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Presépio de Priscos: uma lição de História

Há quatro anos, o padre João Torres estava longe de imaginar a projecção actual do presépio ao vivo de Priscos. Em 2006/07, meia centena os figurantes deram vida, nos fundos da residência paroquial, a alguns quadros bíblicos.

Na edição que decorre até 10 de Janeiro próximo, 600 pessoas corporizam aquele que já é considerado o maior presépio ao vivo da Europa, com encenações espalhadas numa área de 30 mil m2.

O sacerdote que em 2006 decidiu responder ao repto dos bispos portugueses para se centrar a celebração do Natal na figura do Menino Jesus, assegura que o presépio ao vivo de Priscos é único em Portugal pelas suas características, diferentes das “aldeias ou vilas-presépio”, eventos “com uma componente muito comercial”.

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Com entradas gratuitas, o presépio de Priscos apresenta-se como “uma lição de história” ao recriar a vivência em três comunidades contemporâneas de Jesus Cristo.

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As ‘aldeias’ egípcia, judaica e romana podem ser o embrião de um parque temático que funcione num período mais alargado de tempo. “Este ano já alargámos os dias de abertura, no futuro talvez possamos manter o presépio durante mais tempo, recorrendo a manequins”, anteviu ontem o pároco de Priscos, preocupado em desligar este “projecto que une a paróquia” das preocupações comerciais.

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Mexer com as consciências no próximo Natal

Para a edição de 2010/11 os organizadores do presépio ao vivo de Priscos contam já ter legalizada uma associação, entidade com outras possibilidades de vir a angariar subsídios que garantam a continuidade e o reconhecimento turístico e religioso deste evento e que, com organizações similares, possa vir a criar um roteiro dos presépios ao vivo em Portugal, à semelhança do que já existe em Itália, país onde o padre João Torres se inspirou para montar a encenação do nascimento e vida de Cristo em Priscos.

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A próxima edição do presépio ao vivo está já a ser pensada, adiantando o padre João Torres que o mesmo "irá mexer com as consciências”.

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Sem levantar muito o véu, o pároco de Priscos revelou-nos que esta viagem pelo mundo da Bíblia irá explorar a mensagem do ‘fim do Mundo’, procurando despertar as consciências ecológicas. “Vamos começar as construções muito mais cedo, vamos fazer com que sejamos notícia muito antes do Natal acontecer”, antevê João Torres, empolgado com o envolvimento de centenas de pessoas num projecto que já ultrapassou em muitos os limites da pequena freguesia de Priscos.

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Presépio já atrai visitantes da Galiza

Com acções de promoção mais organizadas e a divulgação feita através de órgãos de comunicação social, nomeadamente os canais de televisão, o Presépio ao Vivo de Priscos atrai gente de vários pontos do País e até da vizinha Galiza. A organização tem acolhido a inscrição de excursões oriundas de Setúbal, Leiria ou Bragança e regista a visita de “muita gente de Pontevedra”.

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O padre João Torres explica a vinda desses visitantes galegos com a divulgação este ano do evento na Galiza, através de uma parceria com a Câmara de Braga. O município apoia também a paróquia de Priscos com a oferta de espaços publicitários em vários pontos da cidade e numa dezena de autocarros dos Transportes Urbanos de Braga.
Apesar de ontem, vários milhares de pessoas visitaram o presépio.

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Apresentar Natal com o Menino Jesus

No presépio ao vivo de Priscos, a maior parte actores e figurantes são da terra e de freguesias vizinhas. Mas há quem, por ligações familiares ou de amizade, tenha vindo de mais longe para participar numa encenação pensada para actualizar conhecimentos bíblicos e sócio-culturais dos povos egípcio, romano e judeu e, ao mesmo tempo, “fortificar a vivência em comunidade”.

