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Franciscanos Capuchinhos

Jardim Bíblico em Fátima: para apre(e)nder a Palavra com a Natureza

No Centro Bíblico dos Capuchinhos, em Fátima, desenvolve-se, desde 2003, um Jardim Bíblico. A ideia, delineada por frei Lopes Morgado, foi projetada pelo arquiteto paisagista Miguel Velho da Palma, que acompanhou a sua execução inicial. Depois de receber consideráveis melhoramentos nos últimos meses, foi inaugurado oficialmente no dia 16 de junho, quando da celebração  dos 50 anos da Casa dos Capuchinhos, naquela cidade.

O Jardim Bíblico, autêntico museu vivo, integra-se num dos três pólos que constituem o Centro Bíblico: a Fraternidade (residência e acolhimento dos irmãos da Ordem, Jardim Bíblico e Museu do Presépio), o Movimento Bíblico (editorial Difusora Bíblica, revista Bíblica, Livraria, Biblioteca e Secretariado Nacional do Movimento de Dinamização Bíblica) e a Casa de Acolhimento (peregrinos, cursos, encontros, retiros, semanas bíblicas).

Além da apresentação do espaço através de texto e fotografias, este artigo inclui a reportagem em vídeo realizada pelo programa 70X7 (ver final do texto).

 

O objetivo

No XI Domingo do Tempo Comum, a 17 de junho, a Palavra utilizava a metáfora de um “cedro frondoso” e de um ramo novo dele cortado e plantado num monte muito alto; dizia que «o justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro do Líbano»; e falava do reino de Deus como a semente de trigo que germina e dá fruto, ou o grão de mostarda que se torna a maior planta da horta… Para concluir, na 1ª Leitura: «E todas as árvores do campo hão de saber que Eu sou o Senhor.» Mas, as árvores aprendem? Sim. E ensinam-nos, se apre(e)ndermos a sua lição.

FotoCasa dos Capuchinhos e sinalização do Jardim Bíblico para a Avª Beato Nuno

O Jardim Bíblico deseja proporcionar esta outra forma de escuta da palavra de Deus, neste caso falada pela voz da criação. Esta é a «primeira revelação “cósmica” à humanidade, que nela pode ler uma mensagem do Criador», segundo o Sínodo dos Bispos de 2008 (Mensagem, 1); ou a Bíblia da gente mais próxima da vida e do rimo natural dos acontecimentos e das coisas.

FotoSob dois Cedros de 1973, 12 Pedras com os nomes das 12 tribos de Israel e dos 12 Apóstolos

 

Um duplo itinerário

Neste novo espaço cultural ao serviço da evangelização, a percorrer com a Bíblia, podemos seguir um duplo itinerário: o da história da revelação e salvação de Deus a um povo concreto; e o do significado simbólico das muitas árvores e arbustos que desafiam pela sua variedade, cor, flores e frutos – ou apenas pela sombra da sua folhagem – a parar, escutar(-se), ler, contemplar, refletir e (re)encontrar-se com ou no Criador. Mas nada disto é tão explícito, que torne outros caminhos e encontros improváveis. Aliás, o espaço é cruzado por vários caminhos diferentes.

FotoMonte (e altar) e pedras com o texto do Decálogo e das Bem-aventuranças

A História Bíblica parte da tenda de Abraão sob os carvalhos de Mambré (Gn 18), ainda a construir, e segue no Horto do Cântico dos Cânticos, no poço de Jacob, na Casa de Zacarias e de Marta, na gruta de Elias e dos Apóstolos, no Cenáculo e no Jardim das Oliveiras. Podendo concluir no monte com a evocação da Aliança (Ex 19, 20, 24; Js 24), das Bem-aventuranças (Mt 5,1-11) e do envio dos Apóstolos em missão (Mt 28,16-20).

FotoPedra com as referências bíblicas das tribos e dos apóstolos

A Caminhada com as árvores é ajudada pela etiqueta que vai acompanhar cada uma delas, indicando o seu nome em português, o nome científico e a referência de um livro, capítulo e versículo da Bíblia onde se fala dela. Por exemplo, junto da videira: “Eu sou a Videira” / Vitis vinifera / (Jo 15,1-8). Abrindo a Bíblia, o visitante lê o texto e, com apoio das notas, colhe nele os vários sentidos, leituras e lições, que podem vir-lhe do símbolo da própria árvore ou da sua relação com uma figura ou episódio bíblico. Tanto do Antigo como do Novo Testamento.

FotoLigação entre o Monte, o Jardim das Oliveiras à direita e o Cenáculo em frente

Quanto ao símbolo das árvores, lembro a aplicação da vinha ao povo de Israel, em Isaías 5,1-7. Ou o texto de Amós 2,9 em que Deus diz:

«Eu exterminei os amorreus,
que eram altos como cedros
e fortes como os carvalhos.
Destruí-lhes por cima os frutos e por baixo as raízes.»

Qualquer leitor apreende a lição das palavras altura e força, frutos e raízes, e a relação entre as árvores e as pessoas.

FotoEnquadramento e vista exterior do Cenáculo

Exemplos da relação das árvores com personagens bíblicos, parábolas evangélicas ou instituições: os carvalhos e Abraão (Gn 18,1), a alfarrobeira e o filho pródigo (Lc 15,16), a figueira amaldiçoada e o templo de Jerusalém (Mc 11,12-26).

