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Relação da Igreja com a Cultura «mudou muito nos últimos dez anos em Portugal»

A relação da Igreja católica com a Cultura «mudou muito nos últimos dez anos em Portugal», ao mesmo tempo que «também mudou um pouco o modo como a comunidade artística olha para a Igreja», considera o padre José Tolentino Mendonça.

«Tornou-se natural a Igreja convidar artistas e intelectuais para as suas iniciativas», sustenta o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura em entrevista publicada esta quarta-feira no "Jornal de Letras" (JL).

Nas estruturas eclesiais há «uma preocupação com a dimensão da cultura», inclusive «na forma de rezar»: «Há hoje retiros espirituais feitos a partir de desenhos (...), ou a partir de pinturas, outros que têm a ver com a dimensão musical e as palavras».

«Separa-se menos a palavra sagrada de novas palavras sagradas, que são as profanas dos poetas, dos escritores, dos grandes narradores do nosso tempo. Há um novo espírito que emerge, mais da hospitalidade da experiência humana que a arte reflete e a partir da qual se trabalha», acentua.

O responsável salienta que os católicos são convidados a «olhar para a arte não como um corpo estranho, mas como um parceiro necessário para a própria construção da experiência religiosa».

O processo de aproximação entre Igreja e cultura requer «vencer os preconceitos e as resistências de parte a parte, através do diálogo», superando «um divórcio, um tempo grande de relativização da experiência de Deus, como se Deus tivesse morrido e a crença, a convicção em Deus, já não fosse capaz de geral cultura, pensamento, arte».

«Vivemos num momento diferente da vida da Igreja e da Cultura. E de uma forma muito simples e despretensiosa a Pastoral tem dado o seu contributo», acrescenta.

Na entrevista conduzida pela jornalista Maria Leonor Nunes, que é tema de capa do JL, o padre Tolentino Mendonça evoca o teólogo Hans Urs von Balthazar, quando disse que «as coisas mais importantes sobre Deus no século XX foram escritas não por teólogos mas por artistas, poetas, músicos.

«A Igreja precisa dessa comunhão. E não se trata de evangelizar ou cristianizar, mas perceber que a arte tem de ser a arte, e muitas vezes o lugar do questionamento radical dos modelos, da linguagem», salienta o responsável, para quem «a ironia com que alguns discursos artísticos tratam o religioso não o menoriza», mas «ajuda-o a repensar-se».

O poeta e biblista está convicto de que «a cultura é uma arte do encontro de percursos diferentes, dos que olham o mundo de outra maneira, com outros valores, mas são capazes de os partilhar».

«Nas nossas sociedades escasseiam lugares de condivisão e o cristianismo pode permitir conversar sobre tantas preocupações e interrogações que pesam sobre o nosso tempo», assinala.

Depois de recordar que «o papa Francisco tem falado de um modo muito feliz da necessidade de ir ao encontro das periferias», o padre Tolentino Mendonça realça que «hoje a cultura é um arquipélago de periferias, de solidões», e o cristianismo «pode ser esse lugar utópico para a polifonia dos encontros mais diversos e inesperados».

O cristianismo distingue-se pela «fé em Deus, mas também na pessoa humana»: «Nesse sentido, transporta para a História uma insensata esperança. Isso também é um contributo para os tempos que correm. E precisamos dele para vencer este cerco de pessimismo e derrotismo».

«Ainda hoje ouvi dizer a alguém, num café, que há 60 anos que não temos uma grande guerra na Europa, e que se calhar é necessário haver uma para resolver a crise em que nos encontramos. É preciso desarmadilhar este tipo de discurso e mostrar que a guerra, a violência, não são fatalidades históricas e que podemos reinventar o modo como as nossas sociedades são estruturadas em ordem à justiça, ao bem, à beleza», sublinha.

 

In Jornal de Letras, 11.12.2013
11.12.13

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