Leitura
Autonomia da razão, especificidade da fé
Devemos reconhecer a autonomia da razão, mas nãopodemo admitir que ela sozinha seja capaz de penetrar nos mistérios de Deus, apesar de ser Ele a sua finalidade. De facto, o ser humano foi criado por Deus com uma grande capacidade reflexiva que lhe perite elaborar metodicamente pensamentos com os quais conduz a humanidade, levando-a a um progresso profícuo ou a um retorno prejudicial.
A fé é o acto de aceder a algo que não é evidente, que não está explícito. A fé pode ajudar a razão a obter com maior agilidade e credibilidade o seu objectivo, a verdade. Por mais que a razão se esforce para provar determinadas proposições, somente a fé é capaz de lhe mostrar que não pode obter tudo o que deseja, por mero esforço racional.
A razão orienta a ciência para a tentativa de descoberta e de resposta a questões emergentes que afloram ao longo do processo de desenvolvimento da Humanidade; a fé é para os que crêm, uma luz que os ilumina e lhes permite ir mais longe, acolhendo a própria revelação de Deus e assumindo novos comportamentos e atitudes, perante muitas questões que o homem não é capaz de resolver.
Não pode nem deve existir oposição entre a Razão e a Fé, porque a razão é obra do criador inerente ao homem e a fé é um dom que o mesmo criador lhe concede. A razão e a fé possuem objectos de conhecimento específicos. A razão aponta para a ciência com pesquisas e descobertas, desenvolvendo o intelecto, e a fé nutre a vida espiritual do homem. A razão conduz o homem ao conhecimento das leis naturais do cosmos e a fé ao Transcenente e ao sobrenatural. A razão prequer provas, a fé requer acolhimento.
O Cristianismo, desde há muitos séculos, busca as luzes da razão para ver melhor o mistério da fé. A razão deve contar com a fé para caminhar, pois onde a razão humana não consegue penetrar com toda a sua capacidade, a fé surge como uma luz que ilumina e orienta o homem, dando respostas não abarcadas racionalmente. Não se utiliza a razão para acreditar numa verdade de forma cega e passiva, como também não basta somente crer é preciso dar razões da própria fé.
D. António Carrilho
Bispo do Funchal
In Corresponsabilidade e Participação - Homilias e Mensagens - Dois anos na Diocese do Funchal
02.07.09

Corresponsabilidade
e participação
Autor
D. António Carrilho
Editora
Gráfica de Coimbra 2
Páginas
440
ISBN
978-972-603-458-2




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