FotoA Gruta, relacionada com o Antigo e o Novo Testamento

Optámos por não relvar os canteiros, para se poder admirar a muita variedade e beleza deste chão onde surgem várias dezenas de flores ao longo de todo o ano. Para não defraudar quem o visita em época de letargia, pensamos numa forma de mostrar as flores e os frutos das árvores em todas as estações, e até árvores não representadas aqui ou de aclimatação difícil. E como acompanhamos fotograficamente o crescimento do Jardim cada ano, temos imagens de todas as flores e frutos, que poderão ser vistas em PowerPoint.

FotoPedra com as referências bíblicas da Gruta

 

No Cenáculo e no Monte

O Cenáculo, coração deste Jardim e do Evangelho, é um auditório circular, evocativo do lugar da instituição da Eucaristia, onde mais de cem pessoas podem sentar-se formando um “pão partido”, tendo a de um lagar de azeitepor mesa central, enquanto em redor cresce o trigo e as videiras irão fazer cortina verde e dar vinho, constituindo a matéria da Eucaristia. Claro que a mó do “lagar de azeite”, em hebraico “Getsémani”, faz a ligação simbólica e vivencial à agonia de Jesus no Jardim com esse nome (Mc 14,32), onde Ele suou sangue (Lc 22,44).

FotoVista do Jardim, a partir do interior da Gruta

Junto das primeiras escadas de entrada no Jardim, sobressaem dois cedros majestosos, plantados pelos capuchinhos em 1973. Com eles e sob eles pode ser feita uma síntese da história bíblica, a partir das 12 pedras com os nomes das 12 tribos de Israel e dos 12 Apóstolos de Jesus (alternando as faces), e no monte (e altar) duplamente evocativo do Monte Sinai e do Monte da Galileia, sublinhados pelos textosdo Decálogo e das Bem-aventuranças – a Primeira e a Nova Lei.

FotoExplicação da simbólica do Cenáculo

Textos oracionais completam o espaço e enquadram o seu objetivo: o Cântico de Maria e o Cântico de Zacarias (Lc 1,46-55.68-79) junto da casa, o Cântico de Simeão (Lc 1,29-32) e o Pai-Nosso (Mt 6,9-13) ao lado de um caminho. Esta dimensão, narrativa e orante, mantém-se em aberto e vai certamente acolher outros textos.

FotoCenáculo: cobertura interior, com o trigo e as videiras nos quatro cantos

 

Sugestões pedagógicas

Esta descoberta, permitida pelas várias linguagens do Jardim Bíblico, pode ser feita individualmente ou em grupo. Estão previstos dias de estudo ou semanas de retiro com base nessa palavra “cósmica” e sagrada. E vai haver várias folhas de apoio nos espaços cobertos (tenda, casa, gruta e Cenáculo), para utilizar e deixar. Será feito um catálogo com textos bíblicos, dados científicos e culturais acerca das árvores, flores e frutos (a sua utilização na culinária, na medicina, etc.), propostas de trabalho individual ou em grupo; e promoveremos a colaboração com estabelecimentos de ensino, cujos alunos serão naturais destinatários do “JB”.

FotoBancos no Jardim das Oliveiras

Sugestão pedagógica: um grupo chega e reúne-se no anfiteatro do Cenáculo, onde é feita a apresentação geral, entregue o esquema e apresentado o tema ou proposta de itinerário. A seguir, dividido em pequenos grupos, faz o percurso e pode refleti-lo ou partilhá-lo na tenda, na casa, na gruta, nos três conjuntos de bancos sob as oliveiras, nas 12 pedras ou à volta do monte, nos muros/assentos e nos bancos de pedra sob várias árvores; e, outra vez em plenário no Cenáculo, conclui com partilha individual ou de grupo, síntese, proclamação de textos pela Bíblia, oração, propostas de futuro, redação de um texto, etc.

FotoVista do lado direito, entre o Cenáculo e a Casa, com Alfarrobeiras, Choupos, Palmeira, Olaias (Árvore de Judas), Alecrim, Faia e Amendoeiras. Ao fundo o Santuário de Fátima

A visita do Jardim é livre a pessoas individuais. Os espaços serão disponibilizados a grupos que os solicitarem antecipadamente pelo telefone 249 539 390 (para frei Lopes Morgado ou frei Manuel Rito), e se dispuserem a cumprir os seus objetivos. Nestes casos, poderá ser pedido algum contributo para a sua manutenção, a combinar entre os responsáveis da casa e do grupo. Mas desde já prevenimos que o Jardim Bíblico não será mais um “parque de merendas” em Fátima.

FotoEscrita do Pai-Nosso, em pedra da Serra d'Aire

 

FotoCaminho entre o Cenáculo e a Casa, pelo lado esquerdo, com Palmeira, Aloendro, Figueiras, Loureiro e Romãzeiras

 

FotoA Casa, vista por entre as Romãzeiras em flor

 

FotoPedra com as referências bíblicas da Casa

 

FotoInterior da Casa, com lugar para 18 pessoas sentadas

 

FotoA Palmeira e bancos debaixo das olaias (Árvore de Judas)

 

FotoO Cenáculo, visto dos bancos à sombra dos Choupos. Em frente, as Alfarrobeiras

 

FotoVista da metade do Jardim mais próxima do Santuário

 

FotoVista da parte do Jardim mais próxima da entrada pela Avª Beato Nuno

 

 

FotoUma vista do Jardim, em 24 de janeiro de 2012

 

 

 

Texto e fotografias: Lopes Morgado
Centro Bíblico dos Capuchinhos
Vídeo: RTP-2 / 70X7
Atualizado em 22.08.12

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