Cristãos alérgicos aos pregadores têm sempre alguma coisa a criticar, diz papa Francisco no dia do 44.º aniversário da ordenação sacerdotal
Os cristãos alérgicos aos pregadores têm sempre alguma coisa a criticar, mas na verdade têm medo de abrir a porta ao Espírito Santo e tornam-se tristes, afirmou o papa Francisco na missa a que presidiu esta sexta-feira, dia em que assinala o 44.º aniversário da ordenação sacerdotal (13.12.1969).
O papa, que celebrou a eucaristia na capela da Casa de Santa Marta, no Vaticano, como habitualmente, referiu-se à leitura do Evangelho, em que João Batista é criticado por não comer nem beber, sendo qualificado de endemoninhado, enquanto que a Jesus reprovam o facto de ser comilão e beberrão, além de amigo de publicanos e pecadores.
«As pessoas daquele tempo preferiam refugiar-se numa religião mais elaborada: nos preceitos morais, como aquele grupo de fariseus; no compromisso político, como os saduceus; na revolução social, como os zelotas; nas espiritualidade gnóstica, como os essénios. Estavam com o seu sistema bem acabado, bem feito. Mas o pregador, não», frisou.
Para Francisco, «o povo de Deus tem uma certa alergia aos pregadores da Palavra, os profetas: perseguiram-nos, mataram-nos», assinalou.
Trata-se de pessoas, prosseguiu Francisco, que dizem aceitar a verdade da revelação de Deus, «mas não o pregador, a pregação. Preferem uma vida enclausurada nos seus preceitos, nos seus compromissos, nos seus planos revolucionários ou na sua espiritualidade».
«Estes cristãos que estão fechados, que estão enclausurados, estes cristãos tristes… não são livres. Porquê? Porque têm medo da liberdade do Espírito Santo, que vem através da pregação. E este é o escândalo da pregação, do qual falava S. Paulo: o escândalo da pregação que acaba no escândalo da cruz», vincou o papa.
«Escandaliza que Deus nos fale através de homens com limites, homens pecadores: escandaliza! E escandaliza mais que Deus nos fale e nos salve através de um homem que diz que é filho de Deus mas que acaba como um criminoso», acrescentou.
Os «cristãos tristes não crêem no Espírito Santo, não crêem naquela liberdade que vem da pregação, que te aconselha, te ensina, te esbofeteia, também; mas é precisamente a liberdade que faz crescer a Igreja».
«Vendo estas crianças que têm medo de dançar, de chorar, medo de tudo, que pedem segurança em tudo – outra alusão ao Evangelho do dia – penso nestes cristãos tristes que sempre criticam os pregadores da verdade, porque têm medo de abrir a porta ao Espírito Santo».
A homilia de Francisco, 44 anos após a sua ordenação sacerdotal, terminou com um pedido de oração: «Rezemos por eles, e rezemos também por nós, para que não nos tornemos cristãos tristes, cortando ao Espírito Santo a liberdade de vir a nós através do escândalo da pregação».
Sergio Centofanti
Rádio Vaticano
Trad.: SNPC
13.12.13
(Papa Francisco)