Escultura
A Via Crucis de Lucio Fontana
Dois anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, em 1947, Lucio Fontana realiza a Via Crucis, em que as etapas do suplício de Jesus traduzem o sofrimento humano.
A figura de Jesus, vítima inocente, injuriado, torturado, crucificado, e a extrema dor de Maria, evocam a brutalidade da guerra, da repressão, da perseguição, a extrema degradação da humanidade, contrapostos à piedade, ao amor ao próximo, ao sacrifício de si próprio.
As “estações” da Via Crucis, em cerâmica reflexa de grande efeito coloristico, articulam-se espacialmente num alto relevo propenso à liberdade tridimensional. Grupos de figuras que gesticulam encharcadas por uma matéria de cintilante cromatismo e de uma exuberante expansão, quase tentacular na relação com o espaço.
Um crítico de arte definiu a obra como as «Estações Corais da Cruz», devido à luz criada pelas cores e pelo efeito dos seus reflexos (como acontece frequentemente com o ouro), que parecem imitar o movimento fluido das algas e o fundo do Mediterrâneo.
A história sagrada, resultante de uma perspectiva essencialmente não religiosa, parece conferir à natureza uma interpretação tenebrosa e agitada. A meio caminho entre a orientação geológico-marítima e a abstracção de uma sombra informe, a narrativa de Fontana exprime força dramática nos seus catorze passos canónicos.
Lucio Fontana (1899-1968) foi um pintor e escultor argentino-italiano, nascido na Argentina e falecido em Itália.
Vídeo: Fondazione Marilena Ferrari
Texto: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; FMR
24.09.09
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