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Sílvia Cardoso: contemplação na ação, uma atitude para todos

O papa Francisco aprovou a 28 de março o decreto que reconhece as virtudes heroicas de Sílvia Cardoso, que se distinguiu na ação social e na espiritualidade contemplativa, abrindo caminho à sua beatificação.

Sìlvia Cardoso Ferreira da Silva nasceu a 26 de julho de 1882 na Casa da Torre, em Paços de Ferreira, onde faleceu no ano de 1950, a 2 de novembro, data em que a Igreja evoca os "Fiéis Defuntos".

Viveu no Brasil até aos sete anos e frequentou a casa de familiares em Manhufe, Amarante. Aqui conviveu com Amadeo de Souza-Cardoso, seu primo, que incluiu a residência nas telas "A cozinha da Casa de Manhufe" e "A procissão do Corpus Christi em Amarante".

Peregrinou a Lurdes e Roma, além de ter feito digressões apostólicas em quase todas as regiões de Portugal.

O noivo, Acácio Umbelino, seu primo, a quem Sílvia tinha despertado para a fé, morreu antes do casamento.

Salvou-se da pneumónica, contraída ao serviço dos doentes, e em 1918 fundou o Hospital de Paços de Ferreira. Dois anos depois recolhia as primeiras crianças abandonadas. Em 1922 inaugurava a Creche de Santo António, também em Paços de Ferreira, e abria o Colégio de São José.

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Em 1923 começa a organizar retiros para leigos em vários locais. No ano de 1936 o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Gonçalves Cerejeira, confia-lhe uma casa na Amadora.

Dinamizou várias instituições: Patronato de Sopa dos Pobres (Penafiel), Internato Margarida Alves de Magalhães (Penafiel), Patronato da Divina Providência (Espinho), Lar das Raparigas e Lar de Santa Rita (Porto), Casa dos Rapazes (Barcelos), Casa de Retiros de Sequeira (Lousada), Casa da Granja (Paredes), Casa da Quinta do Bosque (Amadora) e o Instituto Sant'Ana.

Continuou com retiros, centros de acolhimento para jovens desamparados, apoio a mães solteiras e colaboração com outras obras caritativas. Foi amiga de Guerra Junqueiro e Leonardo Coimbra.

 

Contemplativa na ação
P. Dário Pedroso, SJ

O itinerário espiritual de Sílvia Cardoso, desde a sua infância até à morte, apresenta-se como um crescendo no amor a Jesus, na posse dEle, no desejo de viver nEle, no gosto em o dar a conhecer, na ânsia de cultivar a união mais profunda com o Esposo, no movimento interior que a polariza na Obra de Deus-Amor.

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Não é um caminho raro, inóspito, incapaz de ser seguido por outros. (...) Não vivendo uma vida contemplativa, vivendo no mundo sem ser do mundo, vivendo mergulhados nas tarefas do quotidiano, no meio do ruído, da azáfama, do trabalho, da vida social, podemos e devemos cultivar a união com o Amor, a amizade com Deus, a intimidade com a Trindade que está em nós. (...)

Dona Sílvia Cardoso, com a riqueza da sua personalidade, com a grandeza do seu coração, como seu gosto pela poesia, com o seu intenso amor aos pobres e marginalizados, como o seu zelo fervoroso e incasável pela salvação dos outros, torna-se uma luz no caminho de cada um de nós.

Vivendo a vida que viveu, cheia de trabalhos, viagens, canseiras, preocupações, dificuldades, mergulhada num mundo social intenso, verdadeira peregrina de Deus e por Deus, muitas vezes sem dormir e quase sem comer, devido à azáfama do quotidiano, ao amor que a devorava, ela é, neste sentido, igual à maioria de nós.

Não se recolheu na clausura, não viveu separada do mundo, não fugiu para o monte, não se refugiou dentro de casa ou no claustro. E é no meio do mundo, nas diversas tarefas, nos muitos apostolados, nas imensas conversas, das preocupações com dinheiros e com pagamento de dívidas, na fundação de creches e de casas de retiros, de viagens sem conta, muitas vezes pedindo esmolas pelas feiras, que ela alcançou os cumes da vida interior.

ImagemAmadeo de Souza-Cardoso, Cozinha da Casa de Manhufe, 1913

O segredo está, como não podia deixar de ser, no coração, no seu interior, na paixão por Jesus que foi cultivando ao longo da vida. Mas essa paixão deve ser a de cada um de nós. Ninguém pode desviar-se do caminho que conduz à meta, ninguém, qualquer que seja a sua vida, o seu trabalho, o seu temperamento, pode buscar razões para não atingir a meta.

A maioria de nós, com a vida que temos, com a situação social, profissional ou familiar, com o trabalho, com as preocupações, com as dificuldades, com a ação apostólica, porventura intensa e variada, com a agitação da vida quotidiana, dos horários, dos ruídos, é convidado, como Dona Sílvia, a viver essa vocação sendo contemplativo na ação. (...)

Sílvia Cardoso é uma resposta concreta, ativa, amorosa àquilo que o Concílio Vaticano II diz ser «a vocação universal à santidade». Santidade na vida, no mundo, na cidade, na fábrica, na família, no emprego, na igreja. Santidade verdadeira que não fica fechada no "templo" mas é vivida e cresce na vida, no quotidiano, na existência, hoje e aqui, sempre e em qualquer lugar. (...)  Se o "seu" caminho não é o nossos, se o "seu" modo de viver s santidade, a união mística, a contemplação na ação tem um cunho próprio, não pode deixar de nos interpelar, de n os seduzir, de nos impulsionar a trilharmos, nós também, caminho de santidade até à união mística.

 

In Contemplativa na Acção, Lello Editores
07.05.13

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Sílvia Cardoso

 

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