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Cultura e Economia: distintas ou convergentes?

Imagem 12.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura

Cultura e Economia: distintas ou convergentes?

Eis-nos perante duas áreas da vida social e dois âmbitos de realização humana de todo alheados, sem vínculos nem interferências? Economia e cultura vivem ou sobrevivem em campos distintos e em regimes contrapostos – operosa e cobiçosa, aquela, dissipadora e desestabilizadora, esta?

As relações conjunturais entre ambas são apenas de teor negativo? Têm de cingir-se a uma correlação desigual, em que a economia é quem mais ordena e apenas requer ou consente à cultura uma presença de adorno compensatório e de escape lúdico?

Será que, ao invés, vida económica e vida cultural se entrelaçam fecundamente, desde o plano do pensamento ao da ação, desde a criatividade da conceção à eficiência da execução, desde a satisfação das necessidades à educação dos desejos?

Não é verdade que os avanços tecnológicos e os novos meios digitais movem a evolução tanto da economia quanto da criação e da fruição culturais?

Não é verdade que a valorização cultural da imagem identitária de cada país promove o interesse estrangeiro pelos seus produtos e se torna precioso recurso da diplomacia económica?

Não é verdade que – com as chamadas indústrias criativas, mas também com o turismo cultural e tantas outras atividades - sobe continuamente a percentagem do PIB e da taxa de emprego garantida pelas atividades culturais?  

Entretanto, uns, em nome da salvaguarda do espírito criativo e da consciência crítica que são a alma liberta e civilizadora da cultura, alertam contra os riscos de degradação instrumental que a hiperbolização da sua rentabilidade acarreta. Ao mesmo tempo vemos os mais esclarecidos e bem sucedidos setores empresariais e laborais solicitarem um peso crescente das Artes e Humanidades na formação dos trabalhadores e dirigentes.

O trabalho de economistas como Douglass North e Gary Becker, laureados com o Prémio Nobel, encabeça um conjunto significativo de investigações que associam fatores culturais e institucionais para criar uma teoria económica mais compreensiva e realista. E, reciprocamente, muitos produtores e mediadores culturais valorizam e exploram uma análoga presença da perspetiva económica e institucional nas condições de existência e de fruição das artes, das humanidades, dos saberes criativos.

Não se reconhece hoje à cultura um peculiar poder de coesão social, de reabilitação e animação dos espaços urbanos e rurais, de promoção da qualidade de vida das comunidades?

Não se reconhece cada vez mais – da universidade à empresa, dos centros de governação aos círculos de opinião, dos movimentos associativos às manifestações de cidadania – que a cultura é fator fulcral do conhecimento (integrante) irredutível à informação (especializada), do desenvolvimento humano (individual, social) irredutível ao crescimento económico, da participação cívica irredutível à passividade pública e ao espectarismo lúdico?

Não haverá uma perspetiva cristã para iluminar com acerto estes vetores de implicação entre economia e cultura, para equacionar com justeza as inerentes questões éticas e sociais,  e para evidenciar novas inferências sobre uma fecunda interação dos dois domínios?

São estas algumas das interrogações em análise e debate durante a 12.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, que decorre a 4 de junho, em Fátima.

O encontro, dedicado ao tema "Cultura e Economia: Implicações e Desafios", com as pré-inscrições já a decorrer pela internet (cf. Artigos relacionados), contará com a participação de conferencistas com experiência comprovada na relação - e circulação - entre aqueles domínios.

Além da presença de um Conselheiro de Estado e de dois antigos Secretários de Estado da Cultura, destaca-se a abrangência dos áreas profissionais dos convidados, desde a academia ao mundo empresarial.

O programa compreende igualmente duas intervenções "artísticas": o realizador Pedro Peralta apresentará a curta-metragem "Ascensão", vencedora do Prémio Árvore da Vida, atribuído pela Igreja católica na edição de 2016 do festival internacional de cinema independente IndieLisboa; e Inês Gil, também cineasta e membro do Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, apresenta a instalação vídeo pensada para a nova capela Imaculada, em Braga.

 

Programa

9h00
Acolhimento, inscrição

10h00
Abertura
D. Pio Alves
Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
José Carlos Seabra Pereira
Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

10h15
Conferência
António Lobo Xavier
Membro do Conselho de Estado, administrador de empresas

11h00
Intervalo

11h15
Painel 1
António José Gomes de Pinho
Antigo Secretário de Estado da Cultura, presidente da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Clara Almeida Santos
Vice-Reitora da Universidade de Coimbra para a Cultura
Manuel Castelo Branco
Diretor do Instituto Superior de Contabilidade e Administração - Coimbra

12h00
Debate entre público e conferencistas

12h30
Instalação vídeo para a Capela Imaculada, Braga
Inês Gil

13h00
Almoço

14h30
Filme "Ascensão"
Pedro Peralta

15h00
Painel 2
Catarina Vaz Pinto
Antiga Secretária de Estado da Cultura, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa
Teresa Pedroso de Lima
Diretora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, presidente da Comissão Justiça e paz da Diocese de Coimbra
Alexandre Pinto
Co-fundador e CEO da iClio

15h45
Debate entre público e conferencistas

 

Publicado em 10.05.2016

 

 

 
Imagem 12.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura
Uns, em nome da salvaguarda do espírito criativo e da consciência crítica que são a alma liberta e civilizadora da cultura, alertam contra os riscos de degradação instrumental que a hiperbolização da sua rentabilidade acarreta
O trabalho de economistas como Douglass North e Gary Becker, laureados com o Prémio Nobel, encabeça um conjunto significativo de investigações que associam fatores culturais e institucionais para criar uma teoria económica mais compreensiva e realista
Não se reconhece hoje à cultura um peculiar poder de coesão social, de reabilitação e animação dos espaços urbanos e rurais, de promoção da qualidade de vida das comunidades?
Não haverá uma perspetiva cristã para iluminar com acerto estes vetores de implicação entre economia e cultura, para equacionar com justeza as inerentes questões éticas e sociais, e para evidenciar novas inferências sobre uma fecunda interação dos dois domínios?
O realizador Pedro Peralta apresentará a curta-metragem "Ascensão", vencedora do Prémio Árvore da Vida, atribuído pela Igreja católica na edição de 2016 do festival internacional de cinema independente IndieLisboa
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