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Espiritualidade

Rezar é preciso

Rezar ao Mestre da messe (Lucas 10, 1-11)

No momento de enviar os setenta e dois discípulos em missão, Jesus dá-lhes dois conselhos: orar e anunciar que o Reino de Deus está próximo.

“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe” (Lc 10, 2).

É na oração que a Igreja escolhe e envia os seus apóstolos, oração para lhes dar a força do Espírito. No primeiro dia de evangelização do mundo, no Pentecostes, os discípulos em oração recebem o dom do Espírito e anunciam as maravilhas de Deus. A proclamação do Evangelho é uma obra do Espírito e a sua eficácia nasce da força do Espírito. É por isso que Jesus pede que se reze para que Deus envie operários. Se Deus não concede a graça do Espírito, todos os esforços e iniciativas do homem, por muito sinceras que sejam, tornam-se vãs e inúteis. Deus dá o crescimento – e só Ele!

É por isso que a Igreja conta enormemente com a oração dos contemplativos e das contemplativas para a missão dos seus apóstolos. A padroeira das missões, Teresa do Menino Jesus, é uma jovem carmelita que nunca saiu do seu claustro, mas cujo amor e oração percorreram o mundo.

A messe é o julgamento escatológico do mundo; julgamento que começa desde logo no acolhimento ou recusa da palavra que anuncia a presença do Reino de Deus. Drama diário, drama eterno...

Jesus lança um olhar para a imensidão do mundo (João 4, 35) e vê que por todo o lado o campo espera pelo ceifeiro.

Por todo o lado há espíritos que procuram a luz, olhos que espreitam a vinda de uma salvação esperada mas desconhecida, corações que bradam a sua sede de justiça e amor verdadeiros. A oração contemplativa encontra este olhar e retoma o clamor de Jesus para o Pai: “Que venha o teu reino”.

 

Procurai o reino, o resto ser-vos-á dado por acréscimo

“(...) Não vos preocupeis (...) Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber, nem andeis ansiosos (...) O vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. Procurai, antes, o seu Reino, e o resto vos será dado por acréscimo. Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12, 22. 29-32).

A palavra “procurar” faz parte da linguagem sobre a oração no Novo Testamento: “Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis” (Lc 11, 9). Jesus ensina-nos uma certa indiferença face às inquietações materiais que constituem a preocupação constante do mundo. Não que não tenhamos necessidade de comer, de nos vestir, de receber uma certa educação, de estar rodeados de segurança, sobretudo afectiva – em resumo, de todas as coisas fundamentais que tornam possível uma vida simplesmente humana. Temos necessidades legítimas mas o Pai conhece-as bem melhor que nós. E o Pai ama-nos, nós que somos seus filhos e suas filhas; e a sua Providência governa tudo. Se nós pedimos o pão de cada dia, é porque o Senhor nos ensina a fazê-lo, fazendo-nos reconhecer o quanto somos pobres e dependentes. É dEle que recebemos tudo. Rezamos não por causa de Deus mas por nossa causa.

Mas rezamos com calma e confiança, respeitando a hierarquia dos valores. O essencial é o Reino. É ele que é preciso pedir que venha e que temos de procurar antes de tudo. O resto ser-nos-á dado por acréscimo. Vemos assim qual deve ser o conteúdo da nossa oração. Aliás, o Senhor vai afastar toda a ambiguidade sobre a questão.

 

Dizer o Pai Nosso

“Quando orardes, dizei:
Pai, santificado seja o teu nome;
venha o teu Reino;
dá-nos o nosso pão de cada dia;
perdoa os nossos pecados,
pois também nós perdoamos
a todo aquele que nos ofende;
e não nos deixes cair em tentação” (Lucas 11, 2-4).

- “Pai!” Eu, filho, digo a Ti, Deus: “Pai”. Proximidade, confiança, simplicidade. Tu conhece-me. Eu conheço-te. Eu procuro completar a obra que tu me dás a realizar na minha vida, em sintonia perfeita e total com a tua vontade.