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Elisabete, residente na cidade de Braga, é uma das figurantes da casa das lavadeiras, na aldeia judaica. “Adoptei Priscos. Isto é apaixonante. Estamos cá os dias todos, de pedra e cal2, diz-nos esta decoradora, que aderiu ao projecto do presépio ao vivo através do convite de uma amiga, residente na freguesia de Santana de Vimieiro. Ao lado das duas amigas, Sara, Ana e Rui, sobrinhos de Elisabete, compõem a figuração da casa das lavadeiras.

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João Torres, o pároco de Priscos, enquanto nos guia pelos caminhos das três aldeias que formam o presépio, realça o envolvimento das gerações mais novas: “É importante fazer os mais novos acreditarem no projecto. Só assim isto terá muitos anos pela frente”.

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Segundo o sacerdote, o presépio ao vivo apresenta-se como “uma oportunidade para os pais poderem explicar aos filhos o que é o Natal”.

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Considera o padre João Torres que essa tarefa “é muito difícil” nos dias que correm em que ‘os pais levam os filhos aos centros comerciais e aos hipermercados e as crianças vão-se habituando a ver o Pai Natal, a Popota, a Leopoldina, figuras que fazem parte do Natal, ficando o Menino Jesus um bocadinho esquecido’.

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Ora, “nada melhor do que um presépio ao vivo para centrar o Natal no Menino Jesus”, acrescenta o sacerdote, motivado com o envolvimento de várias gerações na organização do de Priscos.

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“Temos aqui gente que trabalha nos campos e nas fábricas ao lado de professores universitários, advogados ou arquitectos”, destaca, por outro lado, um dos mentores do presépio ao vivo.

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Elemento central do presépio ao vivo de Priscos, a gruta com a encenação do nascimento de Jesus Cristo, foi edificada por pedreiros da freguesia. É uma estrutura fixa, tal como as construções da aldeia romana, que ocupam terrenos da paróquia.

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O padre João Torres sublinha que na construção do presépio “aproveita-se aquilo que cada um sabe fazer” e reaproveitam-se ao máximo materiais doados por empresas.

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“Não adianta que isto seja apenas um passeio, mas algo com que as pessoas possam encher o coração”, avisa o sacerdote, consciente do alheamento de muitos dos visitantes em relação às mensagens transmitidas ao longo do percurso de visita.

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“Nos primeiros tempos a principal preocupação dos cristãos era falar da Páscoa, o Natal não era propriamente uma preocupação”, refere o sacerdote para justificar a presença, à entrada do recinto do presépio, de uma grande cruz, rodeada de referências aos livros bíblicos.

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Lição de Bíblia em resposta a ‘Caim’

“Achámos que era importante falarmos da Bíblia num tempo em que saiu o livro ‘Caim’ de José Saramago. Era interessante dizer às pessoas que a Bíblia não é um livro, mas são 73 livros”. Motivados pela polémica que a recente obra do nobel da Literatura provocou nos meios católicos, o pároco de Priscos diz a quem visita o presépio ao vivo que ‘ninguém pode dizer que conhece a Bíblia lendo apenas um livro’.

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Numa resposta a afirmações produzidas por José Saramago no lançamento de ‘Caim’, a organização do presépio de Priscos faz questão de vincar que ‘a Bíblia não pode ser um pretexto para afirmar preconceitos ideológicos em relação à religião’.

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“Ao visitar o Presépio de Priscos vamos visitar um manual de solidariedade entre pessoas e um catálogo de fraternidade e não um manual de maus costumes e um catálogo de crueldade” - acrescenta.

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O presépio de Priscos pode ser visitado nos dias 1 (15h00 às 19h00), 2 (20h00 às 23h00), 3 (15h00 às 19h00), 9 (20h00 às 23h00) e 10 de Janeiro (15h00 às 19h00). Sem sessões ao vivo, pode ainda ser apreciado de hoje até 30 de Dezembro e de 4 a 8 de Janeiro, entre 14h30 e as 17h30.

 

José Paulo Silva
In Correio do Minho
Fotos: Presépio de Priscos
© SNPC | 29.12.09

Presépio de Priscos

 

 

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