Quaresma
Procissão dos Passos junta milhares de pessoas em Celeirós
À semelhança dos anos anteriores, a Procissão dos Passos juntou anteontem milhares de pessoas nas principais artérias da freguesia de Celeirós, Braga.
As colchas estendidas desde manhã cedo em muitas janelas e a música ambiente transmitida pelo altifalante indiciavam que se vivia um dia diferente na paróquia. E assim foi. Pela 68.ª vez saiu à rua a Procissão dos Passos de Celeirós, um cortejo feito por centenas de figurados, militares da GNR a cavalo, homens dos bombeiros voluntários de Braga, e entidades civis e religiosas.
Entre os figurantes, destaque para as crianças. Eram certamente mais de uma centena os mais pequenos que vestiram o fato de ‘anjinho’, mas também de figuras bíblicas. A procissão abriu com a representação da entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, num palco montado no adro da igreja. Depois, deu-se a sucessão de acontecimentos narrados nas escrituras sagradas: a Última Ceia, a traição de Judas, a prisão de Cristo e a negação de Pedro...
É esta a história que nos conta a Procissão dos Passos. Uma procissão em que Jesus caminha com a cruz às costas até ao Calvário, onde é crucificado e morre para ressuscitar ao terceiro dia após a sua morte. “É muito comovente ver como Cristo foi tratado e como o mataram. A parte que mais emocionante sempre é o momento do encontro”, contou ao «Correio do Minho» Luísa Maria Vieira, que apesar de morar no concelho de Famalicão é já presença habitual entre o público que assiste a esta procissão.
A seu lado, a amiga Maria das Dores disse-nos que já no domingo esteve em Real para assistir a um cortejo semelhante. “Gosto tanto de ver isto. No ano passado não vi nenhuma procissão e nem me lembrava a Páscoa”, revelou.
Filhos da terra regressam para fazer de figurantes
Madalena Gonçalves, nascida e criada em Celeirós matou anteontem as saudades da sua mocidade. “Em criança participava todos os anos nesta procissão vestida de anjinho. Depois casei, mudei de freguesia e nunca mais fui figurada”, contou-nos Madalena Gonçalves, vestida de ‘Caridade’. Este ano, a moradora na freguesia de Santiago de Antas aceitou o desafio das amigas e voltou a integrar a principal procissão da sua terra. “Até estou emocionada e só peço a Jesus Cristo que me dê um ano bom”, disse comovida. Para poder participar na procissão, esta filha da terra, contou com o apoio do marido “que ficou em casa a tomar conta dos filhos”. “Estou muito feliz. Hoje realizei um sonho antigo”, rematou, explicando que apesar de não integrar a procissão nunca perdeu nenhuma, pois esteve sempre no público.
Foto: Álvaro Magalhães (Diário do Minho)
Marlene Cerqueira
In Correio do Minho, 30.03.2009
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