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Filosofia contemporânea

Sampaio Bruno: A Ideia de Deus

José Pereira de Sampaio adotou o pseudónimo de “Bruno”, passando a ficar conhecido como Sampaio Bruno. Nasceu na nobre cidade do Porto no dia 30 de novembro de 1857. Filho de José Pais de Sampaio, chefe de secção do Banco União no Porto e mais tarde dono de uma padaria na mesma cidade, e de Ana Albina Pereira Barroso.

A formação intelectual de Sampaio Bruno desenvolve-se num meio em que vingavam as ideias liberais, uma vez que é a partir da cidade do Porto, após a revolução de 1820, e durante a guerra civil de 1832-1834, se vão impondo as ideias liberais a todo o país. Será também no Porto, no dia 31 de janeiro de 1891, que terá lugar a primeira revolução republicana.

Com catorze anos Sampaio Bruno escreve o seu primeiro artigo no “Diário da Tarde”, em 1872. Neste mesmo ano funda, com Júlio A. Barbosa e Silva, Henrique Barbosa e A. Cardoso, o jornal académico “O Laço Branco”, do qual foram editados apenas três números.

Em 1873, em colaboração com Gervásio Ferreira de Araújo e António Pereira de Sampaio, funda o jornal “Vampiro”, cuja existência foi igualmente breve, pois apenas foram editados seis números. Também neste ano tem início a revista “Harpa”, dirigida por Joaquim de Araújo, na qual colabora Sampaio Bruno conjuntamente com Cesário Verde, entre outros.

Sampaio Bruno, em 1874, com dezasseis anos de Idade e frequentando já o 5º ano do Liceu, começa a escrever para a revista “Tribuna”. Neste mesmo ano de 1874 publica o seu primeiro livro sob o título “Análise da Crença Cristã. Estudos Críticos sobre o Cristianismo, Dogmas e Crenças”. Ao mesmo tempo reúne-se na padaria de seu pai com outros companheiros, onde discutem problemas de variada ordem: filosófica, literária e política. Estas reuniões do, poderíamos assim chamá-lo, “Círculo dos Companheiros” (os que partilham o mesmo “pão” da sabedoria e da ciência), manteve-se até ao ano de 1890. Nestas tertúlias surgiu a ideia de se publicar um novo jornal literário de seu nome “Gazeta do Realismo”, que apenas viu sair um número no dia 23 de dezembro de 1879.

No ano de 1875, após terminar os estudos humanísticos no Liceu, não pode inscrever-se de imediato na Escola Politécnica do Porto, uma vez que adoece gravemente. Fará a sua inscrição apenas em 1876. Todavia, abandona a carreira nas ciências e torna-se um autodidata. Ainda em 1876, publica um ensaio intitulado “A propósito do Positivismo”.

Republicano confesso, Sampaio Bruno funda, em 1881, os semanários “O Democrata” e “O Norte Republicano”, que tiveram vida breve. Surge ainda outro diário, “Folha Nova”, este dirigido por Emídio de Oliveira, no qual Sampaio Bruno prestou assídua colaboração. Tendo sido suspenso do diário “Folha Nova”, Sampaio Bruno organiza o diário intitulado “A Discussão”, que começou a ser publicado em 1883, acabando suspenso em 1887.

Em 1890 sai o primeiro número do jornal “A República Portuguesa”, que fora fundado por Sampaio Bruno e Joaquim Gomes de Macedo, que visava servir o partido republicano. Todavia, dando-se a Revolução Republicana no dia 31 de janeiro de 1891, o jornal foi suspenso pelas autoridades no dia seguinte. Mas reapareceu dois meses depois, voltando a ser suspenso e substituído pelo jornal republicano “A Voz Pública”.

Dado o fracasso da Revolução Republicana, Sampaio Bruno tem de se exilar primeiro em Madrid e depois em Paris onde ficou um ano, e publica “Manifesto dos Emigrados da Revolução Republicana Portuguesa de 31 de janeiro de 1891”. No ano de 1893, após amnistia, Sampaio Bruno voltou a Portugal em meados de março. A sua chegada foi noticiada pelo jornal republicano portuense “A Voz Pública”, no qual Sampaio Bruno passa a colaborar em 1894 até 1908, pois em 1909  “A Voz Pública” editava o seu último número em setembro.

Sampaio Bruno publica, no ano de 1898, “O Brasil Mental”. Nesta obra retoma e aprofunda a crítica ao positivismo que havia feito no seu ensaio intitulado “A Propósito do Positivismo” publicado em 1876. 

No ano de 1902 é publicada a sua maior obra: “A Ideia de Deus”. Também neste ano de 1902 é acusado por Afonso Costa, no Congresso Republicano em Coimbra, de escrever artigos não republicanos na imprensa democrática, ou seja, Afonso Costa referia-se aos artigos escritos por Sampaio Bruno na “Voz Pública”. A relação ficou de tal modo tensa e crispada que “A Voz Pública” no dia 12 de janeiro publicou uma notícia com a suposta agressão e tentativa de homicídio perpetrado por Afonso Costa contra Sampaio Bruno.  

Em 1904 Bruno publicou outra das suas obras maiores sob o título de “O Encoberto”. No ano de 1908 Sampaio Bruno é nomeado, a 10 de janeiro, 2.º Oficial Conservador da Real Biblioteca Municipal do Porto. Em 19 de agosto de 1909, devido à morte de Rocha Peixoto, Sampaio Bruno é nomeado 1º Oficial (Diretor) da Real Biblioteca Municipal do Porto. 

Em 1915, a 11 de novembro, morria Sampaio Bruno, pelas 19h00 no Hospital da Ordem do Terço, após ter sido submetido a uma operação cirúrgica, no dia 6 de novembro, a um hidrocele, que nos últimos anos o impossibilitara de caminhar. Sampaio Bruno nunca casou nem teve filhos. O seu funeral realizou-se no dia 13 de novembro e foi sepultado no cemitério do Prado do Repouso na sua cidade natal.

 

L. Oliveira Marques
© SNPC | 03.04.11

Sampaio Bruno





























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Ensaio de Sampaio Bruno (1915)
Biblioteca Nacional de Portugal





































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