Terra Santa
Papa Francisco reza no Memorial do Holocausto: «Quem és, homem? Em que te tornaste? De que horror foste capaz?»
Um dos principais momentos do terceiro e último dia da visita do papa Francisco à Terra Santa, nesta segunda-feira, foi a visita ao Yad Vashem, em Jerusalém, monumento à memória das vítimas do Holocausto.
Francisco percorreu a pé o perímetro do edifício, depositando depois uma coroa de flores no interior do monumento, tendo começado o discurso por citar um excerto do livro do Génesis: «Neste lugar, memorial da “Shoah”, ouvimos ressoar esta pergunta de Deus: “Adão, onde estás?».
«Nesta pergunta está toda a dor do Pai que perdeu o filho. O Pai conhecia o risco da liberdade; sabia que o filho poderia perder-se; mas talvez nem sequer o Pai poderia imaginar uma tal queda, um tal abismo», disse Francisco.
Diante da «tragédia incomensurável do Holocausto», o grito «onde estás?» ecoa «como uma voz que se perde num abismo sem fundo», frisou o papa, que a seguir perguntou: «Homem, quem és? Já não te reconheço. Quem és, homem? Em que te tornaste? De que horror foste capaz? O que é que te fez cair tão baixo?».
«Não, este abismo não pode ser só obra tua, das tuas mãos, do teu coração. Quem te corrompeu? Quem te desfigurou? Quem te contagiou a presunção de te apossares do bem e do mal? Quem te convenceu de que eras deus?», questionou Francisco a propósito da morte de milhões de judeus às mãos do regime nazi.
As palavras do papa prosseguiram com uma prece: «Agora, Senhor, escuta a nossa oração, escuta a nossa súplica, salva-nos pela tua misericórdia. Salva-nos desta monstruosidade. Senhor omnipotente, uma alma na angústia grita-te. Escuta, Senhor, tem piedade. Pecámos contra ti. Tu reinas para sempre.»
«Recorda-te de nós na tua misericórdia. Dá-nos a graça de nos envergonharmos daquilo que, como homens, fomos capazes de fazer, de nos envergonharmos desta máxima idolatria, de ter desprezado e destruído a nossa carne, que Tu moldaste do pó, que Tu vivificaste com o teu hálito de vida. Nunca mais, Senhor, nunca mais», prosseguiu Francisco.
Foi com estas palavras que o papa terminou a sua oração: «Eis-nos aqui, Senhor, com a vergonha daquilo que o homem, criado à tua imagem e semelhança, foi capaz de fazer. Recorda-te de nós na tua misericórdia».
Antes da visita ao Yad Vashem, Francisco visitou o Grande Mufti de Jerusalém, na Esplanada das Mesquitas, rezou diante do Muro das Lamentações e depôs uma coroa de flores no túmulo de Theodor Herzl, fundador do movimento sionista.
No Muro das Lamentações, colocou, como é hábito entre os fiéis, um envelope contendo uma folha com a oração do Pai-nosso, que redigiu em espanhol.
Também em espanhol foram as palavras que escreveu no Livro de Honra do Muro das Lamentações, com uma referência ao Salmo 121:
«Que alegria quando me disseram "Vamos para a casa do Senhor". Agora os nossos pés se detêm às tuas portas, Jerusalém. Com estes sentimentos de alegria para com os meus irmãos maiores, vim agora e pedi ao Senhor a graça da paz».
REUTERS/Andrew Medichini/pool
Rádio Vaticano
Redação: SNPC/rjm
26.05.14

Muro das Lamentações
Jerusalém, 26.5.2014
REUTERS/Andrew Medichini/Pool


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