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Diocese do Porto

Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes organiza encontro sobre poeta Albano Martins

O Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, no Porto promove a 25 de maio uma sessão dedicada ao poeta Albano Martins, nascido em 1930 na aldeia de Telhado, concelho do Fundão.

Licenciado em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa, iniciou o seu percurso literário com a publicação, em 1950, de "Secura Verde", volume seguido por mais de duas dezenas de obras.

«Pertence-te/ ser homem, afirmar/ todos os dias que tens/ um compromisso: ser claro/ e brando como a luz/ e, como ela,/ necessário. E não deixar crescer à tua porta/ ervas daninhas» (Albano Martins).

Entre as suas traduções inclui-se "O Cântico dos Cânticos de Salomão", edição a partir do grego publicada no âmbito dos 25 anos da Cooperativa Árvore, de que foi colaborador.

«Sou um homem do sul, da claridade sem mácula, dos horizontes largos, lavados, varridos pelos ventos da Estrela e da Gardunha. A minha infância é uma écloga de pastores, boieiros e ganhões. Cresci entre fetos, fenos, juncos; entre o coaxar das rãs, o trilho dos pardais, a cegarrega das cigarras, o grasnar dos corvos, o canto dos ralos, das rolas e dos grilos, o arrulho dos pombos nos beirais dos telhados. Andei aos ninhos, como todos os rapazes da minha idade. Percorri, em sobressalto, as veredas e atalhos dos campos, os labirintos dos bosques, os meandros das sarças; persegui perdizes no recolhimento estival das searas e armei ciladas aos tordos nos terrenos lavrados, sob as árvores; colhi amoras nas sebes perfiladas à beira dos caminhos e sorvi o pólen açucarado da flor das acácias. Tive uma infância feliz. Perfumada. Em redor da casa cresciam eucaliptos e castanheiros e, lá ao fundo, depois das hortas e dos lameiros, a ribeira desdobrava o seu perfil de enguia líquida, em cujas águas se dessedentavam salgueiros, choupos e amieiros. Quem conhece a minha poesia sabe que esta é uma reserva que trago escondida no bornal e me serve de sustento na “lôbrega jornada”, como dizia Antero».

O presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d'Oliveira Martins, lembrava em 2010 que o poeta António Ramos Rosa ligava «à clareza é à limpidez» a poesia de Albano Martins, seu antigo companheiro da fundação da revista “Árvore".

Escrevia Rosa: «Há na tua poesia o aroma de um fruto/ O sabor de uma cor fresca/ Impelida pelo vento no mar/ A tua linguagem é natural/ Límpida e delicada/ Contornando as coisas e os seres».

Em dezembro de 2012 Albano Martins foi distinguido com o Grande Prémio de Tradução Literária da Associação Portuguesa de Tradutores / Sociedade Portuguesa de Autores, relativo a 2011, pela tradução da Antologia da Poesia Grega Clássica (ed. Afrontamento).

O encontro organizado pelo Instituto D. António Ferreira Gomes realiza-se às 16h00 na Fundação Engenheiro António de Almeida (Rua Tenente Valadim), contando com a intervenção de Isabel Ponce de Leão (membro do júri que atribuiu por unanimidade o Grande Prémio de Tradução Literária), Celeste Alves, Salvato Trigo, Helder Pacheco, Levi Guerra e o próprio Albano Martins.

D. António Ferreira Gomes (1906-1989) foi bispo do Porto de 1952 a 1982, tendo sido exilado por ordem do regime ditatorial de António de Oliveira Salazar entre 1959 e 1969. Refundou o semanário diocesano "Voz Portucalense" e foi galardoado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1976, e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, em 1983.

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 15.05.13

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Albano Martins

 

 

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