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Cinema

"Django Libertado": Tarantino oferece tratado cinematográfico sobre vida e morte

Passam três décadas desde que Quentin Tarantino encetou a sua carreira de realizador. E quem tenha visto "My Best Friend’s Birthday", primeira obra criada aos 19 anos, projetada para longa metragem que um acidente transformaria em curta, depressa se aperceberia, com todas as limitações de um iniciado, do seu olhar peculiar sobre as pessoas que somos, a forma de as expressar no cinema e de tirar partido das suas potencialidades. Uma pequena amostra, que Tarantino viria a designar como a sua "escola de cinema", do potencial talento de um realizador se tem firmado na história do cinema longe do academismo e estreitamente ligada a uma cultura popular, com registo muito próprio.

A partir de "Cães Danados" (1992) e "Pulp Fiction" (1994) já não se dissocia o nome de Tarantino da ironia crua, da violência desconcertante por ser simultânea e explicitamente inaudita e, no entanto, estranhamente cómica, o que a faz destacar-se da realidade – o que não é o mesmo que legitimá-la.

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"Django Libertado", o filme que os amantes de Tarantino esperam ansiosamente ver esta semana nos ecrãs de cinema, poderia ser só uma homenagem ao western americano e ao ‘Django’ de Sergio Corbucci (1966), mas é evidentemente muito mais que isso: uma reinterpretação da questão da escravatura e de um Oeste Selvagem que, sem grandes pretensões intelectuais ou filosóficas, não deixa de desbravar vasto terreno sobre a condição humana, a liberdade interior, o valor da vida e, inerente a este, o do amor e da amizade como cumprimento, ou não, desse "estar ou ser vivo".

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A história de Django é a de um escravo negro brutalmente separado da sua mulher que acaba resgatado por um caçador de prémios, Dr. Schulz, um americano de origem alemã, amante da literatura e das artes em geral. Unidos por objetivos comuns, sendo o de Django a libertação da mulher que ama, e o de Schulz um prémio avultado pelos corpos, vivos ou mortos, de um gang, os dois homens seguem rumo ao Mississípi. No caminho, ganham a amizade e o respeito mútuo, numa cumplicidade única que lhes poderá custar a vida...

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Porventura um dos seus filmes mais lineares, Tarantino escusa aqui as deambulações (nunca inúteis) por diversos caminhos e personagens, centrando na cumplicidade destes dois homens questões suficientes para nos despertar a todos e, sobretudo, a uma sociedade americana de uma aparente dormência sobre temas que poderiam parecer letargicamente repousados nos antigos westerns. E no entanto continuam latentes: racismo, o reconhecimento da liberdade individual e coletiva, respeito pelo outro...

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Magnificamente interpretado por Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson, magnificamente filmado e servido por uma banda sonora de um registo eclético muito pertinente, eis um tratado cinematográfico sobre "os vivos e os mortos" que somos e que a crueza de algumas sequências não pode confundir com mero horror nem espetacularidade.

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Margarida Ataíde
Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
In Agência Ecclesia / SNPC
24.01.13

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