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Séamus Heaney, Nobel da Literatura: a arte é como o sinal que Cristo desenhou na areia

Séamus Heaney, poeta irlandês distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, morreu esta sexta-feira num hospital de Dublin, aos 74 anos.

«Beleza lírica e profundidade moral, que exalta os milagres quotidianos e o passado vivente», lia-se nas motivações do comité de Estocolmo, em 1995.

Com efeito, tanto para Heaney como para o “colega” Patrick Kavanagh, irlandês e católico como ele, nenhum detalhe podia ser considerado banal, mas toda a realidade era fonte de uma profundidade insondável, plena de mistério.

O importante é não se contentar com a aparência e escavar para além da superfície. Num dos seus poemas mais conhecidos “Digging”, diz da sua caneta: «cavarei com ela» – imagem que, possivelmente, extraiu da quinta agrícola onde nasceu, ele que era o mais velho dos nove filhos de um casal de lavradores.

«A poesia ajuda, ao representar verdadeiramente o que está errado, a perturbação que está a ser sofrida, a forma que a tristeza tem. Esse sentido de apaziguamento, pela representação do que está mal, ajuda cada um de nós, e se vários indivíduos são ajudados, o coletivo é ajudado, afirmou ao jornal “Público”, em 2001.

«Não que os artistas sejam profetas, mas frequentemente encontram maneiras de ver e dizer, de novo, chegam a imagens que avançam. Uma nova metáfora que seja verdadeira em relação à realidade faz avançar as coisas», acrescentou.

Heaney, nacionalista, nascido no seio da «minoria católica» da Irlanda do Norte, considerava que «o objetivo da arte, da poesia» era «de alguma forma, reparar o que está danificado».

Professor de Literatura nas universidades de Oxford e Harvard, ensaísta e tradutor de poesia, Heaney foi publicado em Portugal pela Campo das Letras, Quasi e Relógio d’Água, além de ter recebido o doutoramento “Honoris Causa” pela Universidade de Coimbra.

«Gosto de recordar o episódio de Cristo e da adúltera. Antes de dirigir aos olhos acusadores a frase “quem está sem pecado, atire a primeira pedra”, Cristo desenha um sinal na areia. Para mim esse sinal é a arte. Não significa nada mas cria a pausa; não pode terminar o linchamento nem mudar as intenções do grupo, mas institui um tempo para a concentração», afirmou numa entrevista citada na edição deste sábado do jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”.

 

L'Osservatore Romano / Público
Edição: Rui Jorge Martins
© SNPC | 30.08.13

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Séamus Heaney

 

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