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Filosofia contemporânea

Hanna Arendt: um pensamento situado

Paolo Terenzi, na introdução à obra “Hannah Arendt. Il pensiero secondo. Pagine scelte”, que recolhe textos da autora, diz que Hannah Arendt se caracteriza por um pensamento «em situação», no sentido em que parte sempre da realidade e se desenvolve numa fidelidade à própria realidade. Hannah Arendt aliou a esta preocupação com o real a preocupação com a condição humana, que considerava problemática. Hannah Arendt deixa transparecer isso mesmo na sua vida e na sua obra, exemplo paradigmático e polémico é a obra – “Eichamann em Jerusalém” (1963) – que é a reportagem do julgamento realizado em Jerusalém em 1961 do nazi Adolf Eichmann, tido como o “mentor” da solução final, mas considerado pela autora como um homem normal, cujo comportamento deixa transparecer aquilo a que Hannah Arendt chamou “banalidade do mal”, ao mesmo tempo que denuncia a presumível colaboração dos Conselhos hebraicos da Europa com os nazis.

Hannah Arendt nasceu em Hannover no dia 14 de outubro de 1906, no seio de uma família pertencente à burguesia hebraica, mas sem qualquer ligação com o movimento ou as ideias sionistas, pois os seus pais, Paul Arendt e Martha Cohn, defendiam os ideais da social democracia. Vivendo em Hannover, os pais de Hannah Arentd mudam-se para Königsberg, onde Hannah faz os seus estudos secundários, que termina em 1924, após ter passado no exame que dá acesso à universidade chamado “Abitur”. Todavia, Hannah havia frequentado no ano de 1923 a Universidade de Berlim onde se inscreveu no curso de teologia cristã dado por Romano Guardini, onde ouviu falar pela primeira vez de Kierkegaard.

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Terminado o “Abitur”, Hannah Arendt inscreve-se na Universidade de Marburg onde considerava estarem dadas as condições para o estudo da Filosofia, uma vez que não só em Marburg a fenomenologia de Husserl fazia sucesso, mas em Marburg também dava aulas o filósofo Martin Heidegger do qual se tornaria amiga. No ano de 1926 Hannah parte para Freiburg para estudar durante um semestre com Husserl, já Edith Stein se tinha afastado do seu mestre. Hannah Arendt não voltará a Marburg, pois Heidegger recomenda a Hannah que vá para Heidelberg para estudar com Karl Jaspers, o que ela fará e onde permanecerá até ao ano de 1929 quando terminou a sua tese de doutoramento, orientada pelo professor Jaspers, intitulada “O conceito de amor em Santo Agostinho”.

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Finda a tese, nesse mesmo ano de 1929 Hannah Arendt transfere-se para Berlim onde recebe uma bolsa de estudo para fazer uma investigação sobre o romantismo alemão dedicada à figura de Rahel Varnhagen, e ao mesmo tempo casa com o filósofo hebreu Günther Stern que havia conhecido uns anos antes num dos seminários ministrados por Heidegger. No início dos anos 30, quando os judeus começam a ter problemas na Alemanha nazi, começa o seu interesse pela política. Mas em 1933 Hannah vê-se forçada a partir da Alemanha com a sua mãe (já que o pai tinha morrido em 1913) para Paris onde permanece de 1933 a 1939. Durante este período Hannah Arendt trabalha com organizações judaicas para os refugiados e continua o seu estudo sobre o romantismo alemão. Em 1936 separa-se de G. Stern, passando a viver com Heinrich Blücher com quem casará em 1940. Um ano depois Hannah vê-se forçada a abandonar Paris, mudando-se com Heinrich e sua mãe Martha para Nova York, onde depressa passa a fazer parte de um influente círculo de intelectuais e escritores reunidos em torno do jornal “Partisan Review”.

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Durante o pós-guerra Hannah Arendt dá aulas em várias universidades americanas entre as quais Princeton, Berkeley e Chicago, todavia encontrava-se mais ligada à New School for Social Research, onde deu aulas de Filosofia Política até à sua morte. No ano de 1951 Hannah Arendt publica “As Origens do Totalitarismo”, considerada a sua obra maior e a maior obra filosófico-política sobre o totalitarismo corporizado pelos regimes de Hithler e Stalin. Em 1958 publica outra obra importante “A condição humana”. E em 1963 publica uma obra onde faz uma análise comparativa entre as revoluções americana e francesa intitulada “Sobre a Revolução”. Ainda durante os anos 60 e 70 escreve numerosos ensaios que foram posteriormente reunidos e publicados em algumas obras tais como “Entre o passado e o futuro” (1961) e “Homens em tempos sombrios” (1968). Nesta última obra que coleciona perfis biográficos de figuras eminentes (Lessing, Rosa do Luxemburgo, Walter Benjamin, Bertolt Brecht), Hannah Arendt dedica também algumas páginas, cuja leitura é incontornável, a Angelo Giuseppe Roncalli, então Papa João XXIII, com base no escrito espiritual de João XXII intitulado “Diário de uma alma”, considerando no fim que um Cristão se sentou no trono de Pedro.

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Hannah Arendt publicou ainda em 1970 “Sobre a violência”. Após a sua morte no dia 4 de dezembro de 1975 em Nova York, Hannah tinha deixado completos os dois primeiros volumes, “Sobre o Pensamento” e “Sobre a Vontade”, da sua maior obra filosófica intitulada “A vida da Mente”, que seria publicada postumamente em 1978, tendo ficado incompleto o terceiro volume “Sobre o Julgar”, publicado em parte no ano de 1982 sob o título “Lições sobre a Filosofia Política de Kant”.

 

L. Oliveira Marques
© SNPC | 19.05.11

Hanna Arendt

 

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