Vemos, ouvimos e lemos
Paisagens
Pedras angulares A teologia visual da belezaQuem somosIgreja e CulturaPastoral da Cultura em movimentoImpressão digitalVemos, ouvimos e lemosPerspetivasConcílio Vaticano II - 50 anosBrevesAgenda VídeosLigaçõesArquivo

Universidade

Diafanias do mundo: homenagem a Mário Lages

A Universidade Católica Editora lançou recentemente a obra “Diafanias do Mundo”, uma homenagem ao professor Mário Ferreira Lages, que esteve associado aos primeiros tempos daquela instituição de ensino da Igreja.

«Mário Ferreira Lages nasceu no Touro, Vila Nova de Paiva, em março de 1936. Licenciou-se em Ciências Sociais, pelo Instituto de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), tendo obtido o grau de doutor pela mesma Universidade em junho de 1962. 

Obteve os diplomas de «Peritus in Sacra Liturgia» do Instituto Superior de Liturgia do Instituto Católico de Paris, em junho de 1967 e o de arménio clássico na École de Langues Orientales Anciènnes, do mesmo Instituto, em junho de 1968.

É professor catedrático da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP) desde 14 de novembro de 2007.

Foi docente da Universidade Católica Portuguesa, desde o ano letivo 1970/71 até à sua aposentação e é membro fundador do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) da mesma Universidade. 

Embora as Ciências Sociais sejam a sua principal área de investigação, tem-se dedicado também às Metodologias de Investigação, à Demografia e ao Conto e Tradição Popular.»

Apresentamos de seguida os testemunhos do cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, e do bispo do Porto, D. Manuel Clemente, respetivamente presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Entre os testemunhos encontra-se o depoimento de D. Jacinto Botelho, bispo emérito de Lamego, diocese de origem do padre Mário Lages. Os cerca de 30 estudos publicados neste volume incluem textos dos bispos D. Januário Torgal e D. Carlos Azevedo (cf. índice no fim deste artigo).

 

A amizade também é memória
D. José Policarpo

Falar do P. Mario Lages por ocasião da sua jubilação académica só pode ser, no meu caso, uma expressão de amizade. Esta, sendo por natureza presente, tende a ser duradoira, pois a fidelidade e uma das suas qualidades, por vezes cresce e aprofunda-se durante um período longo da nossa vida. E por isso que a amizade também e memoria. E no caso do P. Mário Lages, esta memoria esta ligada a nossa aventura comum no lançamento e consolidação da Universidade Católica Portuguesa. Foi lá que o conheci, aí colaboramos, partilhamos utopias e vencemos dificuldades.

Quando eu entrei para a UCP em 1969, o Mário já lã estava. Creio ter pertencido ao primeiro grupo que, com o P. José Bacelar, fundaram a Faculdade de Teologia em Lisboa. A sua formação académica em Universidades romanas, em liturgias antigas e depois em sociologia, credenciavam-no para ser docente dessa Faculdade, génese do que viria a ser o “campus” de Lisboa.

O que é que a minha memória guarda desses tempos da nossa participação na aventura comum? O Mário era disponível e dialogante; era sincero pois dizia sempre o que pensava; o desacordo não impedia a colaboração. Mas a sua colaboração na UCP sugere-me algumas considerações sobre o próprio dinamismo da Universidade.

Os primeiros dez anos da UCP decidiram do seu futuro. Ela queria ser, apenas, uma faculdade eclesiástica, acrescentando a Filosofia, a faculdade matriz, a Teologia e, porventura, o Direito Canónico? Ou queria ser uma “Universitas”, estendendo a matriz do pensamento a outras áreas do saber? Foi esta a visão que prevaleceu, por teimosa convicção de alguns, pelo desenrolar inevitável dos acontecimentos. O Mário teve um papel importante nesta evolução. tendo optado por valorizar a sua formação sociológica, integrado na Faculdade de Teologia, teimou em defender que mesmo uma Faculdade de Teologia tem de estar aberta a outras áreas do saber e a marcar a sua presença em todas as faculdades e departamentos que se fossem criando. Mais voltado para as ciências humanas, ele está espontaneamente na génese do que será a Faculdade de Ciências Humanas, e em todas as etapas da sua evolução.

