Bíblia
Confronto na afabilidade
(...) Foi traduzido, de Enzo Bianchi que esteve há pouco em Portugal, um livrinho com um título - Para uma Ética Partilhada - que resume o seu conteúdo e constitui uma boa ajuda para esta época de crispações, delícia de alguns meios de comunicação colonizados pelas touradas, por cenários de sangue. O livro abre com uma interrogação: Será ainda possível um confronto na afabilidade? Parte de uma verificação: “Para todos os que se empenharam no diálogo entre crentes cristãos e não cristãos, entre católicos e «laicos», para os próprios católicos que acreditam no diálogo vivido na escuta, no esforço de não desprezar o outro, mas de encetar com ele um confronto na afabilidade, estes últimos tempos podem dizer-se - em linguagem bíblica - «dias maus»”.
Crentes e não crentes acusam-se, mutuamente, de intransigência e arrogância. Não desesperemos. José Saramago acaba de dizer, numa entrevista ao JL: “se a alguém ocorrer fundar uma internacional da bondade eu inscrevo-me. Ela é fundamental, e eu coloco-a acima de qualquer atributo humano, incluindo a inteligência e a sensibilidade”.
No final do seu livro, Enzo Bianchi coloca a questão fundamental: quem é o ser humano? Para onde vai? “Como pode viver numa sociedade que luta contra a barbárie e a favor da humanização? Das respostas que cada qual, a partir do seu património espiritual, souber dar depende, sem dúvida, o nosso futuro, mas também, já desde hoje, a qualidade da nossa vida pessoal e da convivência civil”.
Fr. Bento Domingues, op
In Público, 25.10.2009
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