«Revisitar uma peça antiga ("Pater", de 2008/9), composta para os Sete Lágrimas, e descobrir a sua essência nesse ato, foi isso que me propus fazer para um momento musical onde estava presente Bach, a sua música, e Etty Hillesum.»
É com estas palavras que o compositor João Madureira fala da peça “Ecos”, evocativa de Etty Hillesum, estreada a 18 de maio, em Lisboa, na abertura do congresso internacional sobre a holandesa morta no campo de concentração de Auschwitz.
«Não se pense que há aqui qualquer ato conservador, longe disso. O que pretendo é ter a coragem de olhar para o passado de outra forma, de uma forma nova. Reinventar a história, dobrá-la, tirá-la da gaveta, dominar o tempo que nos persegue. E viver o tempo de forma aberta. Sempre», assinala o compositor em texto enviado ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
Nascido em 1971, João Madureira estudou em Lisboa, Siena (Itália), Colónia (Alemanha), e Estrasburgo (França), com António Pinho Vargas, Christopher Bochmann, Franco Donatoni, York Höller e Ivan Fedele. Fez o bacharelato em composição na Escola Superior de Música de Lisboa e a licenciatura e o mestrado na Hochschule für Musik Köln (Künstler Diplom im Fach Komposition).
A produção do professor de Composição na Escola Superior de Música de Lisboa inclui obras de orquestra, de câmara, operática e para instrumentos solistas, assim como música para cinema e teatro.
Os seus trabalhos têm sido apresentados em festivais nacionais e internacionais, e um deles, “Missa de Pentecostes” (2010), voltará a ser executado na capela do Rato, em Lisboa, a 9 de junho, domingo em que a Igreja católica celebra aquela solenidade, ligada à descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os apóstolos reunidos em Jerusalém, 50 dias após a ressurreição de Jesus.
A peça “Ecos”, de que apresentamos o vídeo correspondente à sua estreia, foi interpretada por Ana Sofia Sequeira (guitarra) e Maria José Barriga (cravo).