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A Praia Formosa

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Baixei a cabeça, os meus olhos ficaram presos ao meu vestido novo, era branco com florezinhas e pintinhas pretas.

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Devia ser muito pequenina quando o Avô Jacinto morreu.
Depois só me lembro do auto-retrato, das fotografias todas que ele tirou.

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Gostava quando especialmente a Avó Laura mas mostrava, comentando: o Tio Luiz quando era pequeno, a Mãe bebé no jardim da Praia ao meu colo, aqui já crescida com amigas e amigos que vinham passar a tarde para brincar e algumas pensionistas do Colégio da Avó, que aqui passavam o Verão, como a Berta, a Irene e a Isaura, três irmãs que tinham vindo de São Tomé.

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A fazenda, a vindima, a apanha da cana-de-açúcar, o jardim. Eu acrescentava: como a palmeira cresceu! Havia um arçaleiro, muitos muitos mangueiros, um poio inteiro, um cardeal vermelho vivo e outro com as pétalas bem recortadas da flor que pendia, uma goiabeira, uma árvore que dava flores cor-de-rosa, adorava metê-las na boca, sabiam a papel de seda...

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Uma anoneira tão grande como uma casa, boninas à sombra no caminho até o palheiro atraindo os besouros ao fim da tarde, um ligustro ao pé do muro, mioporos para proteger do vento de sudoeste; a figueira – bêberas brancas com mel no bico – perto do pombal, a alfarrobeira ao pé do portão da entrada, pitangas das pretas, um jacarandá, jasmin, gaitinhas no xadrez, que se enchiam de flores alaranjadas pelo Natal. E a canforeira! Enorme, plantada pelo Tio Luiz.

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Para ir ao banho descíamos pela rocha e pelo areão, desviávamo-nos das tabaibeiras, pelo caminho funcho bravo, goivos da rocha, aromas brancos. Atravessávamos as bananeiras já lá em baixo e estávamos na praia, tão vasta, tão larga. Formosa porque vazia!

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Em dias de levadia, ouvíamos em casa o barulho do mar a arrastar pelos calhaus. Rolava-os dia e noite, anos, séculos, até que bocados de basalto ficassem assim tão lisos e macios. Um calhau é uma obra-prima!

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Quem não conseguiu andar descalço por cima dos calhaus, ora saltando ora equilibrando-se nos calhaus maiores.

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Hoje, como um quarto atravancado de móveis, a Praia Formosa encheu-se de imóveis.

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Agradeço ao avô ter deixado o seu olhar na beleza deste sítio.

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E grata ao céu e à terra eu ter começado a respirar aqui.

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Até 3 de Outubro, na Galeria Porta 33, Funchal, Lourdes Castro apresenta a exposição «A Praia Formosa» - photografias do meu avô Jacinto A. Moniz de Bettencourt.

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Texto: Lourdes Castro
28.07.09


 

 

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