Congresso sobre 500 anos da diocese do Funchal reúne dezenas de especialistas em Arte, Cultura e HIstória
D. Manuel Clemente, Marcelo Rebelo de Sousa, Guilherme d’Oliveira Martins e Edgar Morin são algumas das dezenas de personalidades que constam no programa das conferências do congresso internacional sobre os cinco séculos da diocese do Funchal, que se assinalam em 2014.
A iniciativa "500 anos da Diocese do Funchal - A primeira diocese global: história, Cultura e Espiritualidades", organizada pelo Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes, decorre de 17 a 21 de setembro na capital madeirense, encerrando com uma missa na sé, cantada em latim por Luís Represas e João Gil.
O Funchal foi sede da primeira diocese portuguesa instituída fora da Europa continental, «na sequência das viagens marítimas de descoberta que potenciaram a experiência de globalização», refere o texto de apresentação.
Fundada em 1514, transformou-se «numa base importante para a construção da Igreja missionária ultramarina», chegando a ter, por um período breve, jurisdição canónica sobre as comunidades implantadas sobre todos os territórios descobertos e a descobrir sob a alçada de Portugal, o que a tornou a maior diocese do mundo.
«Além de uma cultura de cunho franciscano, marcada por uma espiritualidade de ligação profunda entre o homem, a natureza e Deus, a Igreja madeirense viria a tornar-se formadora de missionários que participaram de muitos modos da dinâmica da evangelização em diversos cenários do globo», refere o site do congresso.
O congresso visa, com o contributo de especialistas e investigadores de diversas áreas, assinalar os 500 anos da diocese, «contribuindo para o conhecimento aprofundado da sua história e perspetivando o seu futuro a partir da análise dos desafios do presente».
A promoção de uma «investigação interdisciplinar» sobre a diocese, a compreensão do seu papel enquanto «polo de difusão e estruturação do cristianismo no mundo» e a observação das articulações entre a Igreja funchalense e o processo de modelação da sociedade e da cultura madeirenses constituem alguns dos objetivos do congresso.
«Povoamento e Evangelização», «Fundação da Diocese e da Arquidiocese», «História e Instituições», «Missionação e Globalização do Cristianismo», «Religião e Política», «Religiosidade Popular», «Ação Pastoral», «Espiritualidades, Carismas e Congregações Religiosas» e «Seminário e Formação do Clero» são os temas de alguns dos painéis.
Os organizadores pretendem que as comunicações se centrem também na «Educação e Mobilidade Social», «Figuras e Obras», «Património, Arte e Cultura», «Igreja e Sociedade», «Igreja e Outras Experiências Religiosas», «Igreja e Controvérsias Históricas», «Igreja e os Concílios Ecuménicos», «Sínodos e Legislação Diocesana», «Religião e Adaptação aos Novos Tempos» e «Igreja e Ecumenismo».
Para a sessão de abertura estão anunciadas as presenças do presidente da República, presidente do Governo Regional da Região Autónoma da Madeira e o bispo do Funchal, D. António Carrilho, entre outras personalidades.
A conferência de abertura, proferida por Pierre-Antoine Fabre, é dedicada ao tema «Entre o mundo europeu e a descoberta da pluralidade de mundos: A Diocese do Funchal como "mundo único"».
No primeiro dia, em que se acentua a vertente histórica e as relações da diocese com a África, Brasil e Europa, está programado uma sessão sobre a criação artística e arquitetura, com conferências sobre sacristias barrocas, singularidades da música sacra, o espólio de pintura no Convento de Santa Clara do Funchal, a talha do Rococó, a azulejaria e a sé do Funchal, com atenção ao projeto, à pedra e ao retábulo.
Também no primeiro dia decorre o painel sobre letras, cultura e sociabilidades, com palestras intituladas «Uma diocese literária: contributos de eclesiásticos madeirenses para a literatura regional», «"O estado do bosque" de José Tolentino Mendonça: indagação e (re)descoberta do sentido da vida» e «Focos de lusofonia e fé cristã na expansão portuguesa em relatos de viagem», entre outras intervenções.
Os trabalhos terminam, no dia de abertura, com a conferência dupla «Antigas e novas instituições globais: hipermodernidade e o futuro da cultura e da religião», proferida por Edgar Morin e Guilherme d'Oliveira Martins, com a presidência da mesa entregue a Marcelo Rebelo de Sousa.
A agenda de 18 de setembro prevê uma sessão plenária sobre Igreja, cultura e comunicação, presidida por Guilherme Silva, deputado da Assembleia da República. «Oratória sacra na Madeira«, «A diocese do Funchal e a cultura portuguesa», «A Ação Católica no arquipélago da Madeira» e «Órgãos de imprensa, cultura e estratégias comunicacionais da Igreja madeirense» constituem algumas das conferências.
A manhã do dia 20 abre com Vítor Serrão, que fala sobre «A diocese do Funchal na História da Arte em Portugal», seguindo-se uma sessão que vai incidir sobre o «Património artístico e arquitetónico da diocese do Funchal», «A celebração do mistério de Cristo na liturgia e arte sacra na Madeira» (por D. Teodoro de Faria, bispo emérito da diocese), «Música conventual na Madeira», «Cruzes da diocese do Funchal - O sagrado em contexto museológico» e «A polifonia na diocese do Funchal entre os finais do séc. XVI e inícios do XVIII».
Ao início da tarde, José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, fala sobre a «Igreja madeirense, sociedade e cultura», antes de uma sessão dedicada à história contemporânea, em que se abordam questões como Igreja e política no arquipélago, a renovação provocada pelo Concílio Vaticano II e as relações com o Estado Novo.
A conferência de encerramento, intitulada «Grandes figuras eclesiásticas da diocese do Funchal», é proferida por D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e historiador.
O papa Francisco nomeou o cardeal italiano Fernando Filoni, que dirige a Congregação para a Evangelização dos Povos, organismo da Cúria do Vaticano, como enviado especial às celebrações do 500.º aniversário da diocese do Funchal, marcadas para os dias 13 a 16 de junho de 2014.
Rui Jorge Martins
Imagens: Museu de Arte Sacra do Funchal
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05.06.2014 | Atualizado a 07.06.14
(nomeação do enviado especial)
Sé do Funchal
Allie Caulfield