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Meditação do papa Francisco sobre o Pentecostes: Espírito Santo inspira diálogo com Deus e a humanidade

O papa Francisco presidiu hoje, no Vaticano, à missa do Pentecostes, tendo sublinhado que o Espírito Santo, mais do que um mestre de doutrina é um mestre de vida que inspira a profecia e o diálogo com Deus e a humanidade.

O Espírito Santo ensina o caminho do seguimento de Cristo, recorda as suas palavras e possibilita que cada pessoa fale com Deus e entre em diálogo com os seres humanos, compreendendo as suas angústias, esperanças, tristezas e alegrias, afirmou.

Francisco vincou também a importância da profecia por parte dos cristãos, que deve ser «feita com franqueza, para mostrar abertamente as contradições e as injustiças, mas sempre com suavidade e intenção construtiva».

«Pentekoste hemera» significa, em grego, «dia quinquagésimo». Remontando ao calendário judaico, no Antigo Testamento, o Pentecostes, que encerra o Tempo Pascal, sinaliza a descida do Espírito Santo sobre a Igreja nascente, 50 dias após a Páscoa, abrindo-a à difusão do Evangelho a todos os povos.

Apresentamos a homilia do papa Francisco. Os subtítulos foram acrescentados pela redação do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

 

Pentecostes, um dia que se renova todos os dias

«Todos ficaram cheios do Espírito Santo» (Atos 2, 4).

Falando aos apóstolos na Última Ceia, Jesus disse que, após a sua partida deste mundo, enviar-lhes-ia o dom do Pai, isto é, o Espírito Santo. Esta promessa realiza-se poderosamente no dia do Pentecostes, quando o Espírito Santo desce sobre os discípulos reunidos no Cenáculo.

Aquela efusão, ainda que extraordinária, não foi a única nem limitada àquele momento, mas foi um acontecimento que se renovou e continua a renovar-se. Cristo glorificado à direita do Pai continua a realizar a sua promessa, enviando sobre a Igreja o Espírito vivificante, que nos ensina, nos recorda e nos faz falar.

 

O Espírito Santo ensina-nos

O Espírito Santo ensina-nos: é o Mestre interior. Guia-nos pelo caminho certo, através das situações da vida. Ele ensina-nos a estrada, a via. Nos primeiros tempos da Igreja, o cristianismo era chamado «o caminho», e o próprio Jesus é o Caminho.

O Espírito Santo ensina-nos a segui-lo, a caminhar seguindo os seus passos. Mais do que um mestre de doutrina, o Espírito Santo é um mestre de vida. E da vida faz parte, certamente, também o saber, o conhecer, mas dentro de horizonte mais amplo e harmonioso da existência cristã.

 

O Espírito Santo recorda-nos

O Espírito Santo recorda-nos, recorda-nos tudo o que Jesus disse. É a memória viva da Igreja. E ao mesmo tempo que nos recorda, faz-nos compreender as palavras do Senhor.

Este recordar no Espírito e graças ao Espírito não se reduz a um facto mnemónico, mas é um aspeto essencial da presença de Cristo em nós e na sua Igreja. O Espírito de verdade e de caridade recorda-nos tudo aquilo que Cristo disse, faz-nos entrar cada vez mais plenamente no sentido das suas palavras.

Todos nós temos esta experiência: num determinado momento, em qualquer situação, surge uma ideia e depois outra liga-se a um trecho da Escritura... É o Espírito que nos faz fazer esta estrada: a estrada da memória viva da Igreja.

E isto pede de nós uma resposta: quanto mais a nossa resposta é generosa, mais as palavras de Jesus se tornam vida em nós, tornam-se atitudes, escolhas, gestos, testemunho. O Espírito recorda-nos, substancialmente, o mandamento do amor, e chama-nos a vivê-lo.

Um cristão sem memória não é um verdadeiro cristão: é um cristão a meio caminho, é um homem ou uma mulher prisioneiro do momento, que não sabe fazer tesouro da sua história, não sabe lê-la e vivê-la como história de salvação.

Pelo contrário, com a ajuda do Espírito Santo, podemos interpretar as inspirações interiores e os acontecimento da vida à luz das palavras de Jesus. E assim cresce em nós a sabedoria da memória, a sabedoria do coração, que é um dom do Espírito Santo. Que o Espírito Santo reavive em todos nós a memória cristã.

E naquele dia, com os apóstolos estava a Senhora da memória, aquela que desde o início meditava todas aquelas coisas do seu coração. Estava Maria, nossa mãe. Que ela nos ajude nesta estrada da memória.

 

Espírito Santo faz-nos falar com Deus e com a humanidade

O Espírito Santo ensina-nos, recorda-nos e, outra característica, faz-nos falar, com Deus e com os homens. Não há cristãos mudos, mudos de alma; não, não há lugar para isto.

Faz-nos falar com Deus na oração. A oração é um dom que recebemos gratuitamente; é diálogo com Ele no Espírito Santo, que reza em nós e nos permite dirigirmo-nos a Deus chamando-o Pai, Papá, "Abbà"; e este não é só uma "maneira de dizer", mas é a realidade, nós somos realmente filhos de Deus. «De facto, todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus» (Romanos 8, 14).

«Faz-nos falar no ato de fé. Nenhum de nós pode dizer «Jesus é o Senhor», ouvimo-lo hoje, sem o Espírito Santo. E o Espírito faz-nos falar com os homens no diálogo fraterno. Ajuda-nos a falar com os outros, reconhecendo-os como irmãos e irmãs; a falar com amizade, com ternura, com suavidade, compreendendo as angústias e as esperanças, as tristezas e as alegrias dos outros.

Mas há mais: o Espírito Santo faz-nos falar também aos homens na profecia, isto é, fazendo-nos canais humildes e dóceis da Palavra de Deus. A profecia é feita com franqueza, para mostrar abertamente as contradições e as injustiças, mas sempre com suavidade e intenção construtiva. Penetrados pelo Espírito de amor, possamos ser sinais e instrumentos de Deus, que ama, que serve, que dá a vida.

 

Vem, Espírito Santo

Recapitulando: o Espírito Santo ensina-nos o caminho; recorda-nos as palavras de Jesus; faz nos rezar e chamar Pai a Deus, faz-nos falar aos homens no diálogo fraterno e faz-nos falar na profecia.

O dia de Pentecostes, quando os discípulos «ficaram cheios do Espírito Santo», foi o batismo da Igreja, que nasce "em saída", "em partida", para anunciar a todos a Boa Nova. A Mãe Igreja que parte para servir.

Recordemos a outra mãe, a nossa mãe que parte com prontidão para servir. A mãe Igreja e a mãe Maria: ambas virgens, ambas mães, ambas mulheres.

Jesus foi perentório com os apóstolos: não deviam afastar-se de Jerusalém antes de ter recebido do alto a força do Espírito Santo. Sem Ele não há missão, não há evangelização. Por isso, com toda a Igreja, a nossa mãe Igreja católica, invocamos: vem, Espírito Santo!

 

Trad./redação: SNPC/rjm
© SNPC | 08.06.14

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