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Espiritualidade

O coração do orante

Só Cristo, na sua pessoa e pela sua palavra, nos pode revelar o rosto de Deus a quem dirigimos a nossa oração. Toda a oração pressupõe por isso o acolhimento da Palavra do Senhor e um coração iluminado pela fé.

“A candeia do teu corpo são os teus olhos. Se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo estará iluminado” (Lucas 11, 34).

O olho que nos permite ver sobrenaturalmente é a fé. Através da fé contemplamos o desígnio de Deus e o sentido oculto das coisas, desde que a incredulidade não obscureça o nosso olhar. O corpo designa o lugar onde a luz deve resplandecer, o concreto da vida.

Aquele que escuta a Palavra e a coloca em prática (Lc 11, 28) é iluminado em toda a sua existência (Lc 11, 36).

Só um coração puro e em paz pode acolher a Palavra. Preparemos então em nós um espaço de silêncio.

“Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. (...) Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 33-34).

“Dai esmola do que possuís, e para vós tudo ficará limpo” (Lc 11, 41).

O desprendimento das coisas da terra não é contudo suficiente. Se o coração está devidamente ordenado mas vazio, sete outros espíritos, cada um mais maligno do que aquele que foi posto fora, podem introduzir-se e o “estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro” (Lc 11, 26).

A que perigos nos expomos, nós, os solitários, se o nosso coração está vazio de amor! Se não tenho amor, não sou nada, a minha oração não é nada!

Daí a importância de se fixar diante do rosto do amor de Deus, para que o nosso coração se inflame.

“Uma só [coisa] é necessária. [De Marta e Maria,] Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc 10, 42).

Se é certo que há muitas coisas a fazer, é ainda mais verdade que escutar a Palavra do Senhor é único e insubstituível (Actos dos Apóstolos 6, 2-4). Marta oferece o seu serviço, e isso é bom. Maria, por seu lado, dá ao Senhor poder dar; ela oferece a sua pobreza e o seu amor. É o essencial, a única coisa necessária face a Deus, a única coisa eterna.

Os contemplativos de todos os tempos reconheceram em Maria a imagem da gratuidade de uma oração que não pede nada, mas que se ocupa exclusivamente da pessoa do Senhor e que se dedica a acolher o dom que ele fez de si próprio na sua Palavra, nas profundezas de um coração aberto, silencioso e atento.

A “melhor parte” evoca “a parte” dos levitas no culto do Antigo Testamento (Deuteronómio 10,9). O novo culto é a escuta da Palavra, em todas as casas onde se encontre alguém para a receber. A oração, na sua raiz, é sacerdotal.

No entanto não vamos opor vida contemplativa e vida activa: toda a vida cristã tem as duas, embora em diferentes proporções. Em Lucas, a perícope de Marta e Maria forma um díptico com a parábola do agir misericordioso do Bom Samaritano (10, 25-37).

A Palavra de Deus caminha secretamente no concreto da vida, e por vezes é o estrangeiro e o herege que chegam a ela em primeiro lugar, enquanto que o detentor dos preceitos de Deus (o sacerdote e o levita, na parábola do Bom Samaritano) passa ao lado da inspiração profunda da misericórdia de Deus e não a manifesta nos seus gestos. Ele não reconheceu nem o Filho nem o Pai.

Para orar, é preciso portanto um coração puro, animado de uma fé profunda, livre das cadeias deste mundo e atento à pessoa e a Palavra do Senhor.

 

In La prière: Entre combat et extase
Trad.: rm
© SNPC (trad.) | 25.04.10

El Grego (det.)


















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