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Teologia contemporânea

Dietrich Bonhoeffer: Ser em Cristo

No Natal de 1943, escrevia o pastor Dietrich Bonhoeffer da prisão a seguinte oração: «Senhor, meu Deus, eu Te dou graças, que Te aprouve dar fim a este dia; eu Te agradeço por permitires que corpo e alma cheguem ao descanso. Tua mão esteve comigo e me protegeu e preservou. Perdoa a pouca fé e toda a injustiça deste dia e ajuda-me a que eu consiga perdoar a todos os que me fizeram injustiça» (“Resistência e submissão”).

Dietrich Bonhoeffer nasceu em Breslau no dia 4 de fevereiro de 1906. O seu pai, Karl Bonhoeffer, era um distinto neuropsiquiatra e professor universitário, e sua mãe, Paula Von Hase, pertencia a uma família aristocrática. Bonhoeffer de seu pai herdou a bondade, a justiça, o autocontrolo e a competência; da mãe herdou a sua grande compreensão humana e simpatia, a sua dedicação à causa dos oprimidos e a sua inabalável firmeza.

A família Bonhoeffer, cristã protestante, tinha ainda mais oito filhos, três rapazes e cinco raparigas. Da família Bonhoeffer fazem ainda parte figuras eminentes ligadas à Igreja e à teologia, disciplina que haveria de marcar o percurso humano e intelectual de Dietrich. Ora, a teologia como que lhe corria no sangue, pois, o seu avô materno, von Hase, tinha sido capelão do Imperador e o seu tetra-avô materno, Karl von Hase, foi o mais importante historiador da História da Igreja na Alemanha do século XIX. Esta tradição presente na família de Dietrich ajuda a explicar por que razão com a idade de catorze anos, quando ainda estava na escola, começa a ler teologia, e com dezassete anos, em 1923, se matricula na Universidade de Tübingen, onde dá início aos estudos religiosos e teológicos, tendo sofrido a especial influência de Adolf Schlatter, especialista no Novo Testamento.

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Um ano mais tarde, em 1924, Bonhoeffer, parte para Berlim, onde prossegue os seus estudos teológicos sob a influência dos maiores teólogos protestantes da altura, entre os quais Adolf von Harnack, especialista em história da Igreja e representante do protestantismo liberal, Karl Holl, Hans Lietzmann e Reinhold Seeberg, que seria o orientador da sua tese de doutoramento, sob o título “Communio sanctorum”, que Dietrich defendeu em 1927, apenas com vinte um anos de idade. Embora não tivesse estudado formalmente com Karl Barth, é inegável a influência do teólogo protestante no pensamento de Dietrich Bonhoeffer.

Terminado o doutoramento, Dietrich parte em 1928 para Barcelona, onde durante um ano desempenha a função de pastor na comunidade evangélica alemã de Barcelona. Após regressar à Alemanha em 1929, Bonhoeffer no ano de 1930 torna-se “leitor” de Teologia Sistemática na Universidade de Berlim e no mesmo ano acaba a redação da sua obra “Ato e Ser”, partindo em setembro do mesmo ano para o Union Theological Seminary de Nova Iorque, na qualidade de “Sloan Fellow”.

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Tendo regressado a Berlim, Dietrich torna-se no ano de 1931 professor de teologia na Universidade de Berlim, sendo também “ordenado” ministro da Igreja luterana. Bonhoeffer era um teólogo atento à realidade e perspicaz, por isso depressa percebeu, mesmo antes de Hitler chegar ao poder, que o Nacional Socialismo era uma tentativa perigosa de fazer história sem Deus e apenas com base na força do homem indo até onde fosse preciso ir, ou seja, mesmo contra o homem. Assim, em 1933, quando Hitler toma o poder, Dietrich abandona a sua carreira académica, ainda que só venha a ser expulso formalmente da Universidade em 1936, e parte em outubro de 1933 para Londres.

Em Londres Dietrich, é ministro em duas congregações e colabora na organização da Igreja Confessante, que reúne um terço do clero protestante. A Igreja Confessante constituía uma resposta crítica a Hitler e a algumas fações da Igreja luterana que cedo se sujeitou a Hitler. No ano de 1935 Bonhoeffer, regressa à Alemanha, passando a lecionar quer em Berlim quer no seminário da Igreja Confessante em Finkenwalde, cujas atividades foram refreadas pelos nazis em dezembro desse ano. 

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No ano de 1936 é formalmente expulso da Universidade de Berlim e no ano de 1937 a Gestapo encerra o seminário de Finkenwalde, onde Dietrich desenvolvia uma aproximação intelectual e existencial ao movimento ecuménico, à dita “questão judaica” e ao significado basilar de Israel para a fé cristã. Publica neste ano “O preço da graça: o seguimento”. No ano de 1939 Bonhoeffer desloca-se novamente a Londres e segue para os Estados Unidos da América, onde após duas semanas regressa à Alemanha, pois, como confessa a Reinhold Niebuhr só poderá ajudar na reconstrução da vida cristã do seu povo, se vivesse com ele agora as provações do tempo presente, ou seja, se “pagasse” o preço da graça, que, no seu caso, será o seguimento radical que, consiste numa identificação com Cristo pela morte.

No ano de 1940 Dietrich Bonhoeffer, acusa a Igreja pelo seu silêncio face ao sangue dos inocentes que era derramado. Assim, para além de ser proibido de falar em público, Dietrich é vigiado e seguido de perto pela Gestapo. Escreve neste ano parte de uma das suas obras maiores: “Ética”. Durante os anos de 1941 e 1942, Dietrich, visita a Suíça (2 vezes), a Noruega e a Suécia.

Após se ter comprometido formalmente com Maria von Wedemeyer em 1943, Dietrich é preso, com a sua irmã e cunhado, pela Gestapo, na casa de seus pais, e encarcerado na prisão de Tegel, em Berlim. Mas Bonhoeffer foi transferido de Tegel, no dia 5 de Outubro de 1944, para a prisão da Gestapo na Albrechtstrasse, em Berlim. Mas não ficaria aqui muito tempo, pois a prisão em fevereiro desse ano seria destruída pelos bombardeamentos, e Dietrich foi transferido para o campo de concentração de Büchenwald e ainda para outros lugares, até que foi executado, por especial ordem de H. Himmler, no campo de concentração de Flossenburg no dia 9 de abril de 1945, poucos dias antes deste ser tomado pelos aliados.

 

L. Oliveira Marques
© SNPC | 27.03.11

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Dietrich Bonhoeffer

 

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