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Igreja e Cultura: «diálogo franco e descomplexado» deve ser conservado como «um tesouro»

«O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?»

H.U. von Balthasar via na síntese de «luz interior e forma exterior» a beleza autêntica. Aquela que nos cativa, impelindo-nos para lá nós mesmos. Aquela que nos prende e liberta. Aquela que nos responde e interpela. Da incessante procura dessa síntese (de interioridade e exterioridade; de luz e forma) se há de fazer a relação Igreja-Cultura. E nisto elas são duas companheiras quase naturais – tanto que se podem tornar quase concorrenciais. Ambas buscam o belo, o verdadeiro, o bom; mas também a liberdade e a justiça. Ambas se querem totais, abraçando tudo o que há no Homem. Ambas alimentam e alimentam-se da insatisfação que parece morar no coração humano. Já não seria pouco, se soubéssemos antepor a todas as querelas, incompreensões, medos e indiferenças o tanto que acomuna o universo da fé cristã e o mundo da cultura.

Embalado pelo compasso «ternário» da questão, creio que no encontro Igreja-Cultura seja útil:

1. Criar um «pró-logo»: preocupa-me a forma como aparentemente desconsideramos o que precede a palavra, o raciocínio, a ação. Damo-lo por adquirido, por «com-partilhado». Sê-lo-á de facto? Importa que nos questionemos acerca da «disposição», do «imaginário» (cf. M.P. Gallagher) que, como pressuposto escondido, transportamos silenciosamente sempre connosco. E no iniciar gente ao encontro com Deus, este é um dado decisivo. Nisto a Igreja tem na Cultura uma voz a escutar atentamente, pois é esta hoje a grande criadora dos «pró-logos» de crentes e de não-crentes;

2. Manter um «diá-logo»: perseverar no diálogo franco e descomplexado entretanto aberto entre Igreja e Cultura parece-me ser qualquer coisa a conservar como um tesouro. Através da palavra e da escuta, mas também do gesto e da amizade, pode a experiência crente «levantar o céu» (cf. J. Mattoso) da cultura. Com a humildade de quem serve. Pode a cultura enraizar mais fundo a fé. Mostrar-lhe certas profundidades da alma humana. Vejo este «diá-logo» desejavelmente povoado pelas questões de sempre: Quem somos? Qual o sentido da vida? Não me espantaria se, por este caminho, o Evangelho surgisse tranquilamente como uma gramática plausível do Homem e da vida, mesmo para quantos o não leem como crentes;

3. (Re)Pensar várias «lógicas»: julgo essencial abrir a procura da verdade e o exercício da liberdade a outras lógicas para lá da lógica. Da experiência crente e do cultivo do humano dependerá muito da nossa capacidade de penetrar na complexidade da vida, de saber viver essa complexidade. Importa, pois, deixar falar várias lógicas: da fé e da razão; da ciência e da arte; da palavra e do gesto; do afeto e da memória; do encanto e do dom. Importa, no fundo, que desta cumplicidade entre Igreja e Cultura se abram caminhos que nos conduzam à sabedoria, virtude de que muito andaremos carenciados. Então a relação de que falamos não se bastará a si mesma, nem se satisfará no círculo sempre estreito dos que nela ativamente tomam parte. Então dessa relação há de nascer qualquer coisa que a todos pode tocar, porque orientada para a «perfeição integral da pessoa humana» e para o «bem de toda a comunidade» (cf. Gaudium et Spes, 59).

 

P. Alexandre Palma
© SNPC | 13.05.12

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