Leitura
Católicos nas vésperas da I República
"«Católicos nas vésperas da I República» pretende divulgar uma posição dos católicos em geral e dos jesuítas portugueses, da Revista do Novo Mensageiro do Coração de Jesus em particular, sobre a fase final da secular Monarquia portuguesa e as vésperas da República.
Duas das muitas questões que se apresentam neste trabalho são as seguintes: se Portugal tinha, nas vésperas da República, cerca de 99% de católicos, como foi possível toda a luta anticatólica? Como é possível que, aparentemente, menos de 1% da população tenha conseguido perseguir e escravizar uma imensa maioria? Com a I República abrir-se-ia um novo ciclo histórico, como dizem alguns, ou apenas assistimos, sob o ponto de vista religioso, a uma continuidade?" (Sinopse).
Do prefácio, assinado por D. Manuel Clemente:
“Com este título sai agora ao público o trabalho de Mestrado de José António Ribeiro de Carvalho na Faculdade de Letras do Porto. Congratulo-me com a edição, dada a oportunidade do tema e a substância do seu tratamento.
Efectivamente, andando em torno dos Jesuítas e da sua revista o Novo Mensageiro do Coração de Jesus, o livro toca em temas cimeiros do pensamento e da acção do movimento católico em Portugal, nas décadas decisivas que antecederam a mudança de regime político.
Não faltam alusões aos papas (Pio IX, Leão XIII e Pio X), nem à presença dos Jesuítas em Portugal; entra-se depois na análise mais próxima do Novo Mensageiro do Coração de Jesus, do seu posicionamento essencial, das polémicas que sustentou e das causas que defendeu. Tudo tratado com muita informação a propósito.
Saliento apenas alguns tópicos maiores para, de algum modo, chamar a atenção do leitor. Considerem-se antes de mais alguns dos debates mais importantes do catolicismo português da altura: Qual o lugar da religião numa sociedade que, sendo ainda oficialmente confessional, segundo a Carta Constitucional (1826-1910), já o era menos na prática e nas convicções de um número considerável de cidadãos? Qual o campo de envolvimento propriamente político da religião, para mais num país onde havia católicos legitimistas e católicos liberais? Até onde é que o Catolicismo se poderia desenvolver internamente, dentro dos limites que o regime constitucional permitia, sabendo-se como este era cioso de preponderar na vida da Igreja em campos tão importantes como as relações com Roma ou as nomeações de bispos e párocos?
Como o trabalho de Ribeiro de Carvalho evidencia, estas e outras temáticas não preenchiam apenas o debate “externo” dos Católicos com o Estado ou a parte menos católica da sociedade portuguesa. Muito pelo contrário, elas entravam, tão ou mais vivamente, nos questionamentos “internos” de católicos para católicos, quer porque estes também se repartiam quanto às respectivas preferências políticas, quer porque divergiam quanto às relações Igreja-Estado, especialmente sobre o modo e a finalidade da intervenção: no sentido da fusão ou da separação, na articulação da unanimidade teológica e eclesiológica com o pluralismo legítimo (?) das opções partidárias, etc.
Os Jesuítas e a sua revista entraram directamente nestes assuntos, mais próximos ou afastados de outros intervenientes católicos (cf., por exemplo, a posição do Novo Mensageiro em contraste com a da Voz de Santo António, revista franciscana e coeva, estando o primeiro mais próximo do Partido Nacionalista e a segunda mais equidistante dele e dos outros partidos, já muito perto da República.
Em tudo isto, Ribeiro de Carvalho manifesta-nos a polivalência do Catolicismo de então. De facto, nessas mesmas questões acabou por criar hábitos de discussão interna que, por um lado, o desvincularam dum regime político em extinção e, por outro, lhe ofereceram uma militância mais definidamente “religiosa”, capaz de o sustentar em tempos de “separação” forçada e forçosa (1911 e ss.).
Por estas e outras razões, devemos agradecer e aproveitar bem o trabalho de Ribeiro de Carvalho, aliás documentado com bibliografia e fontes. A sua oportunidade é máxima, cem anos depois dalguns acontecimentos que relata e ainda longe de os termos esgotado, como explicação do presente português e católico.”
In Católicos nas vésperas da I República, Civilização Editora
08.06.09

Católicos nas vésperas
da I República
Autor
José Carvalho
Editora
Civilização Editora
Páginas
332
Preço
€ 19,90
ISBN
978-972-2628-136




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