- “Que o teu Nome seja santificado”. O teu Nome designa o teu ser. É santo por excelência. Nada podemos juntar à tua santidade mas podemos reconhecê-la pelo que ela é e dar-lhe glória.

Desde sempre que os homens, e sobretudo o povo de Israel, tentaram santificar e glorificar o teu Nome, pela obediência aos teus mandamentos e pelo reconhecimento da tua majestade numa oração de puro louvor comunitário e pessoal. Mas eles não chegaram a ser santos como Tu és santo nem a obedecer aos teus mandamentos; por outro lado, o conhecimento que eles tinham de Ti era obscuro, um reflexo longínquo do teu verdadeiro esplendor.

- Assim se elevou em Israel, mas também nos pagãos, uma oração fevorosa para Ti, para que Tu te santifiques e te glorifiques ao te manifestares como Salvador aos olhos de todos os homens. Todavia, só Tu podes estabelecer o teu reino entre nós, só Tu podes revelar-te no teu poder e na tua glória, na tua justiça e na tua graça. “Que venha o teu reino”.

A tua resposta é o teu Filho, a sua pessoa, a sua vida e a sua morte. Mostraste-nos o segredo do teu ser, o Amor gratuito, misericordioso, transbordante de um Pai para os seus filhos. Atraíste-nos a Ti com dois braços que são o teu Filho e o teu Espírito. Espírito semeado nos nossos corações, dando-nos, em Cristo, ser teus filhos e de clamar “Pai” com toda a confiança, de pedir que a santidade do teu Amor – o teu verdadeiro rosto – seja conhecido de todos os homens, que o teu reino de justiça, de perdão e de paz seja estabelecido no coração dos homens e em toda a comunidade humana. Só Tu o podes realizar e queres associar-nos à tua obra, ordenando-nos que to peçamos pela nossa oração, fazendo assim que os nossos corações sejam aberturas, brechas pelas quais a tua graça entre no mundo e se espalhe entre os nossos irmãos como se espalhou pelas feridas do teu Filho na cruz.

Porquanto é pela fraqueza do Amor que Tu queres estabelecer o Teu Reino. A tua omnipotência é a potencia de uma compaixão real e sem limites, de um perdão que não recusa diante do maior mal que o homem possa fazer-se a si mesmo, de uma comunhão de vida oferecida em pura gratuidade, apoiada em nada mais que a tua Bondade infinita.

Quiseste respeitar a liberdade dos homens, deixar desenrolar-se a história no tempo; um tempo que no entanto tem um sentido e uma direcção porque se dirige para a plenitude do teu Reino no Cristo total, através de uma gestação lenta e obscura. Que a nossa oração apresse a tua vinda, Senhor. Maranatha!

- E porque somos seres incarnados, com as nossas necessidades, alimentando-nos a cada dia da tua criação, nós te pedimos, Pai, muito simplesmente, “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Tu sabes bem do que precisamos, nós confiamos em ti e não nos inquietamos.

- Por fim, Pai, “perdoa-nos os nossos pecados”. Perdoa-nos de não agir sempre como filhos, de não agir sempre como Tu. Perdoa-nos, Pai. Nascidos do teu perdão, perdoamos por nosso lado a todos os que nos causam dano. Por vezes é duro, Pai, porque somos sensíveis e rancorosos, mas de outra forma, como poderia o nosso coração acolher o teu perdão? Seríamos hipócritas, e diante de Ti, Pai, nada está escondido.

- Precisamente porque Tu conheces a nossa fraqueza, “não nos deixes cair em tentação”; não nos exponhas a uma prova que está para além das nossas forças. Preserva-nos de entrar no ponto de vista do tentador, de pactuar com ele, de “cair na tentação” (1 Timóteo 6, 9).

Nós sabemos, Pai, que podemos sempre contar contigo.

 

In La prière: Entre combat et extase
Trad.: rm
© SNPC (trad.) | 28.04.10

ImagemVan Gogh



















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