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História e espiritualidade

Dezassete séculos de vida monástica: Antão retira-se para o deserto

Em 269, um jovem egípcio toma à letra o conselho que Jesus dá um homem rico no Evangelho: “Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens... Depois vem e segue-me” (Mateus 19, 21-22). Antão distribui todos os seus bens aos pobres e vai viver como eremita no deserto da Tebaida, na margem oriental do Nilo.

Atanásio, um bispo de Alexandria, contará mais tarde a sua vida. Traça o retrato de um recluso solitário, um orante e autor de prodígios que autoinflige rudes provações para resistir às tentações do diabo.

Santo Antão incarna a figura emergente do eremita na história do cristianismo. Ele é considerado o “pai” dos anacoretas (do grego anakhôrein, “retirar-se").

No Oriente parcialmente evangelizado dos séculos II e III, já havia homens e mulheres que tinham escolhido viver a radicalidade da mensagem evangélica, como era o caso das “virgens consagradas”, que faziam voto de celibato e pobreza. Mas estes fiéis não deixavam as suas comunidades de origem.

ImagemO profeta Elias é o precursor da vida monástica, que remonta ao Antigo Testamento

Os eremitas, por seu lado, expatriam-se para se dedicarem apenas a Deus, no isolamento e no despojamento. Eles expandem-se durante a segunda metade do século IV na Palestina, na Síria, na Mesopotâmia e sobretudo no Egipto.

Este fenómeno é contemporâneo da mudança de estatuto do cristão no Império Romano: de perseguido durante os três primeiros séculos da nossa era, torna-se tolerado em 313, devido ao reconhecimento da liberdade religiosa que lhe é conferida pelo edito de Milão; e em 337 é legitimado através da conversão do imperador Constantino.

ImagemSanto Antão Abade (Mestre da Observância, séc. XV, Museu do Louvre)

Com o fim das perseguições, a espiritualidade do martírio (do grego martus, “testemunha”) deixou de significar o apogeu do testemunho cristão. A ele se substitui uma espiritualidade monástica que apresenta a experiência solitária do monge como um martírio, já não de sangue mas espiritual: um combate contra o mal e um caminho de perfeição evangélico, isto é, baseado nos evangelhos.

A oficialização da religião cristã tem duas outras consequências: por um lado, a influência do modelo hierárquico imperial sobre as Igrejas locais, que concentram o poder entre as mãos dos bispos; por outro lado, o relaxamento da piedade dos fiéis, que deixam de se sentir ameaçados.

FotoO Mosteiro de Santo Antão é considerado o mais antigo mosteiro cristão do mundo. Foi fundado no séc. IV, perto do Mar Vermelho, no local onde viveu o eremita

Muitos cristãos afeiçoados à sua liberdade interior e tomados pelo absoluto recusam esta tibieza que então se vivia. Por isso retiram-se para o deserto para aí viver continuamente em oração e penitência. Santo Antão será o seu modelo. O seu carisma atrairá peregrinos e discípulos até à sua morte, com 105 anos.

 

Inspiração pictórica

As tentações a que Santo Antão foi submetido inspiraram muitos artistas. Uma das representações mais marcantes é a do surrealista Salvador Dali (1904-1989). Realizada em 1946, depois da II Guerra Mundial, reflecte o período místico do autor.

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O “seu” Antão, nu, brande uma cruz face a um cavalo gigantesco e empinado, simbolizando um poder que se tornou demente. Atrás, num cenário de apocalipse nuclear, elefantes com patas de aranha transportam sobre os dorsos as tentações da luxúria e da cobiça.

A Igreja Católica evoca o abade Santo Antão a 17 de janeiro.

 

In Pèlerin
Trad.: rm
© SNPC (trad.) | Atualizado em 15.01.14

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O Tormento de Santo Antão
Michelangelo

 

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