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Música, cultura e cristianismo

Tomás Luis de Victoria

Sobre Tomás Luis de Victoria escreveu o padre Otaño que a sua inspiração «é antes de tudo religiosa, católica por todos os poros; de um misticismo infinitamente mais concentrado e luminoso que o de Palestrina, parecido com o de São João da Cruz, nas estilizações do seu pensamento transfigurado».

Tomás Luis de Victoria, insigne músico polifonista, oitavo filho de Francisco Luis de Victoria e de Francisca Suaréz, nasceu nos finais de 1548 na cidade de Ávila, tendo recebido o Batismo na mesma pia batismal onde foi batizada Santa Teresa de Jesus, mais conhecida como Santa Teresa de Ávila, na igreja paroquial de São João Batista.

Recebeu a sua primeira formação musical, como menino de coro, na sé Abulense (Ávila), como atestam as Atas Capitulares da catedral quando se referem à oferta que fez Juan Luis de Victoria, clérigo e tio de Tomás, de um livro de canto para órgão composto pelo próprio Tomás, que havia sido “criado” naquela Capela.

Tomás terá frequentado o ensino ministrado na catedral a partir de 1557 ou 1558, durante oito a dez anos, o tempo necessário para ficar devidamente formado na arte da Música e ter partido para Roma, onde chegou em 1565 ou 1567, muito provavelmente enviado pelo seu tio Juan Luis de Victoria que havia estudado na mesma cidade, e que era à época como que pai de Tomás, dado que o seu progenitor tinha morrido algum tempo antes.

 

Com a idade de 19 anos, entrou no Colégio Germânico, fundado por Santo Inácio de Loyola em 1552, onde estudou Teologia e Arte. Ao mesmo tempo cultivava a sua vocação sacerdotal com os exercícios de piedade: assistia diariamente à Missa, recitava ou cantava o Ofício divino, a leitura e pregação da Palavra de Deus. Naquele estabelecimento de ensino recebeu também sólida formação musical sob vários maestros, entre eles, muito provavelmente, Cassimiri e Giovanni Pierluigi da Palestrina.

A 14 de maio de 1572, Tomás Luis de Victoria já é Maestro de Capela. Neste mesmo ano dedica ao seu protetor de sempre, o cardeal Otto Truchsess, a sua primeira coleção de «Motetes». O mesmo prelado que um ano antes o havia encarregado do ensino musical aos alunos do Germânico. 

Aos 27 anos, no dia 6 de março de 1575, foi instituído no ministério do Leitor, recebendo das mãos do bispo de Asaph a Sagrada Escritura, que tinha o dever de meditar e proclamar. Depois de instituído no ministério de Acólito, recebeu o subdiaconado. A ordenação sacerdotal recebeu-a no dia 28 de dezembro de 1575 das mãos do mesmo prelado na igreja de São Tomás de Aquino.

Em 1578 abandonou o Colégio Germânico e pouco mais notícias há acerca da sua vida em Roma, a não ser o facto de ter continuado a participar nas solenidades em honra do Santíssimo Sacramento, na igreja de Santiago dos Espanhóis, dirigindo a parte musical. Para estas festas compôs um «Te Deum» nos finais de 1583.  

No ano de 1586 terá regressado a Espanha, como prova D. Ferreol Hernández Hernández na biografia que sobre ele escreveu, depois de ter publicado em Roma um prodígio na polifonia sacra, o seu «Officium hebdomadae Sanctae» e ainda «Motecta Festorum Totius Anni», que dedicou ao Príncipe de Saboia, Carlos Manuel. 

O padre Tomás Luis de Victoria encontra-se com segurança regressado a Roma em 1592, ano no qual se publica o «Segundo Livro de Missas», dedicado ao cardeal Alberto. Já em 1593, compôs o motete «Surge, Debora», que se cantou na igreja de Santo Apolinário a 18 de julho desse ano, na festa solene ali celebrada em ação de graças pela vitória contra os turcos na Croácia.

 

Entrou muito provavelmente na Congregação do Oratório de São Filipe de Neri em 1593, para dois anos depois regressar a Madrid, tornando-se Capelão da Imperatriz. A partir de 1606 tornou-se organista nas Carmelitas Descalças Reais, cargo que ocupou até ao dia da sua morte a 27 de agosto de 1611, em Madrid. 

No quarto centenário do nascimento de Tomás Luis, escreveu o subsecretario de Educação Nacional, D. Jesús Rubio: «A Música de Victoria, como toda a polifonia do nosso Século de Ouro, está profundamente enraizada no fundo sentido teológico das formas da vida medieval (…) a polifonia victoriana, formalmente barroca, com toda a sua roupagem renascentista, está sustentada na sua mais ínfima fibra por essa veia mística inesgotável (…)».

«A polifonia espanhola, da qual Victoria é o mais alto representante, apresenta, fecundado com o pensamento renascentista (…) esse profundo sentido místico trazido dos séculos anteriores», sublinhou.

 

L. Oliveira Marques
© SNPC | 29.06.11

Tomás Luis de Victoria

 

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