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Jornada Nacional da Pastoral da Cultura 2013 sobre "Culturas Juvenis Emergentes": intervenção de abertura de D. Pio Alves

Ao longo do dia teremos a oportunidade de nos deixarmos enriquecer com reflexões variadas e complementares sobre “culturas juvenis emergentes”. Cá estarei para aprender.

Aproveito para, desde já, agradecer aos nossos convidados a sua generosa participação. E agradeço também o interesse significado pela vossa presença.

O tema escolhido pelo Secretariado da Pastoral da Cultura, a adesão dos nossos colaboradores, a vossa presença – tudo somado – significa que estamos diante de uma problemática que tem muito conteúdo e encerra não menos perplexidades e interrogações. Vou evocar apenas uma, que se situa, certamente, na primeira linha: a tremenda realidade do desemprego, do desemprego dos jovens.

A praga social do desemprego, de crescente atualidade, na sua componente financeira, é particularmente grave quando atinge, em simultâneo, um casal com filhos pequenos. Mas, no caso dos jovens, levanta interrogações de sentido, compreensivelmente difíceis de ultrapassar. Escreveu João Paulo II na encíclica Laborem Exercens (18): “O desemprego torna-se problema particularmente doloroso quando são sobretudo atingidos os jovens que, depois de se terem preparado por meio de formação cultural, técnica e profissional apropriada, não conseguem emprego e, com mágoa, veem frustradas a sua vontade sincera de trabalhar e a disponibilidade para assumir a própria responsabilidade no desenvolvimento económico e social da comunidade”.

Nisto, como em todas as coisas, interessa, certamente, encontrar as causas para, mais facilmente, remediar as consequências; nesta, como em qualquer outra realidade social, faz sentido identificar atores para uma eventual responsabilização e facilitar a construção de novos rumos. Mas o que não faz sentido ou, pelo menos, não concorre para uma verdadeira reconstrução da esperança é entrar na gritaria pela gritaria, na acusação pela acusação, deixando de fora os imprescindíveis protagonistas da solução que, neste caso, são os jovens, cada um dos jovens.

Colocar-se de fora ou deixá-los de fora só servirá para prolongar um estilo de educação, que marcou a muitos de toda uma geração. Muitas vezes, uma educação familiar onde os pais, movidos pelo afeto, quiseram dar aos filhos tudo o que não tinham tido no seu pessoal processo de integração na sociedade: uma educação familiar onde, com a melhor das intenções, estiveram ausentes os nãos; onde foram aplanadas as montanhas das dificuldades; onde foram sistematicamente satisfeitas as vontades; onde os recursos financeiros não foram geridos com parcimónia.

Acresce a este panorama, no mundo da escola, uma pedagogia que afinou, demasiadas vezes, por idêntico diapasão: o esforço não foi suficientemente valorizado ou até foi confundido com potencial elemento traumatizante; a aprendizagem assumiu contornos lúdicos que disfarçou a normal necessidade de trabalho para a consecução de metas; a reprovação, a que eufemística e significativamente se chama retenção, foi dificultada, escondida ou impossibilitada.

Obviamente, não está em causa o reconhecimento de que em todas estas opções familiares e escolares há elementos positivos que ultrapassaram, com vantagem, alguns modos anteriores.

Nós, mais adultos – família e escola –, demos o nosso contributo às marcas de uma formação que não é, certamente, a mais adequada para enfrentar os tremendos desafios de uma sociedade que, entretanto, se desregulou, baralhou, faliu. Podemos e devemos, certamente, corrigir a mão e não abandonar os jovens à sua sorte. Mas não podemos substitui-los no imprescindível protagonismo que só eles podem assumir. Caso contrário, não faríamos mais que prolongar uma infantilização que os diminuiria na sua dignidade e não os tornaria atores da sociedade nova que, entre todos, teremos que reinventar.

O acesso à realidade do trabalho, mormente para os jovens, é, nas atuais circunstâncias, uma tarefa de tal modo árdua e sempre tão imprescindível que não se compadece com a fuga para o mundo das acusações.

A crescente dificuldade de acesso ao trabalho, regular e remunerado, é uma realidade marcante em que – como causa e como consequência – se desenvolvem as culturas juvenis emergentes.

A imprescindível cooperação dos mais velhos deverá servir os jovens na consolidação do desafio do Papa Francisco no passado Domingo de Ramos: “Por favor, não vos deixeis roubar a esperança, não deixeis roubar a esperança” (Homilia no Domingo de Ramos (24.03.2013), 1 (DP 34, 2013).

 

+Pio Alves, Bispo Auxiliar do Porto
Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

 

© SNPC | 24.06.13

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D. Pio Alves
Fátima, 21.6.2013

 

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