Pintura
A Paixão de Cristo segundo Botero
No ano em que celebra 80 anos, o pintor e escultor colombiano Fernando Botero apresenta “Viacrusis La Pasion de Cristo” ao mundo.
A exposição, uma homenagem aos primitivos italianos da primeira metade do século XV, bem como aos pintores do Renascimento, chega a Lisboa a 14 de novembro, naquele que será o seu primeiro destino de itinerância. Ficará patente até 27 de janeiro de 2013 na Galeria do Rei D. Luís I, no Palácio da Ajuda, de onde seguirá para a Alemanha, Espanha, Líbano e México.
A mostra fora apresentada em Nova Iorque na galeria Marlborough em dezembro de 2011, tendo viajado para Medellin, a cidade natal do artista, já em abril de 2012. Os 27 óleos de grande escala e os 34 desenhos que compõem esta Via Sacra de Botero foram doados pelo artista ao Museu de Antioquía, onde estiveram expostos de abril a agosto. São obras produzidas recentemente e apresentadas agora pela primeira vez.

Fiel aos acontecimentos da vida de Cristo, o pintor não deixa, contudo, de os retratar com a originalidade do seu traço. Se muitos antes dele pintaram a Paixão de Cristo tendo como cenário fortalezas medievais e paisagens bucólicas pontuadas por colinas, Botero insere-a agora em contextos que vão da Big Apple mundana às povoações de Antioquía (a sua região de origem) e aos cartéis da droga. Isto para não falar de Cristo, cuja figura deixa pela primeira vez de ser esguia, para passar a ser volumosa e obesa, como todas as personagens icónicas do trabalho de Botero. Ou para não falar de Judas, que num dos desenhos toma a forma de Pablo Escobar. De resto, as alusões ao patrão da droga e seus comandantes atravessam grande parte de “Viacrusis”. A violência do passado recente e do presente colombiano a par da crucificação, da perda e da morte — Maria é outra das personagens bíblicas mais retratadas na mostra.

No seu conjunto, todas as peças em exposição têm em comum a mesma maneira única de expressar a emoção humana e a sua dimensão. Portugal acolhera uma grande exposição de Botero em 1998, que consistiu na instalação no Terreiro do Paço, em Lisboa, de 18 esculturas monumentais do artista.

A Via Sacra, também denominada de Via Crucis (caminho da cruz) consiste em acompanhar espiritualmente o trajeto de Jesus desde a agonia no Getsémani até à morte e sepultura no Calvário, com momentos de meditação e oração ao longo de um percurso intercalado por várias paragens (estações).
















Alexandra Carita (Expresso) / SNPC
11.10.12








