Arquidiocese de Braga
Igreja Católica tem de ser mais clara no debate cultural, diz Marcelo Rebelo de Sousa
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta terça-feira que a Igreja Católica em Portugal tem uma ação importante no setor social mas manifesta uma presença «menos clara» em áreas como a comunicação social, educação e debates culturais.
A arquidiocese de Braga convidou o comentador para intervir na conferência “Sacerdotes e a Cultura – A Igreja na Capital Europeia da Cultura”, realizada no auditório da igreja de Azurém.
Em declarações aos jornalistas após o encontro, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que em questões como o aborto e a família «tem havido decisões maioritárias dos portugueses que são diferentes daquilo que é a posição da maioria esmagadora dos católicos, o que significa que, os católicos, nessas questões, já ficaram minoritários», refere o jornal “Diário do Minho”.
«Os últimos números mostram, por exemplo em matéria de famílias, que há um número crescente e uniões de facto, que há um número crescente de casamentos não religiosos, e que diminuiu o número de batizados comparativamente com o passado», observou.
«Isso, para mim, não é dramático. Há sociedades europeias e mundiais em que certas comunidades religiosas são minoritárias. A Igreja Católica é minoritária em muitos países e em muitas sociedades. Ser minoritária não é nenhum drama», acrescentou.
Um dos principais desafios da Igreja, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é o facto de parte da geração mais nova não perceber o fenómeno religioso e as suas práticas: «Acham que não é importante porque se vive um clima de relativismo. Não há valores absolutos».
A Igreja, sustentou, não deve impor, mas mostrar como se luta pelos valores. Assim, muitos poderão descobrir que, para além de valores sociais, existem também valores religiosos, defendeu.
O arcebispo de Braga sublinhou que a ação da Igreja na região deve ser «capaz de responder aos desafios da modernidade».
D. Jorge Ortiga pretende que a linguagem dos padres seja «menos hermética e mais compreensível» porque «nem sempre as pessoas entendem a mensagem que se quer comunicar».
O prelado salientou ainda que a música, a arquitetura, a escultura e a literatura devem estar presentes na vida da Igreja, refere a Agência Ecclesia.
Rui Jorge Martins
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28.06.12
Marcelo Rebelo de Sousa