O Prof. Mário Lages esteve, também, envolvido noutro importante capítulo da evolução da UCP: a dimensão prática da investigação, fazendo-a e pondo-a ao serviço da transformação da realidade presente. Os “Centros de Estudo” foram o quadro dessa valorização da dimensão prática da investigação. Ele esteve em vários dos que foram surgindo. Francamente não sei dizer de quantos esteve ausente. Mas o CEPCEP e o CESOP cativaram a sua predileção. Eles foram também para ele o quadro de algumas das suas publicações.

Docente estimado, apreciado por alunos e colegas, foi certamente uma figura marcante do diálogo da Universidade com a sociedade. A palavra “jubilação” sugere a alegria da obra realizada. No teu caso, meu caro Mário Lages, e também a alegria da amizade partilhada, da vitória sobre as dificuldades encontradas e as incompreensões sofridas. E a alegria de teres vivido uma vida que valeu a pena, semente da esperança das etapas definitivas.

 

D. Manuel Clemente

Escrevo com todo o dever e gosto estas linhas, evocando tantos momentos de frutuosa convivência que tive com o Professor Mário Lages, a quem desejo as maiores felicidades.

Conheci-o no ano letivo de 1973/74, nas aulas de Sociologia, onde me proporcionou o conhecimento específico desta matéria, tão complementar ao curso de Historia que eu acabara e a Teologia Pastoral que depois abordaria. Era um “universo” específico de observação e analise da realidade social que a Igreja também e, que Mário Lages tratava com o rigor metodológico que é seu timbre. Recordo-me de como algumas das observações práticas que fazia e nos levava a fazer se mostraram bem reais nos tempos que se seguiram, depois de 25 de Abril de 1974.

Como passei a lecionar Historia da Igreja, contactámos muitos anos no âmbito docente da Faculdade de Teologia, mantendo um relacionamento cordial e mutuamente interessado no trabalho de cada um. Também nisto fui ganhando com a complementaridade que me proporcionava.

Foto

Anos mais tarde, colaborámos periodicamente nos Colóquios Nacionais de Paróquias. Analisávamos vários temas sociopastorais, que propunhamos à reflexão dos participantes, ambos como “peritos” das respetivas disciplinas, Sociologia e Historia da Igreja. Foram sucessivas oportunidades de enriquecimento que assim tive, que realçaram as condicionantes e possibilidades que a “religião popular” apresenta à evangelização feita e a fazer. Ainda hoje guardo e valorizo muitas das reflexões conjuntas que fizemos e a disponibilidade intelectual de Mário Lages para progredirmos na reflexão sobre esses pontos.

Falando em geral, sublinho ainda o grande contributo que deu, na Universidade Católica e a partir dela, a pesquisa e tratamento de dados sociológicos. Especificamente, a sociologia pastoral ganhou e ganha muito com a ação, persistência e perspetivação de Mário Lages.

Por tudo isto, associo-me com muita gratidão e estima à justa homenagem que lhe é feita.

 

Imagem

 

Imagem

 

Imagem

 

In Diafanias do mundo, Universidade Católica Editora
05.07.12

Redes sociais, e-mail, imprimir

Capa

Diafanias do mundo

Autores
AA.VV

Editora
Universidade Católica
Editora

Ano
2012

Páginas
432

Preço
31,90 €

ISBN
978-972-540-335-8


















Citação
























Citação

 

Ligações e contactos

 

Artigos relacionados

 

Página anteriorTopo da página

 


 

Subscreva

 


 

 


 

 

Secções do site


 

Procurar e encontrar


 

 

Página anteriorTopo da página

 

 

 

2012: Nuno Teotónio Pereira. Conheça os distinguidos das edições anteriores.
Leia a última edição do Observatório da Cultura e os números anteriores.