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Pré-publicação

O Evangelho da beleza

O cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e o padre esloveno Marko Rupnik, autor do painel da igreja da Santíssima Trindade, no santuário de Fátima, assinam os textos de “O Evangelho da beleza”.

A obra das Paulinas lançada esta semana, que integra a coleção “Poéticas do viver crente”, dirigida por José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, é prefaciada pela pintora Emília Nadal, texto que oferecemos aos nossos leitores.

 

Prefácio

A aspiração à plenitude da felicidade e inerente ao ser humano no seu desejo de harmonia e bem-aventurança. Prova-o a historia das culturas e das religiões, na diversidade de interpretações que revestiram aqueles conceitos, nos modos como influenciaram a vida dos povos e das sociedades, e plasmaram as linguagens das artes e do culto religioso.

Quando as realidades visíveis e invisíveis são percecionadas como beleza, tendem a despertar o espanto e a interrogação que permitem a abertura do ser a experiência estética e a revelação do inefável. O fascínio por tudo o que se entende ser beleza e bondade, ou suscetível de ser admirado e amado, deve-se a todos os níveis da perceção que concorrem para o mais elevado nível do conhecimento.

A questão que nos ocupa radica, assim, no âmago da perceção humana e no plano da consciência, não como ideia mas como realidade transformante que encontra expressão em linguagens simbólicas que mediatizam a comunicação entre o divino e o humano, e a relação deste como o santo e o sagrado.

Neste sentido, será possível afirmar que a pedagogia da revelação divina, e a ação do Espírito Santo, correspondem exatamente à forma percetiva e recetiva da sua criatura? Será possível associar aquela forma (molde) aos conceitos da «imagem» e da «semelhança», no relato das origens? (Gn 1,26)

A complexidade dos temas que envolvem as questões do Belo e da Beleza, e a inexistência de instrumentos científicos adequados ao seu estudo, podem justificar o não terem sido objeto de interesse para uma reflexão constante e sistemática, na área da teologia. A persistência de mitos culturais que desvalorizam áreas do conhecimento conotadas com a subjetividade, explicam que o tema da Beleza tenha permanecido no capítulo da espiritualidade.

A tensão que atualmente existe entre o pensamento niilista, que é subjacente às artes e à cultura das elites, e a cultura esteticista, que enforma a civilização das massas e das aparências, exige que a teologia reavalie os contornos de uma questão que, sendo essencial à comunicação do Evangelho como revelação da pessoa e dos mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo, é estruturante da cultura cristã.

Sob o titulo O Evangelho da Beleza, publicam-se textos de autores que respondem àquela exigência, propondo uma leitura atualizada do percurso do pensamento cristão sobre o tema. Igualmente assertivas, as intervenções de D. António Marto, Gianfranco Ravasi e Marko Ivan Rupnik abrem diferentes perspetivas de abordagem àquele pensamento e propõem novas metodologias no campo das respetivas especializações.

O entendimento da realidade cultural como lugar teológico, e não como fator de ordem sociológica, e as dinâmicas relacionais da fé, perpassam nas intervenções agora publicadas, sendo explicitas em D. António Marto, enquadrando-se o tema da Beleza na proposta da estética teológica, na perspetiva profética de H. U. von Balthasar.

Percorrendo as Sagradas Escrituras e os itinerários do pensamento das tradições clássica e hebraico-cristã, os textos dos Padres e dos teólogos do Ocidente católico e do Oriente ortodoxo, Gianfranco Ravasi e Marko Ivan Rupnik refletem, respetivamente, sobre o sentido teológico do Belo e das suas manifestações, e o seu efeito na revelação divina e na relação da humanidade com o Mistério Trinitário.

A recorrência a linguagens simbólicas e a referência a expressões de poetas, escritores e artistas, é outra constante comum aos três autores, integrando as perspetivas das artes, da estética e da mística, como elementos intrínsecos da questão da beleza e da própria Revelação.

Um estilo de reflexão aberta a outras especialidades, e em aproximações sucessivas, parece configurar um novo paradigma do pensamento teológico; não já a procura do sentido do Belo ou da Beleza, a partir de uma teologia abstrata, mas o inverso, uma teologia que inclui a experiencia espiritual, a interdisciplinaridade e a realidade da existência humana na sua totalidade.

Neste conjunto de textos, salienta-se ainda uma característica particular: são abordagens muito personalizadas que radicam numa experiencia da fé vivida e refletida. Propõem a reconversão de alguns enfoques que persistem na teologia e na exegese, e propõem a articulação do pensamento teológico com a dimensão estética da fé e da Revelação.

Da beleza formal destas intervenções irradia o esplendor dos respetivos conteúdos. Pertence-nos captar e transmitir o seu fulgor.

 

Emília Nadal
In O Evangelho da beleza, ed. Paulinas
© SNPC | 03.05.12

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