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Poesia

Ruy Belo, «extraordinário dissidente lírico», é tema de capa da revista "Ler"

A revista "Ler" dedica o tema de capa da edição de fevereiro ao poeta Ruy Belo (1933-1978), com poemas inéditos e textos de Gastão Cruz, Eduardo Prado Coelho e José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Ruy Belo, que este mês completaria 80 anos, «é um daqueles poetas em que é mais evidente a completa coincidência entre o exercício da poesia e os gestos do quotidiano, reveladores de que a sua atenção ao mundo de cada dia está sempre dirigida para um objetivo central e maior: a criação de uma obra que saiba ler a realidade para lá das suas aparências, mesmo que sejam estas a substância primária da poesia», escreve Gastão Cruz no primeiro parágrafo do seu artigo.

«A sua autobiografia - prossegue o poeta- está sintetizada nestes versos: "todo o tempo se lhe ia / em polir o seu poema / a melhor coisa que fez". Mas quem o conheceu sabe que, como ele parcimoniosamente assinala, Ruy Belo «não seria mau rapaz».

A capacidade de Ruy Belo «estabelecer uma amizade autenticamente fraterna, uma espécie de alegre inocência permanente e absoluta que da sua presença irradiava, faziam do convívio com ele um extraordinário estímulo de vida, vindo de alguém que tanto se demorava na observação da morte».

Gastão Cruz fecha o texto «com os primeiros versos daquele que é, porventura, o mais belo retrato que alguém fez do poeta de "Transporte no Tempo", o que Eugénio de Andrade delineou por altura da sua morte; "Provavelmente já te encontrarás à vontade / entre os anjos e, com esse sorriso onde a infância / tomava sempre o comboio para as férias grandes / já terás feiro amigos, sem saudade dos dias / onde passaste quase anónimo e leve [...]"».

A "Ler" recupera «um texto pouco conhecido - e essencial» que o ensaísta Eduardo Prado Coelho (1944-2007) redigiu em 1986 para uma antologia italiuana de poesia de Ruy Belo, incluídas em "A Noite do Mundo".

«É quase irresistível dizer aqui, com a imensa ternura que a sua memória nos provoca, que o Ruy Belo tinha muito de criança, uma criança grande, maciça, poderosa, e, depois, ingénua, frágil, insegura, infinitamente preocupada com o seu trabalho escolar, numa extrema vontade de cumprir e corresponder, e, ao mesmo tempo, terrivelmente alegre, de uma alegria às vezes dificilmente conquistada a uma densa teia de inquietações e perplexidades, e, sobretudo, tão desamparadamente disponível para se deixar deslumbrar pelo mundo à sua volta», assinala.

Os poemas de Ruy Belo «são quase sempre longos, derramados, deambulatórios, num verso livre que se reabsorve em subtis processos aliterativos e em jogos fónicos calculadamente disseminados. E a sua poesia vive de um discurso que se infinitiza na coloquialidade de uma enunciação oscilando entre a confidência, a longa carta para um incessante adeus, o passeio fraternal, a invocação sagrada, o desespero que se perde na profusão alucinada de palavras, o extenso murmúrio da insónia», refere Eduardo Prado Coelho.

«Vinte e tal anos depois, não diremos que Ruy Belo tinha razão, porque tudo isto são matérias que se esquivam a comprovações deste tipo, mas que estava certo quando, sem ceder às pressões da conjuntura, foi traçando um caminho poético que é, certamente, um dos mais originais e importantes de toda a literatura portuguesa», salienta.

José Tolentino Mendonça começa por lembrar que a sua dissertação de licenciatura em Teologia, corria o ano de 1989. teve por tema "A saudade de Deus na obra poética de Ruy Belo".

«Se bem me lembro, não terei seguido com grande consequência o tópico da saudade de Deus. Mas li duas ou três vezes a inteira poesia de Ruy Belo e ela passou a andar comigo. (...) Ruy Belo quem é? É um extraordinário dissidente lírico. E Portugal é a Praça Ruy Belo», remata.

Foto

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 03.02.13

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