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Chamados à luz da alegria

Uma carícia de luz na escuridão. Jesus toca e ilumina os olhos de um mendigo que nos representa a todos.

Uma carícia de luz que se torna carícia de liberdade. Quem não vê tem de apoiar-se noutros, em paredes, num bastão, nos pais, nos fariseus. Quem vê caminha seguro, sem depender dos outros, livre. Como o cego do Evangelho, que curado se torna forte, deixa de ter medo, enfrenta os sábios, centra-se nos factos concretos e não nas palavras. Alimenta-se da luz e ousa. Livre.

Uma carícia de liberdade que se torna carícia de alegria. Por ver é apreciar os rostos, a beleza, as cores. A luz é um golpe de alegria que pousa sobre as coisas. Assim a fé, que é visão nova das coisas, cria um olhar luminoso que leva a luz onde pousa: «Vós sois luz no Senhor» (Efésios 5, 8).

Os fariseus, aqueles que conhecem todas as regras, não experimentam alegria pelos olhos novos do cego porque lhes interessa a lei, e não a felicidade do homem: milagres ao sábado, nunca! Não compreendem que Deus prefere a felicidade dos seus filhos à fidelidade à lei, que fala a linguagem da alegria e por isso continua a seduzir. Funcionários das regras e analfabetos do coração.

Colocam Deus contra o homem, e é o pior que pode acontecer à nossa fé. Dizem: «Os pobres continuam infelizmente pobres, os mendigos continuam a mendigar, os cegos que fiquem satisfeitos, desde que se observe o sábado. Glória de Deus é o preceito observado». Mas na verdade, não: glória de Deus é um homem que torna a ver. E o seu olhar luminoso presta louvor a Deus mais do que todos os sábados!

E é uma dura lição: os fariseus mostram que se pode ser crente sem se ser bom; que se podem se pode ser homem de Igreja e não ter piedade; é possível “trabalhar” em nome de Deus e ir contra Deus. Administradores do sagrado e analfabetos do coração.

Nas palavras dos fariseus, a palavra que ocorre com mais frequência é «pecado»: «Sabemos que és pecador; nasceste no pecado; se alguém é pecador, não pode fazer estas coisas»; até os discípulos perguntaram: «Quem pecou? Ele ou os seus pais?». O pecado é elevado a teoria que explica o mundo, que interpreta o homem e Deus.

A resposta de Jesus é outra: «Nem ele pecou nem os seus pais». Distancia-se de imediato, com a primeira palavra, desta perspetiva, para declarar como ela causa a cegueira sobre Deus e sobre os homens. Falará unicamente do pecado para dizer que está perdoado.

O pecado não explica Deus. Deus é compaixão, futuro, aproximação ardente, mão viva que toca o coração e o abre, amor que faz nascer e repartir a vida, que traz luz. E o teu coração te dirá que foste feito para a luz.

 

Evangelho do IV Domingo da Quaresma
Jo 9, 1.6-9.13-17.34-38

Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença. Cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer «Enviado». Ele foi, lavou-se e começou a ver.

Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que o viam a mendigar: «Não é este o que costumava estar sentado a pedir esmola?». Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele próprio dizia: «Sou eu».

Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. Era sábado esse dia em que Jesus fizera lodo e lhe tinha aberto os olhos. Por isso, os fariseus perguntaram ao homem como tinha recuperado a vista. Ele declarou-lhes: «Jesus pôs-me lodo nos olhos; depois fui lavar-me e agora vejo». Diziam alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, porque não guarda o sábado». Outros observavam: «Como pode um pecador fazer tais milagres?». E havia desacordo entre eles.

Perguntaram então novamente ao cego: «Tu que dizes daquele que te deu a vista?». O homem respondeu: «É um profeta». Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes ensinar-nos?». E expulsaram-no.

Jesus soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?». Ele respondeu-lhe: «Quem é, Senhor, para que eu acredite nele?». Disse-lhe Jesus: «Já o viste: é quem está a falar contigo». O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor».


P. Enzo Bianchi
In Lachiesa.it
Trad.: SNPC/rjm
© SNPC | 29.03.14

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