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Música: O sopro místico do canto beneditino

Imagem Capa (det.) | D.R.

Música: O sopro místico do canto beneditino

No mosteiro beneditino de Núrsia, Itália, a clepsidra do tempo parece parada há séculos: no berço da civilização cristã ocidental, entre os lugares que deram o natal a S. Bento e à sua irmã Santa Escolástica, os ritmos da vida quotidiana são ainda hoje escandidos pela solenidade do canto gregoriano, como testemunha o disco “Benedicta”, centrado no repertório sacro em honra da Virgem.

Entre antífonas e hinos que representam o coração da devoção mariana, marcos miliares como “Salve Regina”, “Alma Redemptoris Mater”, “Ave Regina Caelorum” e “Regina Coeli”, encontra espaço também um trecho original, “Nos qui Christi iugum”. Ao todo, são 33 faixas inauguradas pelo som do sino e do rumor dos passos dos monges que entram na igreja e tomam o seu lugar para entoar a oração matinal, à primeira luz do dia.

“Benedicta” (57’) apresenta não só cantos marianos amplamente reconhecidos na Igreja católica, mas também responsórios gravados pela primeira vez. O mestre de coro, frei Basil Nixens, explica que a seleção abrange sete momentos que definem a vida de Maria. Algumas peças são entoadas por toda a comunidade, enquanto que a interpretação de outras é confiada a conjuntos mais pequenos ou a solistas.

O grande sucesso comercial deste disco-documento, que se verifica sobretudo nos EUA (foi número 1 na tabela de música clássica da revista “Billboard” e top 5 do sítio “Amazon”), testemunha um fascínio e um apelo que se estendem bem para lá da pura dimensão estética ou artística, revelando o valor de uma liturgia concretamente vivida e participada; porque, como afirma o prior da comunidade de Núrsia, padre Cassian Folsom, «a música é essencial para a vida monástica: o canto é parte do ar que respiramos».

A comunidade monástica de Núrsia é composta atualmente por 18 religiosos, de vários pontos do globo, que desde 1998 voltaram a entoar o canto gregoriano, após cerca de 200 anos de silêncio.

Além das orações, a vida dos monges é pautada pelo trabalho: «Não somos anjos, somos homens, pelo que temos de comer», sublinha Cassian Folsom. Neste sentido, os monges produzem variedades da cerveja “Birra Nursia”, que ganhou devotos de países distantes, levando novos visitantes à comunidade.

«Muitas pessoas têm talvez a ideia romântica de que os monges pairam à volta do claustro durante todo o dia», afirma o prior. «Mas na verdade, a vida monástica é realmente normal. Tu levantas-te e rezas, fazes o teu trabalho e vais para a cama. No dia seguinte fazes a mesma coisa. S. Bento é, de certa forma, o padroeiro da normalidade. Encontrar a presença de Deus na normalidade é um propósito da vida monástica. Nós temos uma comunidade muito nova – a média de idades anda pelos 33. Eu sou o mais velho, com os outros muito novos. Por isso há aqui uma vitalidade jovem na alternância do trabalho e oração ao longo do dia, a par da fraternidade – não como uma fraternidade colegial, mas como comunidade de irmãos», acrescenta.

 

 

Andrea Milanesi
In "Avvenire"
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 03.09.2015

 

Título: Benedicta - Marian chant from Norcia
Intérpretes: Monges de Núrsia
Editora: Decca
Preço: 18,00 €

 

 
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“Benedicta” (57’) apresenta não só cantos marianos amplamente reconhecidos na Igreja católica, mas também responsórios gravados pela primeira vez. O mestre de coro, frei Basil Nixens, explica que a seleção abrange sete momentos que definem a vida de Maria
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