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"Diálogos no Átrio dos Gentios": pré-publicação

O livro "Diálogos no Átrio dos Gentios", com entrevistas que o jornalista italiano Lorenzo Fazzini realizou a personalidades da ciência e da arte, crentes e não crentes, vai ser apresentado este sábado, 17 de novembro, em Braga, como anunciámos no site da Pastoral da Cultura (ver no fim desta página a ligação "Artigos relacionados").

Oferecemos dois excertos dos textos presentes na obra que será lançada no Museu Pio XII, às 9h30, no âmbito do Átrio dos Gentios, estrutura da Igreja Católica para o diálogo entre crentes e não crentes que a 16 e 17 de novembro se realiza em Guimarães e Braga.

 

O cristianismo, a fé da esperança
Remo Bodei

A Igreja fez bem ao abrir este «Átrio dos gentios». Pela minha parte, não existe nenhum preconceito contra a Igreja: ela pode intervir no espaço público e dizer aquilo que quiser.

Aquilo que me preocupa são os chamados ateus devotos que exploram a religião de acordo com os seus objetivos. A minha crítica é para aqueles que usam a religião para questões de baixo calibre político.

A religião é um grande antídoto à banalidade do mundo e coloca-nos numa situação que defino como um «ser hóspede». Nascemos neste mundo sem o desejar, o nosso corpo cresce e envelhece sem que a nossa vontade intervenha: há muita coisa que nos escapa.

Recordo-me do final do livro de Job no momento em que, depois de ter acusado Deus de que o «assassino vagueia de noite», de que os órfãos e as viúvas são assaltados, Deus responde-lhe: «O que sabes tu disso?».

Há uma pergunta sem resposta no nosso ser hóspede no mundo e na dificuldade perante nós mesmos. É, por isso, comum a crentes e não-crentes a procura de um sentido diante do sermos lançados no fluxo do tempo. O sentido do sagrado e o espanto de sermos hóspedes no mundo aproxima-nos. Diria, portanto, que o «Átrio dos gentios» institucionaliza esta procura pelos fragmentos da verdade.

 

Abaixo os «hiperlaicos». Sim ao diálogo sobre a vida
Susanna Tamaro

O âmbito fundamental é o da vida. A grande batalha dos nossos dias dá-se entre as pessoas que amam a vida e aquelas que amam a morte. Entre aquelas que defendem a dignidade da pessoa humana e aquelas que desejam reduzi-la a uma entidade manipulável, o ser humano como uma coisa entre outras, não mais como um valor absoluto.

No meu livro, "Escuta a minha voz", uma sobrevivente do nazismo afirma convictamente: «Nunca mais». Mas depois ressoa a palavra: «Agora e ainda», porque o nazismo entrou na nossa sociedade como vírus.

Sim, isto aconteceu no momento em que ainda hoje existem pessoas que sustentam que a vida humana já não é intocável. Ou então, quando outros afirmam que um certo tipo de existência, como por exemplo a de uma pessoa em estado terminal, não é mais humana. Tanto mais que isto é insinuado nos mass media e acabam por pensá-lo também pessoas de boa vontade, graças a quem, astutamente, fazem passar estas afirmações como ideias a «favor do homem». É um procedimento subtilmente perverso porque apela ao bom senso e à não vontade de sofrer (todos nós não queremos nem desejamos a dor!).

É, pois, de destacar que tudo isto anda a par e passo com a ideia – sempre mais difundida – que todos nós somos determinados pelos nossos genes em tudo o que fazemos. Se fumo cinquenta cigarros por dia é apenas por um motivo: possuo um gene que me faz fumar dois maços de cigarros! Mas o ser humano é essencialmente liberdade e, por isso, esta visão determinística é insensata, dado que elimina a vontade humana, enquanto que a pessoa pode sempre escolher entre o bem e o mal.

Este é um modelo de pessoa segundo o qual o sujeito não é responsável, mas sim os seus genes: contudo, esta pessoa «genética» pode ser facilmente manipulável.

 

In Diálogos no Átrio dos Gentios, ed. Pátio dos Gentios / Diário do Minho
13.11.12

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