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Papa pede à Igreja para se misturar no mundo e diz que infidelidade é ameaça pior do que perseguições

Papa pede à Igreja para se misturar no mundo e diz que infidelidade é ameaça pior do que perseguições

Imagem frenta/Bigstock.com

«Misturemo-nos na cidade dos homens, colaboremos ativamente para o encontro com as diversas riquezas culturais, empenhando-nos juntos para o bem comum de cada um e de todos.»

Este foi um dos desafios lançados pelo papa aos bispos italianos, na segunda-feira, durante a sessão de abertura da 70.ª assembleia geral da Conferência Episcopal transalpina, num discurso em que vincou a necessidade de os católicos voltarem ao essencial do cristianismo e marcarem a diferença.

Francisco sublinhou que «caminhar juntos é a via constitutiva da Igreja», e só dessa forma é possível «enfrentar a complexidade» do mundo atual, decidindo continuar com «parrésia» o percurso feito até agora.

«Este caminho é marcado também por fechamentos e resistências: as nossas infidelidades são uma pesada hipoteca colocada sobre a credibilidade do testemunho do depósito da fé, uma ameaça bem pior do que aquela que provém do mundo com as suas perseguições», frisou.

A intervenção do papa foi pautada pelas "Cartas às sete Igrejas", mencionadas no segundo e terceiro capítulos do Apocalipse, o último livro da Bíblia, onde o autor elogia mas também reprova a atuação de algumas das comunidades do cristianismo das origens.



«Voltemos às coisas que contam verdadeiramente: fé, o amor ao Senhor, o serviço praticado com alegria e gratuidade. Façamos nossos os sentimentos e os gestos de Jesus e entremos verdadeiramente em comunhão com Ele»



«Peçamos a graça de saber escutar o que o Espírito diz hoje às Igrejas», assinalou, antes de se referir à tentação de «fazer conviver a fé com a mundanidade espiritual, a vida do Evangelho com lógicas de poder e de sucesso, forçadamente apresentadas como funcionais à imagem social da Igreja».

Para Francisco, «a tentativa de servir dois senhores é, sobretudo, índice da falta de convicções interiores», pelo que é necessário «renunciar a ambições inúteis e à obsessão» de si próprio. Só assim será possível viver sob o olhar de Deus, «presente em tantos irmãos humilhados».

Em vez da «aparência, da exterioridade e do oportunismo», a par dos condicionamentos ditados pelas «modas e pelos juízos de terceiros», a «diferença cristã» concretiza-se no «acolhimento do Evangelho com as obras, a obediência concreta, a fidelidade vivida; com a resistência ao prepotente, ao soberbo e ao prevaricador; com a amizade aos pequenos e a partilha com os necessitados».

O papa alertou para o perigo de se «reduzir o cristianismo a uma série de princípios privados de concretude», caindo-se então «num espiritualismo desencarnado, que negligencia a realidade e paz perder a ternura pela carne do irmão»: «Façamos tesouro da sabedoria dos pobres, favoreçamos a inclusão», apelou.



À Igreja é pedida «audácia» para evitar a habituação «a situações que estão de tal forma radicadas que parecem normais ou inultrapassáveis. A profecia não exige rasgões mas escolhas corajosas, que são próprias de uma verdadeira comunidade eclesial»



«Voltemos às coisas que contam verdadeiramente: fé, o amor ao Senhor, o serviço praticado com alegria e gratuidade. Façamos nossos os sentimentos e os gestos de Jesus e entremos verdadeiramente em comunhão com Ele, estrela da manhã que não conhece ocaso», apontou.

Seguindo as "Cartas às sete Igrejas", o papa acentuou que «a condenação mais severa» abate-se sobre «a tepidez do compromisso, a indecisão calculada, a insídia da ambiguidade».

À Igreja é pedida «audácia» para evitar a habituação «a situações que estão de tal forma radicadas que parecem normais ou inultrapassáveis. A profecia não exige rasgões mas escolhas corajosas, que são próprias de uma verdadeira comunidade eclesial».

«A verdadeira graça» só pode existir «a alto preço» porque custa «o preço da vida, porque condena o pecado e justifica o pecador, porque não dispensa a obra; é a alto preço mas é graça que dá a vida e leva a viver no mundo sem se perder nele», afirmou Francisco, aludindo a um texto do pastor e teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer.



 

SNPC
Fonte: "Sala de Imprensa da Santa Sé"
Publicado em 23.05.2017

 

 
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