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E se o sal perde o sabor?

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E se o sal perde o sabor?

Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa. (...)
Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em casa. (Mateus 5, 11-15)

«Era uma pessoa verdadeira», diz do padre Hamel, degolado há poucos dias em Rouen, quem o conheceu de perto: uma outra maneira de dizer que era sal e luz. E era-o, evidentemente, ainda antes que lhe tocasse o martírio, uma vida que era já dada antes do dom definitivo. Por vezes as pessoas que temos à nossa volta esclarecem o significado do Evangelho mais do que muita exegese, assim como o Evangelho para os cristãos pode ser uma chave de leitura eficaz da própria vida.

«Felizes sereis quando vos insultarem, perseguirem, caluniarem...» Celebramos a 2 de agosto a festa de um pastor cristão, Eusébio, que viveu pessoal esta bem-aventurança do Evangelho para defender a fé que nós hoje professamos.

Às vezes talvez esqueçamos que a fé é um tesouro que nos foi transmitido não só por escritos, mas pelo testemunho existencial de homens e mulheres, que nos passaram o testemunho, algo de precioso e de vivo, que custou suor e sangue a quem nos precedeu. Agora cabe a nós enriquecê-lo com o nosso testemunho e voltar a traduzi-lo com a nossa inteligência para o mundo de hoje.

Nós somos sal e luz. Sal da Terra, luz do mundo. É verdade que cada pessoa é-o de maneira diferente, mas para todos vale que não somos cristãos para nós mesmos: o sal deve dar sabor, a luz iluminar. Gratuitamente recebidos, gratuitamente somos chamados a dar.

«Mas se o sal perde o sabor...»: possibilidade real, a de perder o sentido, a pregnância da nossa vida, de adormecer (quantos convites à vigilância no Evangelho!). Possibilidade de remoção do nosso desejo profundo, a pedra branca, o nome novo que Deus nos deu (cf. Apocalipse 2, 17).

«Mas se o sal perde o sabor, com que coisa se há de salgar?» O dom que se deixa cair, que não se protege, não se recupera a baixo preço. O texto parece sugerir que não esteja imediatamente ao alcance da mão a possibilidade de o recuperar.

Na nossa vida experimentamos momentos de não-sabor, momentos em que a nossa luz não resplandece (não a luz mundana da visibilidade que todos procuram, mas a do coração, que pode iluminar e dar a paz em que está à volta). Mas há os irmãos e as irmãs para nos ajudarem e iluminarem com a sua luz. Uma luz que vem da sua vida interior, do coração habitado pela Palavra. Não se é cristão sozinho. Somos responsáveis uns pelos outros («onde está o teu irmão?»), mas também e em primeiro lugar por nós próprios («Adão, onde estás?»).

 

Ir. Laura
In "Monastero di Bose"
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 31,07.2016 | Atualizado em 25.04.2023

 

 
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