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«Um novo adversário do cristianismo cresceu nas últimas décadas: a forma de religião própria da sociedade opulenta e de consumo. É um adversário mais poderoso e perigoso do que o comunismo.»
Quantas páginas de revista, de ensaios e de jornais foram dedicadas ao fenómeno do consumismo, e quantas vezes determinadas políticas fazem de tudo para «incentivar os consumos», na convicção que seja uma panaceia para a economia nacional.
Um filósofo original como o italiano Augusto del Noce (1910-1989), naquele passo acima citado de uma intervenção no Meeting de Rimini, colhia um aspeto particular, ousarei dizer "sacral", do frenesi consumista: ele inquina também o campo religioso e gera uma espécie de fé acomodatícia, podemos dizer "à la carte".
Como acontece quando no restaurante nos é trazido a carta do menu e nós escolhemos o que nos agrada, assim se combina uma fé que seleciona tudo aquilo que é menos ofensivo, menos específico e empenhativo.
Nasce, deste modo, «a religião própria da sociedade opulenta e consumista», como diz Del Noce. Exemplar neste sentido é a "New Age" e movimentos afins, que mistura mensagem e massagem, ioga e iogurte, a sua eucaristia é a dieta, a confissão é a cadeira do psicanalista, o seu templo um santuário do "fitness".
O filósofo tem razão ao dizer que esta atitude é mais perigosa do que o ateísmo rigoroso, porque este obriga-te a encontrar as razões autênticas da tua fé e a confrontá-las, enquanto a espiritualidade vaga e incolor do bem-estar dissolve o crer numa poeira dourada que ignora a firmeza da fé e a força do viver moral.