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Santarém

Convento de S. Francisco: reabre uma das jóias do Gótico em Portugal

O Convento de São Francisco em Santarém ficará aberto ao público após as comemorações oficiais do 10 de Junho. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara Municipal de Santarém, Francisco Moita Flores. Classificado Monumento Nacional, mas em ruínas desde o século XIX e encerrado depois do incêndio de 1940, foi o local escolhido para a realização do banquete oferecido ao corpo diplomático que virá a Santarém assistir às comemorações do Dia de Portugal. O monumento teve de ser objecto de uma limpeza, de alguns melhoramentos e do acondicionamento de algumas pedras de elementos arquitectónicos que se encontravam ali depositadas, para poder criar as condições para acolher o jantar oficial oferecido pelo Presidente da República na noite de 9 de Junho.

 

História

Instalados em Santarém em 1240, num local privilegiado da cidade, os Franciscanos deram início à construção do seu convento dois anos depois, segundo uma tipologia austera que caracteriza todo o ciclo construtivo mendicante na Europa do século XIII. A opção pela severidade dos volumes, a preponderância das dominantes horizontais e rectas em detrimento da verticalidade e a ausência de qualquer tipo de decoração, para lá da sugestão natural dos elementos vegetalistas dos capitéis, são características adoptadas pelos mendicantes a partir da influência da arquitectura cisterciense, proposta como modelo a franciscanos e a dominicanos em 1215, no IV Concílio de Latrão.

Convento

Mário Novais. Fotografia obtida em 1954 (aprox.)

A igreja do convento de São Francisco de Santarém é o fiel exemplo desta tipologia, aliando um amplo corpo de três naves de cinco tramos com cobertura de madeira a um longo transepto saliente e a uma cabeceira bastante desenvolvida, de cinco capelas quadrangulares escalonadas.

Através da sistematização das cabeceiras góticas nacionais é possível verificar o grau de excepção que o programa construtivo de São Francisco representa no contexto da arquitectura gótica portuguesa. Pradalié tinha já notado as exageradas dimensões do templo - facto que atribuiu ao envolvimento pessoal do rei na construção dos conventos mendicantes escalabitanos - mas a circunstância de uma cabeceira com cinco capelas repete-se apenas em três igrejas do século XIII português, e todas mendicantes: Santa Clara de Santarém e possivelmente São Domingos de Santarém e São Francisco de Lisboa.

Convento

Foto: Fotodependente


Um projecto assim ambicioso levou certamente algumas décadas a concluir-se, a que se juntaram as obras no próprio convento. Ainda que se desconheça uma data exacta, a conclusão da igreja deve situar-se já pela segunda metade do século, o mais tardar em 1282.

Ao longo dos primeiros séculos da sua história o convento acolheu numerosos enterramentos, seguindo o percurso da sociedade da Baixa Idade Média em relação à morte e ao papel dos mendicantes neste novo quadro mental. O caso mais excepcional foi o do próprio rei D. Fernando, que na segunda metade do século XIV patrocinou a construção de um coro-alto, nos três tramos médios da nave central, para nele ser sepultado.

Convento

Mário Novais. Fotografia obtida em 1954 (aprox.)


Esta nova construção, considerada já como "a mais bela manifestação de arte gótica do país, antes da construção do Mosteiro da Batalha" (Chicó, 1954), não tem qualquer paralelo no contexto da arquitectura nacional - nem mesmo com o coro da igreja de Santa Clara-a-Velha de Coimbra, - e as analogias mais evidentes parecem situar-se em solo hoje espanhol, designadamente em obras da antiga coroa de Aragão.

Convento

IGESPAR

Idealizado como panteão régio, a escolha do rei por São Francisco significa também uma recusa óbvia do panteão alcobacense de seu pai, D. Pedro. Em 1376 ordenou a transferência das ossadas de sua mãe, D. Constança, para o coro-alto, espaço onde o seu escudo figura ao lado do dos Meneses, casa a que pertencia D. Leonor Teles.

Igreja

Mário Novais. Fotografia obtida em 1954 (aprox.)

Ao longo dos séculos o convento foi sucessivamente engrandecido por campanhas artísticas, como no claustro - ao que tudo indica construído em duas ou três fases - e em diversas capelas do interior da igreja, de que restam elementos decorativos de grande qualidade, como o arco renascentista da Capela de Santa Ana ou o traçado maneirista da Capela das Almas, panteão dos Meneses e obra do arquitecto Pedro Nunes Tinoco.

 

Notícia: O Ribatejo
Pesquisa histórica: IGESPAR
05.12.10

Convento de São Francisco

 

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