Papa Francisco vai receber crianças que estão longe «da beleza e da cultura»

O Átrio das Crianças, iniciativa associada ao Átrio dos Gentios, plataforma da Igreja católica para o diálogo entre crentes e não crentes, vai organizar uma visita ao papa Francisco de crianças em risco de abandono escolar provenientes de vários locais de Itália.

O projeto envolve alunos de seis escolas primárias de Nápoles e de duas de Roma em risco de abandono escolar, que após um percurso didático e cultural introdutório vão visitar catacumbas de Priscilla, em Roma, e de S. Gennaro, na cidade napolitana, revela a Rádio Vaticano.

A 31 de maio, um comboio que parte de Nápoles conduzirá as crianças a Roma para se encontrarem com o papa, visitarem a Santa Sé e também o Coliseu, à semelhança do que aconteceu em junho de 2013, quando Francisco recebeu cerca de três centenas de crianças de Milão, Bolonha e Florença na estação de caminhos de ferro do Vaticano.

«Escolhemos, juntamente com o Ministério da Educação, escola afastadas do centro, afastadas dos lugares da beleza e da cultura», explicou Patrizia Martinez, responsável do Átrio das Crianças, que depois de privilegiar o norte da Itália, vira as suas atenções para a região sul do país.

Instituído em 2012, o Átrio das Crianças, que à semelhança do Átrio dos Gentios é coordenado pelo Pontifício Conselho da Cultura, tem como objetivo «fazer com que as crianças de todo o mundo se possam conhecer entre elas», apontou a responsável.

Por outro lado, prosseguiu Patrizia Martinez, o Átrio das Crianças é uma oportunidade para as crianças «trocarem impressões sobre lugares artísticos ou sagrados» que estão próximos das rotinas quotidianas mas que muitas vezes permanecem desconhecidos.

«Fazer chegar arte, conhecimento e cultura às suas vidas para que sejam estímulo para o seu futuro» constitui o propósito global do Átrio das Crianças», frisou.

Entretanto, o Átrio dos Gentios concluiu esta sexta-feira a sua primeira passagem pelos EUA, que debateu em Washington o tema "Fé, cultura e bem comum", naquela que pretendeu ser «uma reflexão sobre a relação entre sociedade e Estado», afirmou o presidente do Pontifício Conselho da Cultura.

«Nos EUA o poder político tem um forte interesse no que respeita ao mundo religioso e tem com ele contactos intensos, mas ao mesmo tempo reivindica a sua laicidade e uma identidade do Estado muito marcada», pelo que importa olhar para o «equilíbrio» e o «jogo» que se desenrola entre aqueles polos, disse o cardeal Gianfranco Ravasi.

Rui Jorge Martins
© SNPC | 12.04.14