Domingo de Ramos
«Papa Francisco pede «alegria», «sacrifício» e «esperança» na luta contra o «mal»
Alegria, cruz e juventude foram os temas centrais na homilia da missa de Domingo de Ramos que o papa proferiu hoje no Vaticano, ocasião aproveitada por Francisco para anunciar a presença na Jornada Mundial da Juventude, que decorre em julho no Rio de Janeiro.
As duas principais leituras bíblicas proclamadas nas missas deste domingo realçam a festa, ao evocar a entrada festiva de Jesus em Jerusalém, e o sofrimento, ao recordarem os últimos momentos da vida de Jesus, desde que foi detido e interrogado até à crucificação.
Um cristão não pode ser uma pessoa «triste», vincou o papa: «Não vos deixeis tomar pelo desencorajamento. A nossa não é uma alegria que nasce de possuir muitas coisas, mas de ter encontrado uma pessoa: Jesus; de saber que com ele nunca estamos sós, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida se confronta com problemas e obstáculos que parecem inultrapassáveis».
Francisco lembrou as palavras que o seu antecessor, Bento XVI, dirigiu aos cardeais: «Vós sois príncipes, mas de um rei crucificado».
«Este é Jesus. Este é o seu coração que nos vê a todos, que vê as nossas doenças, os nossos pecados. (...) É o nosso amigo, o nosso irmão. Que nos ilumina o caminho», referiu Francisco.
Jesus despertou «muita esperança sobretudo entre a gente humilde, simples, pobre, esquecida, que não conta aos olhos do mundo. Ele soube compreender a miséria humana, mostrou o rosto de misericórdia de Deus», assinalou.
«Olhemos em volta: quantas feridas o mal inflige à humanidade! Guerra, violência, conflitos económicos que atingem os mais fracos, sede de dinheiro, de poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a Criação. E os nossos pecados pessoais: a falta de amor e de respeito com Deus, com o próximo e com toda a Criação», apontou.
No entanto, prosseguiu, o ser humano não se deve «nunca habituar ao mal»: «Não devemos crer no maligno que nos diz: não podeis fazer nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados. Com Cristo podemos transformarmo-nos a nós próprios e ao mundo».
«Não devemos ter medo do sacrifício. Pensemos numa mãe ou num pai: quantos sacrifícios! Mas porque o fazem? Por amor. E como o enfrentam? Com alegria porque são para as pessoas a quem querem bem. A cruz de Cristo abraçada com amor não leva à tristeza mas à alegria», sublinhou.
O domingo de Ramos é a data em que a Igreja Católica assinala o Dia Mundial da Juventude, este ano dedicada ao tema "Ide e fazei discípulos entre todos os povos", pelo que a homilia do papa foi também dedicada aos jovens.
«Vós tendes uma parte importante na festa da fé. Vós trazeis-nos a alegria da fé e dizeis-nos que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre, mesmo aos 70 ou 80 anos», disse.
«Todos nós o sabemos e vós o sabeis bem, que o rei que seguimos e que nos acompanha é muito especial: é um rei que ama até à cruz e que nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua cruz. E por isso vós a abraçais, porque compreendestes que é no dom de si que se tem a verdadeira alegria».
«Levai-a para dizer a todos que sobre a cruz Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e levou a reconciliação e a paz.»
O papa pediu aos jovens que se «preparassem bem, sobretudo espiritualmente», para a Jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 de julho, de modo que o encontro «seja um sinal de fé para o mundo inteiro».
A celebração de domingo de Ramos deu início à Semana Santa, o período mais importante do ano para a Igreja Católica, que culmina na Páscoa.
Rui Jorge Martins
Fotos: CTV
© SNPC |
24.03.13
Vaticano, 24.3.2013
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