Exposição
Rouault: A noite da Redenção
A Galeria de Arte Moderna “Raccolta Lercaro”, em Bolonha, Itália, apresenta até 27 de Junho a exposição “Georges Rouault. A noite da Redenção”.
No século passado, a expressão artística teve dificuldade em dar voz à fé cristã. Para Georges Rouault (1871-1958), um dos protagonistas da pintura europeia de Novecentos, a dimensão da fé é a fonte inspiradora de toda a sua actividade. A arte é uma vocação, testemunho de vida, exploração do mistério. Neste sentido, esta exposição revela o percurso de fé do artista.
As pinturas de Rouault retratam palhaços, prostitutas, vagabundos, personagens grotescos, pobres e humildes, que se contrapõem a presumidos, poderosos e ricos. Em ciclos como Réincarnations du Père Ubu ou Groteques, o pintor francês concentra-se na miséria e na obscuridade do pecado, no qual imerge a tumultuosa vida do homem. Noutras obras, como Passion, os personagens são colocados num horizonte de paz e de quietude. A identificação do Filho de Deus com esta humanidade é total.
Aos carregados traços dramáticos, sucede uma quietude que expressa a plenitude de vida e a esperança da redenção. A luminosidade das figuras é “nocturna”, como refere D. Gianfranco Ravasi. “É a luz que se aninha no ventre da treva. Nele, o negro torna-se não numa ausência mas na nova síntese das cores”, escreve o presidente do Conselho Pontifício da Cultura.
Jesus Cristo é uma presença inspiradora e constante em toda a obra do artista. Ele é o Christus patiens, retratado na majestade da sua dor, destroçado e sublime, ferido e resplandecente de luz.
Em Miserere, o ciclo mais importante do artista e amplamente documentado na mostra, Rouault concentra-se em rostos taciturnos, vagabundos, encerrados no seu próprio sofrimento, preenchidos com um negro betuminoso, como que querendo conservar a obscuridade da terra de que provêm. São a representação da insuficiência da condição humana, o caixote de lixo do mundo. A própria imagem de Cristo na Cruz.
Todavia guardam uma esperança. Estão feridos mas não desesperados. Sem esperança, conservam a esperança.
A mostra documenta os maiores ciclos do autor, de Miserere às duas séries de Cirque, da Réincarnations du Père Ubu a Les Fleurs du mal, terminando em Passion. Além deste substancial núcleo e imagens, estão patentes desenhos – alguns dos quais inéditos – cartas, entre outro espólio do artista.
O catálogo inclui uma colaboração de D. Gianfranco Ravasi, que a 23 de Janeiro inaugurou a exposição.
Texto: Comunicado de imprensa da Galeria Raccolta Lercaro; com L'Osservatore Romano
Trad.: rm
© SNPC (trad.) |
22.01.10
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