da consulta. Assim, o 1.º dia de Nissan dá inicio à contagem dos anos dos reis, nos documentos, e das festas; e o 1.º de Elul marca o início do ano para o dizimo dos animais.

 

Calendário islâmico (Al Hijra)

O Calendário islâmico começou no Ano 0 da Hégira (Hijra), 622 E.E. - data da saída do Profeta Muhammad de Meca para Medina. Com menos 10-11 dias do que o Calendário Gregoriano, tem 12 meses lunares. Em cada ciclo de 30 anos, há 11 anos com 355 dias e os restantes com 354 dias. Os anos que têm 355 dias são chamados «anos intercalares».

 

Calendário da fé baha'i

O Calendário Bahá 'i foi instituido por Báb (Porta), em 1844, e confirmado, posteriormente, por Bahá' u'lláh (Glória de Deus). É um calendário solar com 365 dias. Os anos são compostos por 19 meses (com nomes de atributos de Deus) de 19 dias cada, adicionado de 4 «dias intercalares» (5 dias, quando é ano bissexto), entre o 18.º e o 19.º mês (26 de fevereiro a 1 de março).

 

Calendário chinês

Este Calendário começou no reinado do Imperador Amarelo, Huang Di (2698-2599 a.E.C.), considerado o mais antigo ancestral da etnia Han, a que pertencem 92 por cento dos chineses. É lunissolar, dividindo-se em 12 meses lunares (de 29/30 dias), mas a contagem dos anos faz-se pelo registo solar, com acrescento de 90 dias, a cada oito anos, como forma de acerto, entre a contagem das lunações (354) e a totalidade dos dias solares do ano (365,25). O ano 4712 chinês do Cavalo decorre até 1 de janeiro de 2015, no 31.º ano do 78.º ciclo (de 60 anos) que se iniciou no ano de 1984 e que terminará em 2044. Este ciclo (maior) de 60 anos é subdividido em ciclos (menores) de 12 anos que recebem o nome de 12 animais, que, conforme a lenda, assistiram ao banquete do mitológico Imperador de Jade.

 

Calendário budista tibetano kalachakra

O nome Kalachakra advém-lhe do Tantra assim chamado e que significa Roda do Tempo. Segundo a tradição, Buda terá transmitido este ensinamento tântrico (harmonização da mente e das energias do corpo com o Universo), em dia de Lua Cheia e dai o seu pendor significativamente lunar. A contagem dos meses inicia-se no dia imediato ao da Lua Nova e os meses são mencionados pela sua ordem sequencial. O ano tem 354 dias aproximadamente, pelo que, ao longo do ano, duplicam-se ou omitem-se alguns dias, a fim de se fazer o acerto do ciclo lunar com o ciclo solar.

 

Calendários gregoriano e julianos (antigo e reformado)

O Calendário Gregoriano surgiu com a reforma introduzida pelo papa Gregório XIII, em 24 de fevereiro de 1582, através da Bula Inter gravissimas. Esta reforma, que há muito era pedida, foi determinada pela divergência que existia, então, entre o tempo indicado pelo Calendário Juliano e o tempo astronómico real, acumulada ao longo de centenas de anos. Esta correção foi efetivada à custa do encurtamento do mês de outubro do ano da sua aprovação, em 10 dias (do dia 5 passou para dia 14). A Itália, Espanha, Portugal e Polónia foram os primeiros países que aceitaram a reforma que, só posteriormente, foi adotada pela generalidade dos países ocidentais católicos. A Alemanha adotou-o em 1700 e a Inglaterra em 1751. Muitos outros países, porém, só adotaram já no século XX.
A Igreja Ortodoxa do Oriente (Jerusalém, Rússia, Geórgia e Sérvia) continua a usar o Calendário Juliano antigo (velhocalendaristas); e a Igreja Ortodoxa da zona mediterrânica (Alexandria, Antioquia, Roménia, Bulgária, Chipre, Grécia, Albânia, República Checa e Eslováquia) e nórdicos (Finlândia e Estónia), em 1923, passaram a regular-se pelo Calendário Juliano reformado (neocalendaristas), que difere 13 dias. Assim, os velhocalendaristas celebram as suas festas fixas treze dias mais tarde que os neocalendaristas. No entanto, todos os Ortodoxos seguem o Juliano Antigo para fixação da Páscoa.

 

«Vamo-nos assim (no tempo) perecebendo-nos em mutação/ pois cada um de nós é um fluxo, uma viagem, um projeto aberto, uma epifania inacabada./ Mas o estaleiro do inacabado que é o tempo (ou o que sabemos dele)/ torna-se o lugar para a procura e a revelação de Deus. (...) O tempo é sempre tanta coisa. Celebremos, por isso, o tempo. Ele é uma viagem espiritual que se impõe.» (José Tolentino Mendonça).

 

 

 

 

 

Textos: Celebração do Tempo, ed. Paulinas
Vídeos: SIC, Agência Ecclesia
15.01.14

Redes sociais, e-mail, imprimir

Relógio

 

 

Artigos relacionados

 

Página anteriorTopo da página

 


 

Receba por e-mail as novidades do site da Pastoral da Cultura


Siga-nos no Facebook

 


 

 


 

 

Secções do site


 

Procurar e encontrar


 

 

Página anteriorTopo da página