Maria de Belém, candidata a Presidente da República, declarou-se esta quarta-feira «profundamente cristã», no ciclo de encontros sobre Deus organizado pela comunidade da Capela do Rato, em Lisboa.
Na conversa com a jornalista Maria João Avillez, de que apresentamos em vídeo alguns excertos, a ex-Ministra da Saúde evocou as memórias de Deus na sua casa de infância, realçando a importância da figura do anjo da guarda.
Para Maria de Belém, a vivência da religião implica responsabilidade no agir, proteção, amor e afeto, sendo uma realidade «natural» com que convive «permanentemente»: «Deus é como o ar que respiro».
«Todas as decisões importantes da minha vida passam pela invocação de um poder superior a mim», afirmou quando questionada se Deus entrou na decisão de se candidatar à Presidência da República.
Ainda jovem, ouviu o reitor da igreja da Lapa, no Porto, a falar da ressurreição de Lázaro; ficou-lhe para sempre aquela interpretação, que configurou a sua relação com o catolicismo, marcada por dar prioridade à «razão e emoção» relativamente às normas da Igreja.
«Vou à missa quando acho que devo ir», afirma, acrescentando: «A minha religião é sentimento». Reza com as suas palavras, mas também com o Pai-nosso e a Avé-Maria, orações que aprecia especialmente.
A educação cristã sensibilizou-a para o cuidado pelos «humildes». Diz que a sua «prática de fé é mais feita de ação do que de formalismos» e afirmou a convicção de que «o mundo estaria muito melhor» se houvesse mais preocupação com a «substância» do que com as «rotinas».
Vive marcada pela narrativa evangélica do devedor que foi perdoado e que, como credor, recusou o perdão, atitude que diz testemunhar com frequência. Gostaria de não perder a sensibilidade para a justiça e para a injustiça.
Procura fugir aos conflitos entre a fé e o desempenho de cargos públicos e defende que não deve «exibir» as suas crenças religiosas. Desconfia de quem vai à Missa apenas para ser visto.
Tem a certeza de que a fé não lhe vai impor limites ao mandato de Presidente da República, se for eleita. Nos momentos de decisão, manda a consciência, mas no jogo político sabe que não chega para determinar os destinos do país.
O papa Francisco, o Sínodo dos Bispos sobre a Família e a Doutrina Social da Igreja foram também temas refletidos por Maria de Belém. Proximamente oferecemos uma síntese em vídeo dessas intervenções.
O ciclo de conversas com Deus prossegue na próxima quarta-feira com o selecionador nacional de futebol, Fernando Santos.
Rui Jorge Martins