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Fé e arte

Bienal de Veneza 2011: uma nova oportunidade para o diálogo entre a Igreja e a arte contemporânea

A longa tradição de apoio às artes por parte do Vaticano contribuiu para o surgimento de inúmeras obras-primas.

Com Bento XVI, a Santa Sé tem procurado reavivar o seu papel na cultura contemporânea. Um dos exemplos desta aposta é a montagem do seu próprio pavilhão na edição de 2011 da Bienal de Veneza, considerado o mais importante festival de arte contemporânea, iniciando desta forma um diálogo com os artistas contemporâneos.

D. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, afirmou que o objetivo da presença na Bienal é restabelecer os laços com o mundo da arte contemporânea, beneficiando tanto a arte como a fé. “Os grandes símbolos religiosos, as grandes histórias e as grandes figuras da espiritualidade podem estimular uma arte que, com frequência e cada vez mais, tem falta de mensagem” ou é blasfema, referiu o prelado.

D. Gianfranco Ravasi espera também inspirar arte apropriada para igrejas construídas nas últimas décadas por arquitetos conceituados como Renzo Piano e Richard Meier. “Até agora a arquitetura moderna tem tido resultados muito bons no diálogo com a liturgia.” Mas, acrescentou, “dentro dessas igrejas não há um diálogo com artistas contemporâneos. Só existe arte popular.”

A decisão do Vaticano em participar na Bienal é invulgar, em parte porque a feira suscitou algumas vezes a indignação de responsáveis da Igreja devido à natureza de certos trabalhos, considerados sacrílegos ou potencialmente ofensivos para o público. O conflito iniciou-se logo na primeira edição, em 1895, quando o Patriarca de Veneza, que mais tarde veio a ser o Papa Pio X, pediu ao presidente do município de Veneza para retirar uma obra de Giacomo Grosso, que expunha um caixão – representando a morte de Don Juan – rodeado de mulheres nuas. Mais recentemente as abordagens do coletivo Gran Fury (1990) e de Maurizio Cattelan (2001) foram fortemente criticadas por responsáveis da hierarquia católica.

D. Ravasi referiu que há o risco de a entrada do Vaticano na cena artística contemporânea poder ser vista meramente como um contraponto sacro às obras profanas. Para evitar esse perigo, o presidente do Conselho Pontifício da Cultura pretende que o pavilhão da Santa Sé fique distante do principal espaço de exposição. “Não quero que seja uma provocação... um espetáculo”, acrescentou.

D. Gianfranco Ravasi planeia formar uma comissão de alto nível que identificará artistas de todo o mundo que possam participar na mostra da Santa Sé. O prelado declinou dizer se o Vaticano reservará fundos próprios para esta iniciativa; é possível que os custos desta presença possam vir a ser suportados, pelo menos em parte, por entidades privadas.

Para D. Ravasi há um grande interesse da Igreja nesta Bienal porque será como que o regresso à grande tradição, quando os papas do Barroco e do Renascimento dialogaram com os artistas.

Em mensagem dirigida o ano passado às academias pontifícias, Bento XVI lembrou a necessidade urgente de um diálogo renovado entre estética e ética, entre beleza, verdade e bem, não apenas no debate artístico e cultural, mas também na realidade do quotidiano.

O presidente da Bienal de Veneza, Paolo Baratta, saudou o envolvimento do Vaticano. Em declarações ao jornal Corriere de la Sera, afirmou que “a ideia de Ravasi é um gesto corajoso e algo de grande interesse a nível internacional. A questão do divino na arte tem sido sempre um tema forte, confrontado nos últimos anos com alguma timidez. Agora abre-se uma nova oportunidade.”

A edição de 2009 da 53.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, que decorrerá entre 7 de junho e 22 de novembro, terá como tema «Fazer Mundos».

 

Nicole Winfield
Associated Press
In Scotland on Sunday
© SNPC: trad./adapt. | 05.04.09

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Lygia Pape (det.)




















































Bienal de Veneza

 

 

 

 

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