Vemos, ouvimos e lemos
Paisagens
Pedras angulares A teologia visual da belezaQuem somosIgreja e CulturaPastoral da Cultura em movimentoImpressão digitalVemos, ouvimos e lemosPerspetivasConcílio Vaticano II - 50 anosPapa FranciscoBrevesAgenda VídeosLigaçõesArquivo

Sophia de Mello Breyner: Missa na Capela do Rato marca trasladação para o Panteão Nacional

A trasladação dos restos mortais da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) para o Panteão Nacional, marcada para 2 de julho, 10.º aniversário da sua morte, vai incluir a celebração de missa na Capela do Rato, em Lisboa.

Partindo do cemitério de Carnide, na capital, a trasladação passa pela capela atualmente coordenada pelo P. José Tolentino Mendonça, onde às 17h15 será celebrada missa presidida pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

Depois da celebração, o cortejo, escoltado pela GNR, passa em frente à Assembleia da República.

Após o Parlamento, o cortejo dirige-se para o Panteão, onde haverá atuações da Companhia Nacional de Bailado e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, com a oração de sapiência a ser feita por José Manuel dos Santos.

No Panteão, o programa inclui discursos do presidente da República e da presidente da Assembleia da República, bem como a apresentação de uma gravação de 1957 com uma leitura de poemas por Sophia de Mello Breyner.

A concessão de honras de Panteão Nacional foi aprovada por unanimidade pela Assembleia da República, em fevereiro, a par da criação de um grupo de trabalho para determinar a data e o programa da trasladação.

A 31 de dezembro de 1968, cerca de 150 católicos entraram na igreja de S. Domingos, em Lisboa, e nela permaneceram durante a noite, depois de o papa Paulo VI ter decidido, no mesmo mês, que 1 de janeiro passaria a ser assinalado pela Igreja como Dia Mundial da Paz.

A iniciativa contra a guerra colonial, e de oposição ao regime ditatorial de então, foi vigiada pela polícia política, tendo terminado sem incidentes. Sophia de Mello Breyner escreveu propositadamente para essa vigília a "Cantata da Paz", que ficou conhecida pelos primeiros versos, «Vemos, ouvimos e lemos/ Não podemos ignorar».

Quatro anos depois, nos últimos dias de 1972, ocorreu na Capela do Rato nova vigília de protesto contra o regime, que acabou com a invasão do templo por parte da polícia. Os participantes foram levados para a esquadra e a maioria foi presa.

Em crónica publicada no semanário "Expresso", José Tolentino Mendonça escreveu que "O Cristo cigano", livro da autora, foi lido «equivocadamente» como «"a superação da religiosidade cristã" na obra de Sophia de Mello Breyner».

Há «uma passagem do poema III (intitulado "Busca") que parece corroborar a ideia de rutura», com palavras «intensíssimas», como «eu te renego», «eu não te pertenço», aponta o sacerdote, que pergunta: «Estará Sophia a romper decididamente com o paradigma cristão?».

Um dos argumentos que o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura refere para responder negativamente reside no «subtil fenómeno de intertextualidade» que "Cristo Cigano" mantém com a Bíblia.

«Encontramos citações do profeta Isaías, do livro do Cântico dos Cânticos, dos Salmos ou do Apocalipse. Mesmo o verso que serve de mote ao problemático poema III, "Onde estás tu morte?", tem uma irrecusável sonoridade bíblica ("Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?")», aponta.

«Se assim for - conclui Tolentino Mendonça -, aquele que foi tido como o livro em que Sophia mais se afastou do cristianismo é, porventura, o texto mais indispensável para compreender as tensões e a transparência da fé.»

 

Rui Jorge Martins
© SNPC | 13.04.14 | Atualizado em 2.7.2014

Redes sociais, e-mail, imprimir


Sophia de Mello Breyner

 

Ligações e contactos

 

Artigos relacionados

 

Página anteriorTopo da página

 


 

Receba por e-mail as novidades do site da Pastoral da Cultura


Siga-nos no Facebook

 


 

 


 

 

Secções do site


 

Procurar e encontrar


 

 

Página anteriorTopo da página