Caxinas
Procissão do Senhor dos Navegantes
O barco de Carlos Craveiro, mestre do "Ajudado por Deus" levou, anteontem, pela oitava vez, o andor do Senhor dos Navegantes, na procissão do padroeiro dos pescadores das Caxinas, Vila do Conde.
"Pedimos que nos dê boa viagem e que traga de regresso todas as 'companhas'", pediu Carlos Craveiro. "Aqui nas Caxinas somos uma família. A maioria nunca conheceu outra vida, senão andar ao mar e, na aflição, amarramo-nos aos santos todos", continua a contar o mestre, ainda antes da saída do cortejo religioso, um dos maiores do país, com 16 andores e 400 figurantes, que anteontem juntou cerca de 50 mil pessoas nas Caxinas .
À frente, com 84 anos, segue o pai, a guiar o andor do padroeiro. Na família da pescaria, os barcos dos dois irmãos levam outros tantos andores: o "Vera Marina" a Senhora da Luz e o "Craveiro Flores" a Senhora da Bonança.
No rosto de todos a mesma expressão de fé, comum entre a comunidade piscatória das Caxinas, a maior do país. A mercê do mar, que ora traz fartura na mesa, ora lhes leva os entes mais queridos, buscam no céu protecção, numa fé que lhes está no sangue.
"Era eu solteiro e já levava andores. É uma procissão muito antiga e sempre muito bonita", explica João André, que transportou uma das lanternas do andor do Senhor dos Navegantes, carregado por 14 elementos da tripulação do "Ajudado por Deus".
A procissão, diz quem ali vive, é quase tão antiga quanto a fixação da comunidade piscatória em terras caxineiras. Depois, parou durante 16 anos, aquando da construção da nova igreja (famosa pela sua forma de barco) e foi retomada, três anos após a conclusão do templo, há 21 anos.
São as tripulações dos barcos das Caxinas que, todos os anos, carregam os 16 andores, de acordo com "os quartos" dados ao Senhor. Cada "companha" dá às festas um quarto do que recebe, durante um ano, cada um dos tripulantes e quem der o maior "quarto" escolhe o andor que quer transportar.
Todos os anos, a procissão, que, durante duas horas e meia, percorre mais de dois quilómetros, traz às Caxinas milhares de fiéis, entre os quais muitos emigrantes. A imponência dos figurantes e dos andores (os maiores com mais de mil quilogramas), a riqueza das flores e o brio com que a comunidade prepara a festa, tornam, diz quem assiste, a procissão única.
"Somos a embarcação que mais vezes levou o andor do Senhor dos Navegantes", explica, orgulhoso, Carlos Craveiro, acrescentando que, neste dia, os barcos ficam em terra para pedir ao Senhor "boa maré" para mais um ano de faina.
Texto: Ana Trocado Marques (Jornal de Notícias)
Fotografia: Pedro Correia (Jornal de Notícias)
04.08.09





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